sábado, 1 de maio de 2021

Crise alimentar ameaça China e Índia, que precisam estreitar as relações comerciais com o Brasil

 




Multidão no parque de Yuyuantan, Pequim, China

Alimentar chineses é indianos é um desafio a ser enfrentado

José Ernesto Conti
Site ESBrasil

Quando morei na China, no final da década de 1980 e início dos anos 1990, pude ver com meus olhos o início do crescimento daquele país. A cultura chinesa regada pela docilidade de um povo que há mais de 4 mil anos vive sob domínio dos imperadores, a maioria déspota, permitiu que a troca pelo regime comunista não fizesse qualquer diferença para eles, exceto em Hong Kong e Macau, onde os ventos de liberdade sopraram com maior velocidade.

Mas o mundo desenvolvido (Europa e Estados Unidos) percebeu que poderia usar a China a seu favor. Enquanto um engenheiro europeu ganhava 5 mil dólares por mês para trabalhar 36 horas por semana, um chinês trabalharia com muita vontade até 80 horas por semana,  em troca de apenas 50 dólares mensais (como não é um país cristão, lá não existe domingo). Era um sonho para as empresas mundiais.

TRILHÕES DE DÓLARES – Estados Unidos e Europa investiram trilhões de dólares na China por mais de 20 anos seguidos, fazendo com que a economia chinesa crescesse a gigantescas taxas de 12% a 15% ao ano por décadas. Chegamos à década de 2010 com a China ultrapassando as potências europeias e asiáticas e se tornando a segunda potência mundial.

Isso acendeu uma luz nas nações mais desenvolvidas, que decidiram reduzir os investimentos na China e os transferiram para a Índia. Entretanto, o ritmo alucinante do crescimento chinês ainda levou alguns anos para sentir o redirecionamento dos investimentos, reduzido “suavemente” dos 15% para algo em torno de 6%. A Índia agora é a bola da vez, com a economia crescendo a estonteantes 10% ao ano.

Mas as nações desenvolvidas não consideraram dois pontos básicos: ambos os países (China e Índia) possuem uma população acima de 1,3 bilhão; e também precisam de muita comida para alimentar sua população.

ASCENSÃO SOCIAL – Uma pequena ascensão social de 10% da população, por conta do aumento de oportunidades de trabalho e renda, representa toda a população de vários países europeus.

Isso tem levado os chineses e indianos a “invadirem” os países mais pobres, sejam da Ásia ou da África para, à semelhança do que a Europa fez nos séculos passados, explorar todas as riquezas desses países pobres. Se apenas 1% dos 10% mais ricos desses países resolvessem investir seus lucros na Europa ou EUA poderiam criar (e têm criado) problemas no sistema bancário mundial.

A China hoje já possui mais de 4 trilhões de dólares em títulos do tesouro americano e investimentos diversos em países pobres (Brasil, inclusive) acima de 1,5 trilhão de dólares.

ALTA CORRUPÇÃO – Os indianos e chineses (mais estes), que prezaram pouco pela ética ou valores morais judaico-cristãos (são países onde o cristianismo é minoria), encontraram nos países pobres um “ambiente” amigável para praticar seu esporte favorito: a corrupção.

Os chineses, há mais tempo no mercado e com menos problemas de consciência, conseguiram dominar mais áreas na África. Porém, para prover comida, a joia da coroa era a América do Sul, sendo o Brasil a mais preciosa.

Novamente, por uma mistura de ideologia e corrupção, a China tem levado vantagem sobre a Índia. Vários países latinos já estão beijando os pés chineses, pagando seus empréstimos com comida e matéria-prima subvalorizadas. Mas o sonho de consumo dos chineses sempre foi o Brasil.

EFEITO BOLSONARO – Tudo estava indo bem, mas quando os chineses finalmente resolveram comprar o Brasil, eis que os brasileiros, alheios a tudo o que se passava no mundo, resolveram colocar Bolsonaro na presidência.

O problema é que os governos passados prometeram mundos e fundos para os chineses, que pagaram grandes lotes de propina na esperança de garantir comida e recursos naturais por mais 500 anos. Agora, mesmo comprando muitas terras, cooperativas agrícolas, empresas, portos, ferrovias, etc., suas atividades a cada dia estão mais restritas no Brasil. A xenofobia está à flor da pele.

A realidade é que os chineses estão sofrendo na América do Sul. Investiram muitos bilhões na Venezuela, confiantes no petróleo, mas a produção de 3,5 milhões de barris diários caiu para 400 mil.

MUITOS PROBLEMAS – Na Argentina, com a crise do coronavírus, a queda na produção foi de mais de 40%, ou seja, não tem comida para pagar os empréstimos. Pelo lado americano e europeu, a pressão está cada dia maior e os acordos comerciais que privilegiavam a China nos mercados mundiais estão, um a um, sendo revistos com sérios prejuízos para os chineses. Até Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, continuou a política restritiva americana com a China (e ainda chamam o Trump de nacionalista).

A pergunta de US$ 1 trilhão é: Qual será a consequência disso tudo para a China e a Índia?

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)


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