Pesquisa é da Fiocruz e foi divulgada nesta quarta-feira
Foto: Daniel Mello / Agência Brasil
No Brasil, durante a pandemia de covid-19, houve diminuição de renda em quase metade dos domicílios dos idosos, principalmente entre os mais pobres, e o aumento de sentimentos relacionados à solidão e tristeza, sobretudo entre as mulheres. É o que mostra estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta quarta-feira (31).
Para
investigar as condições de vida de idosos durante a pandemia, foram
usados dados da Pesquisa de Comportamentos (ConVid), inquérito de saúde
realizado pela Fiocruz em parceria com a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A coleta
de dados foi feita por meio de um questionário eletrônico, preenchido
por 9.173 pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, entre abril e
maio de 2020.
A pesquisa mostrou que 50,5% dos idosos
trabalhavam antes da pandemia, dos quais 42,1% sem vínculo empregatício.
Durante o período analisado, foi registrada queda na renda em 47,1% dos
domicílios, sendo que 23,6% relataram forte redução e até mesmo
ausência de renda.
Entre aqueles que trabalhavam sem carteira
assinada, a queda na renda ocorreu em 79,8% dos lares e a ausência de
renda em 55,3%. A diminuição também afetou de forma mais intensa os que
tinham renda per capita domiciliar menor que um salário mínimo. Apenas
12% citaram alguém do domicílio que recebeu algum benefício do governo
relacionado à pandemia.
Segundo a principal autora do estudo,
Dalia Elena Romero, a crise econômica, o desemprego e a perda de renda
já vinham ocorrendo antes do início da pandemia no ano passado. “A
pandemia veio somar os problemas para a saúde e o bem-estar da população
idosa”.
A pesquisadora destaca que a perda de renda do idoso
afeta muito toda a família. Ela defende a ampliação do Benefício de
Prestação Continuada (BPC), do auxílio emergencial e de programas de
renda mínima, além de políticas que aumentem a escolaridade e a inclusão
digital, para proteger a população idosa e seus dependentes da
vulnerabilidade social.
Isolamento social
A pesquisa mostrou ainda que o isolamento social total ou de modo intenso foi adotado por 87,8% dos idosos, enquanto 12,2% não aderiram ou aderiram pouco ao distanciamento, percentual que atingiu 66,6% entre os que continuaram trabalhando normalmente durante a pandemia.
Em
relação às condições de saúde física, mais de 58% dos idosos indicaram
ter pelo menos uma doença crônica não transmissível, como diabetes,
hipertensão, doença respiratória, do coração e câncer. Se considerado o
tabagismo, esse índice sobe para 64,1%.
Para a pesquisadora, a
deterioração que o Sistema Único de Saúde (SUS) sofreu nos últimos
anos, especialmente na atenção básica de saúde da família, causou
impacto significativo na população idosa. Segundo Dalia, o
fortalecimento da atenção básica pouparia muitos recursos em internações
hospitalares.
O estudo revelou que a sensação de tristeza ou depressão recorrente foi maior em domicílios com menor renda (32,3%) e na população feminina (35,1%), em comparação com a masculina. O sentimento frequente de solidão pelo distanciamento dos amigos e familiares foi citado por metade dos idosos, sendo maior entre as mulheres (57,8%).
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário