Por Túlio Ribeiro
Tribuna da Bahia, Salvador
29/05/2021 06:00 | Atualizado há 9 horas e 35 minutos
Nas últimas décadas com ascensão da China como potência econômica e militar, a gigante asiática acelerou a ideia de “uma só China unificada. Neste cenário e com as disputas territoriais no Mar da China e suas riquezas naturais como petróleo , avança as tenções na geopolítica regional.
Na rota desta história presente a possibilidade de uma
guerra em grande escala China-Taiwan atingiu o "ponto mais alto" à
medida que as tensões no Estreito de Taiwan atingiram níveis perigosos.
Frente
esta realidade as especificidades miram para fatores como a força
militar dos dois lados, relações comerciais, opinião pública, eventos
políticos e apoio de aliados, nos levando a uma verdade que se aproxima
de uma eminente situação de conflito real, com uma situação de guerra
possível.
Neste escopo de ideias olha o território “rebelde”
de Taiwan, assim considerado pela China continental, e a maior nação
bélica do mundo (EUA). A potência asiática é líder econômica
(considerada o conceito de diferença do valor de bens e serviços em cada
país, e mensurando pelo real estoque de patrimônio dentro de cada
nação) e na pratica enfrenta a maior nação bélica do planeta.
A
nação estadunidense, não têm laços diplomáticos formais com Taiwan, mas
são seu avalista internacional, o mais destacado e um importante
vendedor de armas para a ilha democrática.
Repercutida em
várias mídias orientais, o instituto “China Cross-Strait Academy”
apresentou um estudo na última semana sobre as relações com base no
estreito que separa China continental a partir de Taiwan. Uma mensuração
diante de uma realidade que já nos chegam aos olhos.
A
pesquisadora é liderada por membros do comitê do partido Comunista
apoiada pela Federação Juvenil de Toda a China. Especificamente, a China
Cross-Strait Academy é sediada em Hong Kong e dirigida por Lei Xiying,
um membro do comitê da Federação da Juventude de Toda a China, apoiada
pelo Partido Comunista.
Em suas considerações ela mensura com
parâmetro um índice do nível de risco de conflito armado através do
estreito, que os pesquisadores estimaram em 7,21 para 2021, em uma
escala de menos 10 a 10.
Dentre desta abordagem estão
premissas da década de 1950 para chegar a índices de risco comparativos.
Reportaram que no início dos anos 1950, quando as forças nacionalistas
anticomunistas deixaram em fuga a parte continental para construir o
governo de Taiwan, o índice era menor do que agora, em 6,7.
Ele
oscilou em patamares mais altos que 6,5 em grande parte da década de
1970, mas caiu para 4,55 em 1978, quando os EUA estabeleceram relações
diplomáticas com Pequim. Durante a administração de Trump, o índice
acabou de ultrapassar a marca de 6.
Neste processo, segundo
explana a análise, o risco de conflito também era baixo na década de
1990, quando o continente embarcou em reformas econômicas que atraíram
investimentos de todo o mundo, incluindo Taiwan.
A
preocupação se tornou mais latente desde 2000, quando o Partido
Progressista Democrático, inclinado à independência, assumiu o poder em
Taiwan, encerrando os 55 anos de governo do Kuomintang, amigo de
Pequim.
A China já tinha tornado público suas críticas e
preocupações expressou quando o contratorpedeiro da Marinha dos EUA
navegou pelo estreito de Taiwan. Os estadunidenses escalaram seu
destruidor de mísseis guiados classe Arleigh Burke, Curtis Wilbur, para
“patrulhar a região”.
Esta coletânea de preocupações encorpou
quando as autoridades chinesas criticaram fortemente a medida,
alertando os EUA “para não enviarem sinais errados aos elementos da
'independência de Taiwan' para evitar danos severos aos laços
China-EUA”.
Numa estratégia de manter o confronto político, a
administração do presidente Joe Biden disse que seu compromisso com
Taiwan é “sólido como uma rocha” e não deu sinais de recuar.
O
que se tem como verdade, é mesmo que estes capítulos tendem a
sequenciar, pelo poder da potência asiática, seu conceito de uma nação
unificada e a impotência de nações menores da região, algumas
dependentes economicamente de uma parceria promissora com a “Grande
China” .Vislumbra-se algum tipo de anexação mesmo que negociada e com
alguma troca de interesses em outro lugar do mundo com os rivais
estadunidenses.
Na quinta-feira passada, dois
caças-bombardeiros JH-7 entraram na zona de identificação de defesa
aérea do sudoeste de Taiwan junto com outras duas aeronaves chinesas,
denunciaram as autoridades locais. Esse exercício ocorreu dois dias
depois que o USS Curtis Wilbur passou pelo estreito de Taiwan.
Além
disso, esta terça-feira, a Marinha da China anunciou que entre os dias
17 e 20 de maio foi realizado no Mar Amarelo pelo Comando do Teatro do
Norte um exercício ininterrupto de 74 horas, no qual participaram navios
e forças marítimas locais de busca e resgate.
A inércia, não
tão calma assim, nos coloca no horizonte que a tendência atual é da
junção com algum grau de pressão por uso da força. Uma contagem que
apenas usa a seara do tempo como unidade.
Uma China
finalmente unida, aliada da “antiga irmã” Rússia e se beneficiaria, em
momentos cruciais das crises conjunturais entre a Europa e Estados
Unidos, nos permite vislumbrar um multilarismo começando ficar no
passado e a volta de dois grandes blocos, desta vez com aliados mais
amplos que na época da guerra fria.
Esta dinâmica pode
significar uma fortificação econômica da Rússia pela ajuda chinesa e um
outro patamar militar bélico aos chineses com a tecnologia e aparato da
nação de Vladimir Putin. Aos Estados Unidos, que ainda é a grande
potência se considerarmos os conjuntos de premissas como o poder do
dólar, seguiria tentando manter uma Europa aliada, cada vez mais
desigual pelo leste europeu e imigração, mas que costuma ser fiel em
momentos de turbulências aos interesses estadunidenses que na maioria
são os seus.
A BAHIA NESTE POSSÌVEL CONTEXTO CHINÊS
As
cadeias de valor globais estão cada vez mais em consonância, interagem e
geram demandas mesmo distantes, desde que demonstrem necessárias,
garantindo eficiência de preço e logística. É este paradigma mundial que
também envolve a Bahia diante gigante chinês e bem como o reflexo na
ilha. As tensões no estreito de Taiwan atingiram o ponto em que um risco
de conflito é o mais alto já registrado e os desdobramentos não
passaria imperceptível sobre a Bahia.
O estado baiano possui
dentre da sua plataforma exportadora produtos como a soja, óleo
combustível (fuel oil), celulose em pasta, algodão, bagaços de soja,
celulose para dissolução, equipamentos de energia eólica, automóveis e
manteiga de cacau. Neste espectro muitos dos insumos de uma produção de
bens finais. Este conjunto representou em 2020 cerca de 66,8% do total
exportado pela Bahia em 2020.
Mesmo que esteja sendo
remodeladas por outras demandas e novas capacidades da indústria no
mundo em desenvolvimento, bem como por uma onda de novas tecnologias, é
este parâmetro que se apresenta.
Por conseguinte diante deste
leque de exportações qualquer oscilação por um confronto no mar da
china alteraria as exportações baianas. Os asiáticos são grandes
compradores de soja, combustível e celulose. Pelo constante investimento
em estrutura pala China, o minério de ferro seria diretamente
influenciado. Por outro lado, Taiwan grande é exportadora de Cobre com
4,1 bilhões (1,2% de sua exportação), uma commodity concorrente ao
estado nordestino, o que poderia ser uma oportunidade na demanda e
preço.
Terceira maior produtora de cobre do país e caminhando
para o crescimento na produção de minério de ferro, a economia baiana
estaria inserida nestas oscilações. O minério de ferro, onde o estado
possui atualmente 42 projetos relacionados, é a matéria-prima do aço e o
cobre é utilizado em circuitos elétricos, fios, cabos, participam
fortemente da cadeia produtiva de manufaturados chineses.
É
de difícil conclusão o desfecho desta unificação chinesa, mas a Bahia
não poderia fugir desta realidade, a mensuração importante é como ganhar
os mercados que o enfrentamento pode gerar com gargalos na oferta, e
fugir da queda demanda se a crise se tornar mundial. Mas mesmo neste
cenário, as incertezas dos mercados levam a investimento em ouro que
representa 30% da produção baiana de minerais. Uma crise mostra ameaças,
mas traz consigo oportunidades.
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