quarta-feira, 19 de maio de 2021

Em defesa de Israel

 



De um lado há um governo que protege os seus cidadãos como fazem as democracias. Do outro, um movimento que usa a população para fins políticos, como os regimes totalitários, transformando-a em mártir. João Marques de Almeida para o Observador:


Já voltaram os ataques habituais contra Israel e a defesa do Hamas. Mas foi o Hamas que começou por atacar Israel com mísseis. Como faria qualquer governo para defender os seus cidadãos, Israel respondeu com força e poder militar. Como qualquer outro país numa situação de guerra, os israelitas cometem erros e abusos. Mas há uma grande diferença entre os dois lados: os respectivos valores políticos. Israel é uma democracia, o Hamas é um movimento terrorista e totalitário.

Para quem considera que os valores políticos são fundamentais, e os defensores das democracias, seguramente que concordam com este ponto, essa diferença é crucial para avaliar o conflito. Há uma ligação profunda entre os valores políticos e o modo como se usa a força militar e se protege os cidadãos. Israel investe bastante na defesa dos seus cidadãos, uma prioridade absoluta. Por isso, construiu um sistema de defesa anti-mísseis altamente eficaz. Além disso, existem bunkers de proteção em quase todas as casas e prédios, de habitação e de trabalho.

O que faz o Hamas para proteger os seus cidadãos dos ataques de Israel? Pouco ou nada. Estiveram anos a investir, com a ajuda do Irão, nos seus mísseis, mas nada fizeram para desenvolver um sistema de defesa. Pelo contrário, em vez de proteger os cidadãos da Faixa de Gaza, colocam-nos junto a armas e a edifícios militares, expondo-os assim aos ataques de Israel. De um lado, há um governo que protege os seus cidadãos como fazem as democracias. Do outro, um movimento que usa a sua população para fins políticos, como outros regimes totalitários o fizeram, transformando-os em mártires.

Os valores políticos também estão ligados ao modo como se usa a força militar. As forças israelitas avisam quando atacam alvos onde possam estar civis, o que acontece frequentemente devido à política do Hamas de misturar civis com armas. O Hamas ataca sobretudo alvos civis nas cidades israelitas. Se não fosse o sistema de defesa israelita, morreriam centenas de cidadãos de Israel. Mais uma vez, a diferença é clara: Israel procura limitar o máximo as mortes de civis; o Hamas procura matar o maior número de civis. A manipulação das imagens das televisões dá uma imagem falsa sobre o modo como os dois lados usam a força militar.

O apoio das esquerdas radicais e comunistas europeias ao Hamas expõe o modo como verdadeiramente pensam. Como sempre, entre um país democrático e um regime totalitário, escolhem os seus pares. Nos países europeus, muitos não entendem as extremas esquerdas, argumentando que em Israel existem direitos políticos e sociais, respeita-se a igualdade entre homens e mulheres, a liberdade de imprensa, enquanto na Faixa de Gaza nada disso é respeitado. É, no entanto, fácil de entender. Para as extremas esquerdas europeias, os valores são instrumentais. Quando assistem ao que se passa no Médio Oriente, olham para um movimento revolucionário a combater um país liberal, democrático e capitalista. Para combater as democracias liberais e o capitalismo, qualquer aliado serve.

Foi assim com Lenine, com Trotsky e com Estaline. E será sempre assim. Cada vez que virem o Bloco e o PCP defenderem as autoridades da Faixa de Gaza, e atacar o governo de Israel, fiquem a saber que os seus aliados são um movimento terrorista, o Hamas, um regime totalitário como o Irão, e o regime autoritário de Erdogan que transformou a Turquia no país europeu com mais jornalistas presos sem qualquer condenação.

PS: Há umas mentes iluminadas que defendem a paz no Médio Oriente, mas atacam os Acordos de paz entre Israel os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, Marrocos e o Sudão. Fazem lembrar o que Stuart Mill disse do seu Pai James Mill, “adorava a humanidade em geral, mas detestava cada pessoa em particular.” Estes iluminados também defendem a “paz” em geral, mas atacam os tratados de paz, sobretudo se forem assinados por Israel.

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