sexta-feira, 30 de abril de 2021

Estudo mapeia genes do sistema imune envolvidos na resistência ao coronavírus

 


O trabalho se baseou na análise do material genético de 86 casais em que apenas um dos cônjuges foi infectado

Redação
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Foto: Andréa Rocha e Danilo Ferrucci/Agência Fapesp
Foto: Andréa Rocha e Danilo Ferrucci/Agência Fapesp

 

Em estudo divulgado na plataforma medRxiv, pesquisadores brasileiros deram os primeiros passos no sentido de entender por que algumas pessoas são naturalmente resistentes à infecção pelo novo coronavírus.

O trabalho se baseou na análise do material genético de 86 casais em que apenas um dos cônjuges foi infectado pelo coronavírus (SARS-CoV-2), embora ambos tenham sido expostos. Os resultados – que ainda estão em processo de revisão por pares – sugerem que determinadas variantes genéticas encontradas com maior frequência nos parceiros resistentes estariam associadas à ativação mais eficiente de células de defesa conhecidas como exterminadoras naturais ou NK (do inglês natural killers).

Esse tipo de leucócito faz parte da resposta imune inata, a primeira barreira imunológica contra vírus e outros patógenos. Quando as NKs são acionadas corretamente, conseguem reconhecer e destruir células infectadas, impedindo que a doença se instale no organismo.

“Nossa hipótese é que as variantes genômicas mais frequentes nos parceiros suscetíveis levariam à produção de moléculas que inibem a ativação das células NK. Mas isso é algo que ainda precisa ser validado por meio de estudos funcionais”, explica Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Fapesp.

Após anunciar na imprensa que buscavam voluntários para o projeto, em meados de 2020, os cientistas do IB-USP foram contatados por aproximadamente mil casais com histórias parecidas e intrigantes. Um homem com mais de 70 anos, por exemplo, precisou ser hospitalizado para tratar complicações da Covid-19 enquanto sua esposa, na mesma faixa etária, e sua sogra, que tem 98 anos e mora na mesma casa, não apresentaram qualquer sinal de infecção. Outro caso curioso é o de um homem de cem anos que testou negativo para o vírus apesar de ter mantido o contato rotineiro com sua esposa, de 90 anos, que foi contaminada.

“Inicialmente achávamos que casos como esses eram raros e nos surpreendemos com a variedade de relatos. Selecionamos cem casais com características comparáveis – entre elas idade e ancestralidade genética – e coletamos amostras de sangue para uma análise mais detalhada”, conta Zatz à Agência Fapesp.

A identificação dos casais e a coleta de material dos voluntários foram conduzidas pelo bolsista de pós-doutorado da Fapesp Mateus Vidigal.

“O primeiro passo foi fazer um teste sorológico para excluir da amostra eventuais casos assintomáticos [pessoas que, na verdade, haviam sido infectadas, mas não apresentaram sintomas]. Após essa triagem, restaram 86 casais de fato sorodiscordantes, ou seja, em que apenas um cônjuge carregava no sangue anticorpos contra o novo coronavírus”, relata Vidigal.

Enquanto no grupo dos suscetíveis havia uma maioria de homens (53 contra 33), as mulheres predominavam entre os resistentes (57 contra 29). Vidigal destaca que a pesquisa foi conduzida antes do surgimento das novas cepas do SARS-CoV-2, consideradas mais transmissíveis. “Não temos certeza de que os achados seriam os mesmos em pessoas expostas à P.1., por exemplo”, pondera.

Herança complexa

De acordo com Zatz, o fato de a resistência ao SARS-CoV-2 ser uma característica relativamente comum na população – diferentemente do HIV, causador da Aids, por exemplo – fala a favor de uma herança genética complexa, na qual muito genes estão envolvidos.

“Isso significa que, para achar algo significativo ao olhar o genoma como um todo, seria preciso ter uma amostra gigantesca, com mais de 20 mil voluntários. Decidimos então focar em dois grandes grupos de genes relacionados com a resposta imune: o complexo principal de histocompatibilidade [MHC, na sigla em inglês] e o complexo de receptores leucocitários [LRC]. São os genes do MHC que definem, no caso de um transplante, por exemplo, se dois indivíduos são compatíveis ou não”, explica a pesquisadora.

Mesmo com esse filtro a tarefa estava longe de ser trivial. Alguns dos genes que integram esses dois complexos chegam a ter mais de 7 mil formas alternativas, também chamadas de polimorfismos.

“Um exemplo de polimorfismo são os diferentes tipos sanguíneos. Existem quatro variantes genéticas dentro do sistema ABO: A, B, AB e O. No caso dos complexos MHC e LRC, alguns genes têm milhares de variantes”, conta a pesquisadora.

Para ajudar na empreitada, o grupo do IB-USP estabeleceu colaboração com Erick Castelli, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu. Recentemente, com apoio da FAPESP, o pesquisador desenvolveu métodos computacionais que facilitam o estudo dos complexos MHC e LRC.

“Imagine que você está tentando montar um quebra-cabeça [o genoma] com base em uma única referência, mas há várias peças muito parecidas e há milhares de possibilidades para uma mesma peça, com alterações muito sutis entre elas, tornando impossível saber onde cada uma se encaixa. O algoritmo se baseia em milhares de sequências já descritas para esses genes para decidir o local de cada peça, fazendo a montagem do genoma de forma muito mais detalhada. O método também permite inferir qual é a sequência de cada cromossomo e qual proteína seria produzida a partir de cada gene”, conta Castelli à Agência FAPESP.

A análise do complexo MHC indicou que variantes de dois genes – conhecidos como MICA e MICB – parecem influenciar a resistência ao SARS-CoV-2. Segundo Castelli, a expressão desses genes normalmente aumenta quando as células estão sob algum tipo de estresse e isso leva à produção de moléculas que se ligam a receptores das NK, sinalizando que tem algo errado com aquela célula.

“No caso do MICA, o polimorfismo mais frequente nos indivíduos infectados aparentemente faz com que a proteína codificada por esse gene seja produzida em maior quantidade, possivelmente na forma solúvel, o que inibe a ativação das células NK. No caso do MICB, entre os suscetíveis, foi 2,5 vezes mais frequente uma variante associada à menor expressão do RNA mensageiro que codifica a proteína ativadora de NK. Os dois caminhos, portanto, levariam à menor ativação dessa barreira imunológica”, explica Castelli.

Segundo o pesquisador, no complexo LRC, foram identificadas variantes de interesse nos genes LILRB1 e LILRB2.

“Nos indivíduos infectados, foi cinco vezes mais frequente uma variante do LILRB1 que, pela nossa análise, levaria à maior expressão de receptores que inibem a ação das células NK”, conta Castelli.

As hipóteses referentes ao papel de cada polimorfismo na resistência ou suscetibilidade ao SARS-CoV-2 foram elaboradas em parceria com um grupo de pesquisadores do Instituto do Coração (InCor) liderados por Edécio Cunha Neto.

“De modo geral, os indivíduos suscetíveis teriam variantes genéticas que resultariam em uma resposta de células NK mais fraca, enquanto nos resistentes essa resposta seria mais robusta. Há diversos testes que podem ser feitos para comprovar essa hipótese. Um deles é incubar o SARS-CoV-2 com células do sangue periférico de indivíduos suscetíveis e resistentes e observar como varia em cada caso a ativação das células NK”, sugere Cunha Neto.

Ainda que os achados se confirmem, pondera o pesquisador do InCor, certamente há outros mecanismos da resposta imune inata atuando em paralelo para determinar a resistência ao vírus. “Um deles certamente é a capacidade das células de defesa de produzir rapidamente interferons [uma classe de proteínas fundamental para a resposta antiviral]”, avalia. Por Karina Toledo, da Agência Fapesp.

Número de cervejarias registradas no pais aumentou 14,4% em 2020

 


Anuário da Cerveja contabiliza 1.383 cervejarias em todo o país

Redação
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Por Pedro Peduzzi 

O número de cervejarias está aumentando no Brasil. De acordo com o Anuário da Cerveja 2020 divulgado hoje (30) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), existem 1.383 cervejarias registradas no Brasil. O número é 14,4% maior do que o registrado no ano anterior.

Segundo o levantamento, só no ano passado foram registradas 204 novas cervejarias no país, enquanto 30 foram canceladas – o que dá um saldo positivo de 174 novas cervejarias no ano. Além disso, pela primeira vez, todos as unidades federativas têm, em seu território, pelo menos uma cervejaria, após ser aberta a primeira fábrica desse tipo de produto no Acre.

As regiões Sul e Sudeste continuam sendo as que concentram o maior número de cervejarias, com 85,6% do total de empreendimentos desse tipo registrados no Ministério da Agricultura.

O Anuário da Cerveja 2020 aponta que o Piauí foi o estado que obteve maior crescimento de cervejarias (200%), seguido da Paraíba, que apresentou uma alta de 60%. No caso dos municípios, o maior crescimento foi o registrado em Ribeirão Preto (aumento de 50%) e São Paulo (44%).

O número de municípios com cervejarias aumentou em 5%, chegando a 609 em 2020, informa o anuário que apresenta, também, um levantamento que calcula a densidade por habitantes.

“Nesse quesito, o estado de Santa Catarina aparece em primeiro lugar, com 41.443 habitantes por cervejaria registrada. Em nível municipal, nove dos 10 municípios com maior densidade por habitante estão no Rio Grande do Sul, com destaque para Santo Antônio do Palma (RS), com 1.062 habitantes por cervejaria registrada no Mapa”, informou, em nota, o ministério.

A ampliação do número de pequenos municípios que têm empresas ou locais onde vendem cervejas é explicada pelo atendimento a demandas locais e pela ocupação já saturada de espaços nos grandes centros urbanos. “Por isso, os novos estabelecimentos passam a se instalar em cidades menores, em regiões menos atendidas”, explica o coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do Mapa, Carlos Vitor Müller.

O Mapa concedeu 8.459 novos registros de produtos para cerveja em 2020. O número, no entanto, representa uma queda de 15% na comparação com 2019. Segundo a pasta, é a primeira vez que isso ocorre.

“Sabemos que muitos desses lançamentos de novos produtos foram impactados pela pandemia, pelas restrições de consumo e restrições econômicas de forma geral. Com um menor número de lançamentos, se faz um menor número de registros de produtos também”, justifica Müller.

Só em São Paulo, foram registrados 2.347 novos produtos voltados à cerveja em 2020. Em Santa Catarina foram 1.413 e em Minas Gerais, 1.233 produtos foram registrados.

O registro dos estabelecimentos é feito pelo Mapa que autoriza o funcionamento de cervejarias. Essa autorização considera elementos como capacidade técnica e condições higiênico sanitárias do empreendimento.

“A solicitação de registro de estabelecimento deve ser feita pela internet por meio do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários, e toda a gestão da relação da cervejaria com o Mapa é realizada exclusivamente neste sistema”, informa a pasta.

Ministro da Saúde faz apelo a países com doses extras de vacinas contra coronavírus

 


Marcelo Queiroga diz que medida ajudará a conter fase crítica da pandemia e evitar proliferação de novas variantes

Redação
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pediu nesta sexta-feira (30) que países que possuam doses em excedente de vacinas contra o novo coronavírus as compartilhem com o Brasil. O apelo ocorreu durante  videoconferência com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.

“Reiteramos nosso apelo àqueles que possuem doses extras de vacinas para que possam compartilhá-las com o Brasil o quanto antes possível, de modo a nos permitir lograr avançar em nossa ampla campanha de vacinação de modo a conter a fase crítica da pandemia e evitar a proliferação de novas linhagens e variantes do vírus”, disse Queiroga, segundo informações da CNN Brasil.

O ministro afirmou que, desde que assumiu a pasta, trabalha em duas frentes: a aceleração do programa de vacinação e a orientação da população “de maneira clara e objetiva sobre medidas não farmacológicas cientificamente comprovadas”, como o uso de máscara, a higienização das mãos e o respeito ao distanciamento social.

“Desse modo, busquei conciliar as medidas sanitárias com a necessidade de buscar emprego e renda da população brasileira. Para essas ações, tive como pilar o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo”, disse Queiroga, de acordo com o canal pago.

Prefeitura anuncia cancelamento do São João por causa da Covid-19

 


De acordo com prefeita, também há a possibilidade de cancelar os festejos do aniversário da cidade

Redação
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Foto: Rosilda Cruz/Bahiatursa
Foto: Rosilda Cruz/Bahiatursa

 

A prefeitura de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, decidiu cancelar as festas de São João deste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus. O anúncio foi feito pela prefeita Sheila Lemos, que afirmou que não há possibilidade em pensar em festejos juninos antes que a população tenha sido toda vacinada.

Além do São João, a gestora afirmou que não foi descartada a possibilidade de cancelamento também dos festejos do aniversário da cidade, que ocorre em novembro. Contudo, ainda há esperanças para a realização das comemorações de Natal.

Atualmente, Vitória da Conquista está com 74% dos leitos para pacientes com Covid-19 ocupados. Segundo a prefeita, a compra de vacinas é negociada por meio do consórcio dos prefeitos da Bahia.

Relator vota por impeachment e inelegibilidade de Witzel

 


Governador afastado tentou suspender o julgamento, mas pedido foi negado pelo Supremo Tribunal Federal

Redação
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Foto: Tania Rego/ Agência Brasil
Foto: Tania Rego/ Agência Brasil

 

Relator do processo de impeachment de Wilson Witzel, o deputado Waldeck Carneiro (PT). votou na tarde desta sexta-feira (30) pela condenação do governador afastado por crime de responsabilidade. O parlamentar determinou em seu parecer a perda do cargo e inelegibilidade por 5 anos. Mais nove votos serão lidos, sendo quatro parlamentares e cinco magistrados do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A sessão final do Tribunal Especial Misto começou às 9h33 desta sexta-feira (30). Witzel é investigado por crime de responsabilidade e corrupção na condução da pandemia de Covid-19. Depois do voto do relator, o tribunal teve uma pausa para almoço. Wilson Witzel tentou suspender o julgamento, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, negou esse pedido.

Durante a leitura de seu voto, Waldeck Carneiro argumentou que foi devidamente assegurado ao réu o direito de ser ouvido, com todas as devidas garantias, em prazo razoável, tanto na Assembleia Legislativa (Alerj) quanto no Tribunal.

Relembrou as duas acusações que motivaram o pedido de impeachment: a requalificação da Organização Social Unir Saúde, permitindo que ela voltasse a contratar com o estado, e a contratação do Iabas, para construir e administrar os hospitais de campanha no RJ. Destacou que o réu anunciou a abertura de oito unidades, mas apenas duas foram inauguradas pelo governo estadual.

O relator leu trechos de depoimento do próprio Witzel e do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos. Carneiro disse ainda que o governador afastado ignorou os vários relatórios que apontavam a sua incapacidade de prestar serviços médicos e pediu a sua reabilitação. Fonte: G1.

Presença das Forças Armadas na Amazônia poderá ser estendida, diz Mourão

 


Decisão pode ser tomada ainda nesta sexta-feira (30)

Redação
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Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

 

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) revelou que as Forças Armadas podem continuar a Operação Verde Brasil 2 na região amazônica. O prazo da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) acaba nesta sexta-feira (30), mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda pode decidir pela prorrogação.

“O ministro da Defesa não me deu retorno [sobre a prorrogação]. O presidente poderá decidir isso a qualquer momento. Vamos dizer o seguinte, todo comandante tem que ter uma reserva, a reserva do presidente qual é? São as Forças Armadas. Se sentir que não estamos conseguindo cumprir a tarefa com que nós temos, a gente entrega às Forças”, declarou Mourão nesta sexta.

CPI da Covid pode convocar ministros, prefeitos e governadores na próxima semana

 


Dos 209 requerimentos que ainda aguardam deliberação dos senadores membros da CPI, 134 são pedidos de convocação

Redação
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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

 

Agência Senado

A CPI da Pandemia pode votar a partir da próxima semana a convocação de cinco ministros de Estado, quatro governadores, quatro prefeitos, 13 secretários estaduais e municipais de saúde e um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF). Dos 209 requerimentos que ainda aguardam deliberação do colegiado, 134 são pedidos de convocação. Outros 73 são de convite e apenas dois de informações.

Os parlamentares sugerem a convocação dos ministros Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Defesa e ex-Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil e ex-Secretaria de Governo), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). O ministro Wagner Rosário, da Controladoria Geral da União (CGU), é chamado a depor em um pedido de convite. Há ainda requerimentos para a convocação do ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

A CPI da Pandemia pode votar ainda a convocação dos governadores João Doria (São Paulo), Wilson Lima (Amazonas), Rui Costa (Bahia) e Hélder Barbalho (Pará). Wellington Dias (Piauí) é convidado como representante do Fórum de Governadores.

O prefeito de Manaus (AM), David Almeida, é alvo de três requerimentos. Além dele, há pedidos para a convocação dos gestores de Chapecó (SC), João Rodrigues; Ilha Bela (RJ), Toninho Colucci; e São Lourenço (MG), Walter Lessa. Outro requerimento pede a convocação do ex-prefeito de Fortaleza (CE), Roberto Cláudio.

A CPI da Pandemia pode votar ainda a convocação dos secretários estaduais de Saúde de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte. Além deles, podem ser convocadas a depor as gestoras municipais de Saúde de Manaus e de Porto Seguro (BA). Há ainda requerimentos para a convocação de ex-secretários do Amazonas, do Distrito Federal e de Fortaleza.

“Gabinete do ódio”
De todos os requerimentos que aguardam apreciação, apenas quatro têm data confirmada de votação. Eles se referem à convocação de Fabio Wajngarten, ex-secretário especial de Comunicação Social da Presidência da República. Em entrevista à revista Veja, Wajngarten afirmou que houve “incompetência” e “ineficiência” de gestores do Ministério da Saúde para negociar a compra de vacinas. Os quatro pedidos devem ser votados na próxima terça-feira (4).

Os senadores podem apreciar ainda a convocação do chamado “gabinete do ódio”: um grupo de servidores que atua nas redes sociais da Presidência da República e é suspeito de promover uma campanha de desinformação durante a pandemia. Podem ser chamados a depor os assessores Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Gomes e Mateus Matos Diniz, além do secretário de Comunicação da Presidência, Flávio Rocha.

Os parlamentares apresentaram ainda requerimentos para a convocação do ex-comandante do Exército, general Edson Pujol. Durante a gestão dele, o Laboratório do Exército intensificou a produção de cloroquina, um medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19.

Quem também aparece entre os requerimentos de convocação é o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em março do ano passado, ele decidiu que governadores e prefeitos podem adotar medidas para o enfrentamento do coronavírus — assim como o presidente da República.

Os senadores sugerem ainda a convocação do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino. Também podem ser chamados a depor o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier, e o ex-secretário do Tesouro Nacional e atual secretário especial de Fazenda, Bruno Funchal.

Convites e informações
Dos 73 requerimentos de convite, 16 se referem à realização de audiências públicas. Eles sugerem a participação de representantes de universidades, entidades médicas, organismos multilaterais de saúde, governos estaduais, prefeituras, hospitais públicos e privados, santas casas, especialistas em relações internacionais, órgãos de controle e institutos de pesquisa. Um requerimento também sugere a presença de infectologistas para “prestar informações sobre as evidências cientificas que comprovam a eficácia do tratamento precoce contra a covid-19”.

Os senadores apresentam ainda requerimentos para ouvir representantes de laboratórios que desenvolvem ou já produzem vacinas contra o coronavírus. São eles: Instituto Butantan, Sinovac, Fundação Oswaldo Cruz, AstraZeneca, União Química, Instituto Gamaleya, Instituto do Soro da Índia e Janssen.

Os dois requerimentos de informação pendentes de votação solicitam dados à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e ao Ministério da Saúde. O primeiro se refere a propagandas, campanhas ou inserções midiáticas realizadas pelo governo federal em temas relacionados à pandemia. O segundo pede informações sobre a compra de exames para a detecção da covid-19.

Pesquisa mostra que 673 municípios ficaram sem vacina nesta semana

 


Confederação Nacional dos Municípios ouviram 2.831 prefeituras

Agência Brasil
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Foto: Matheus Lopes/PMMSJ
Foto: Matheus Lopes/PMMSJ

 

Por Jonas Valente

Dos 2.831 municípios ouvidos na sexta edição da pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) sobre a pandemia do novo coronavírus, 673 relataram ter ficado sem vacina contra a covid-19 para a primeira dose destinada aos públicos prioritários nesta semana ou na anterior. O número equivale a 23,8% das cidades que participaram da sondagem. Outros 2.136 (75,5%) disseram não ter vivido este problema no período.

Já no caso da segunda dose, o índice de prefeituras que manifestaram ter ficado sem o imunizante sobe para 30,7%. Outros 68,7% disseram não ter passado por desabastecimento dessa dose.

A falta de vacinas ocorreu pela dificuldade de acesso aos insumos para fabricação e de aquisição de doses adquiridas e prometidas. Depois de dias com essa situação, na quarta-feira (28) o governo anunciou um novo lote de 5,2 milhões. Ontem, mais 1 milhão de doses da vacina da Pfizer chegaram.

Recursos

Ainda de acordo com a nova edição da pesquisa da CNM, mais da metade das prefeituras ouvidas (56,7%) relataram o recebimento de menos recursos no início de 2021 em relação a 2020.

“O número reforça a preocupação dos gestores no enfrentamento de um momento ainda crítico da pandemia”, dizem os autores da pesquisa.

Filas de espera

A pesquisa analisou também se os sistemas de saúde locais estão com filas de espera para leitos em Unidades de Terapia Intensiva. Este problema vem ocorrendo desde o avanço da segunda onda da pandemia no país.

Entre 533 cidades com Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 119 relataram estar com pessoas em fila de espera. Esse número corresponde a 22,3% deste universo analisado.

Insumos e oxigênio

O risco de desabastecimento de medicamentos do chamado kit intubação foi apontado por 641 cidades, o equivalente a 22,6% das consultadas. O nome é dado a remédios usados no uso de suporte ventilatório de pacientes com covid-19, como anestésicos e neurobloquedores.

O receio de faltar oxigênio para o atendimento aos pacientes com covid-19 foi colocado por 223 prefeituras, o correspondente a 7,9% das entrevistadas. Já 2.528 disseram não ter essa preocupação, ou 89,3% das ouvidas.

Banco Central nega falha de segurança no Pix e adverte contra golpes

 


Segundo órgão, fraudes ocorrem por manipulação de contextos sociais

Agência Brasil
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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

 

Eventuais golpes que ocorram por meio do Pix decorrem da manipulação de contextos sociais por fraudadores, não de falhas de segurança no sistema, advertiu hoje (30) o Banco Central (BC), no encerramento da campanha O Pix é novo, mas os golpes são antigos. Segundo a autoridade monetária, cabe ao usuário precaver-se para não ser lesado.

“Em situações de medo ou ganância, pare e pense no contexto e se faz sentido. Então, tome domínio da situação”, disse o chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Carlos Eduardo Brandt, no painel de encerramento da campanha, transmitido ao vivo pela internet.

Segundo os participantes do evento, o Pix representa apenas um meio de pagamento, que não está relacionado diretamente ao descuido de quem cai numa fraude. Os participantes do evento listaram os principais golpes: pedido de dinheiro por aplicativo de mensagem clonado (Whatsapp ou Telegram) de amigos e conhecidos; SMS, e-mail ou ligações que pedem atualização de cadastros com links para páginas falsas e lojas virtuais falsas que jamais enviam os produtos comprados.

Nessas situações, o Pix, informou o Banco Central, é mais seguro que os mecanismos tradicionais de transferência. Isso porque a ferramenta fornece as informações do receptor do pagamento, como nome completo e parte do número do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Cabe ao usuário conferir os dados de quem recebe a transferência.

Dicas
Os participantes do painel deram dicas para evitar cair em golpes. No caso de clonagem de aplicativos de mensagens, deve-se telefonar para a pessoa para confirmar o pedido de dinheiro. No caso de atualizações cadastrais que resultem na clonagem da conta bancária, o cliente jamais deve clicar em links enviados e deve ligar de volta para a instituição financeira para perguntar se os dados bancários estão em dia.

Em relação a lojas virtuais falsas, o usuário deve primeiramente verificar se o endereço da página, que se parece com o da loja original, tem alguma letra trocada e desconfiar de produtos e de serviços em condições supervantajosas. Por fim, o consumidor pode tentar navegar no site para ver se a página é verdadeira.

Municípios não têm como bancar a conta do piso salarial da enfermagem, alerta UPB

 


Apesar da preocupação, o presidente da entidade, Zé Cocá, afirmou que os gestores não são contrários à luta dos profissionais

Redação
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Foto: Divulgação/UPB
Foto: Divulgação/UPB

 

A possibilidade de pagamento de um piso salarial nacional para os profissionais da área da enfermagem pode comprometer ainda mais as finanças dos municípios baianos. O Projeto de Lei 2.564/2020 já está em tramitação no Senado Federal. Por causa disso, a União dos Municípios da Bahia (UPB) produziu uma carta aberta que foi encaminhada aos senadores e deputados federais da Bahia solicitando o apoio em razão do enorme impacto financeiro para os municípios brasileiros.

O presidente da UPB, Zé Cocá, esclarece que os prefeitos e prefeitas não são contrários à luta e as conquistas dos profissionais de enfermagem. “Nós entendemos a necessidade de fazer a remuneração mais justa desses profissionais, principalmente neste período de pandemia. Porém a fixação do piso salarial para as categorias geraria um grave problema financeiro para os municípios, que já não dispõem de receita compatível com as despesas”, destacou.

Cocá ressaltou ainda que a UPB se antecipou em mobilizar a bancada federal da Bahia diante da reação dos prefeitos. “Nós encaminhamos uma carta para os senadores e deputados da Bahia solicitando apoio, pois os municípios não tem como arcar com um piso sem a contrapartida financeira. Agora vamos lutar junto com a CNM e as associações de todo Brasil”, afirmou.

Em visita a UPB, o prefeito de Xique-Xique, Reinaldo Braga ressaltou sua preocupação com o piso salarial da saúde, especificamente da enfermagem. “Tem que vir acompanhado de uma contrapartida financeira do Governo Federal. Não adianta se criar um piso sem a contrapartida financeira. No ponto de vista da categoria é justo e necessário, os salários estão defasados, mas precisa ter a compreensão do Governo Federal.  De que adianta da obrigação sem da a fonte de receita”, disse.

A realidade paralela dos sites de fake news

 



Como as fábricas de boatos do universo digital atraem dinheiro de publicidade e são compartilhadas sem filtros. Paula Leal para a Oeste:


As fake news se espalham 70% mais rápido do que as informações verdadeiras — especialmente as de conteúdo político. A constatação é do professor da escola de negócios do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Sinan Aral, que conduziu um estudo em parceria com o Twitter em 2018 sobre o fenômeno das notícias falsas. A atração por mentiras e boataria existe desde sempre. Muito antes da internet, já circulavam histórias de que “Elvis não morreu” ou de que o homem nunca pisara na Lua. Durante a 2ª Guerra Mundial, falsas estações de rádio alemãs transmitiam no Reino Unido comentários contra o líder nazista Adolf Hitler, produzidos por um locutor inglês que se passava por alemão. Outro exemplo foi a sequência de manipulação de imagens feita na União Soviética por ordem do ditador Josef Stalin. Em uma fotografia em que o líder comunista aparecia ao lado de três companheiros de partido, originalmente datada de 1926, todos os membros que perdiam a simpatia pelo ditador foram sumindo um a um, até que restou apenas uma pintura a óleo de Stalin inspirada na imagem.

A manipulação de imagens pelos soviéticos, muito antes da era das fake news. Os “retoques” na imagem original, de 1926, foram apagando um a um os desafetos do ditador Josef Stalin.

“Trabalhando com a hipótese do ineditismo das notícias, percebemos que as pessoas são atraídas por novidades. Nesse sentido, as notícias falsas têm mais chance de parecerem realmente novas, dão a impressão às pessoas de que elas estão tendo acesso a informações confidenciais. Percebemos que, ao comentar notícias falsas, as pessoas expressam mais surpresa e alarme. A notícia falsa parece mais saborosa”, observa o professor Sinan Aral em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

A monetização da mentira digital

Se o apetite pelo consumo de fake news na web é voraz, já tem gente de olho em como ganhar dinheiro com isso. Em 2016, o editor de mídia do portal Buzzfeed, Craig Silverman, identificou uma sequência de publicações de histórias inventadas que pareciam ter origem em uma pequena cidade do leste europeu. “Acabamos encontrando um grupo de sites de notícias, todos registrados na mesma cidade da Macedônia, chamada Veles”, lembra Silverman. O editor e um colega começaram a investigar e, pouco antes da eleição nos Estados Unidos em 2016, identificaram pelo menos 140 sites de notícias falsas que estavam atraindo grande audiência no Facebook. Os jovens de Veles foram seduzidos pelos ganhos por meio da publicidade nas redes sociais — as fake news atraem cliques em banners, gerando maior audiência e enchendo os bolsos dos criadores de conteúdo. “Os norte-americanos adoraram nossas histórias, e nós ganhamos dinheiro com elas”, disse um jovem macedônio, à época com 19 anos, em entrevista ao site da BBC News. “Quem se importa se elas são verdadeiras ou falsas?”, questionou. As eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos foram um terreno fértil para a propagação de desinformação e para a publicação de notícias sensacionalistas. E assim não apenas os macedônios mas também outros criadores de conteúdo deram asas à imaginação sem filtros e, de olho no dinheiro da publicidade, passaram a publicar histórias com manchetes como “Papa Francisco choca o mundo e endossa Donald Trump para presidente” e “Agente do FBI suspeito de vazamento de e-mail de Hillary foi encontrado morto em aparente assassinato-suicídio”.

“Muitas pessoas leem apenas o título e o começo do texto e param a leitura. Então, desde que os primeiros dois ou três parágrafos pareçam notícias verdadeiras, você pode fazer o que quiser no final da história e torná-la ridícula”, explica Allen Montgomery (nome fictício), criador de um site de notícias falsas nos EUA chamado The National Report, à BBC News. Uma das histórias de maior repercussão do portal foi sobre uma cidade dos Estados Unidos que teria sido isolada em razão de uma doença mortal. Os motivos para publicar ficção em formato de notícia? “É curioso assistir a picos de tráfego [da audiência do site] ao atrair as pessoas para a história. Eu simplesmente acho muito divertido”, disse Montgomery. Além, é claro, dos dividendos que sites como The National Report ganham ao hospedar publicidade na web e captar a atenção de leitores ávidos por conteúdos curiosos e pouco críveis.

“Hillary Clinton está morta e foi substituída por um clone”

O festival de histórias sem pé nem cabeça ganhou ainda mais fôlego com o aumento de buscadores alternativos de notícias na internet em que qualquer bobagem ganha um verniz de verdade e cativa desavisados, quem curte teorias da conspiração, ou quem quer apenas se divertir com a criatividade alheia. Em uma rápida pesquisa é possível deparar com pérolas como “Hillary Clinton é encontrada morta em aparente suicídio”, diz manchete. “A ex-secretária de Estado Hillary Rodham-Clinton foi encontrada morta em seu quarto de hotel às 18h05 por membros de sua equipe de segurança. A causa não oficial da morte é suicídio.” A matéria, publicada durante a campanha presidencial nos Estados Unidos em 2016 em um site norte-americano que produz sátiras e se autodenomina para “fins de entretenimento”, informava ainda que teve acesso a uma nota de suicídio “de fonte sigilosa”, em que Hillary confidencia que “começou a se considerar uma ameaça à sua campanha. Ela lidou consigo mesma como faria com qualquer outra ameaça ao seu sucesso: cometeu suicídio. E, ao tirar a própria vida, removeu todos os obstáculos na corrida para chegar à Casa Branca”. Outra invencionice relacionada à ex-candidata do Partido Democrata é ainda mais bizarra: “A verdadeira Hillary Clinton está morta desde 1998 e foi substituída por um clone”.
“Obama admite: ‘Eu sou gay!’”

Outros personagens na mira dos roteiristas de boatos são o ex-presidente Barack Obama e sua esposa, Michelle Obama. “Michelle Obama pede o divórcio após revelação chocante; Barack Obama admite: ‘Eu sou gay!’”. Outra manchete ainda mais curiosa garante: “Michelle Obama é homem” — pipocam matérias tentando “provar” que Michelle não nasceu mulher e seu nome de batismo seria Michael, ou, para os íntimos, “Big Mike”. Os músculos ressaltados do trapézio e a arcada dentária provariam por A mais B que a esposa do ex-presidente norte-americano é um transgênero. “As armadilhas de Big Mike são muito mais desenvolvidas do que seu modelo masculino musculoso. No entanto, são os dentes que apresentam a evidência irrefutável de que Michelle Obama é realmente Big Mike.” Mais surpreendente ainda é a alegação estapafúrdia de que Barack Obama teria assumido a Casa Branca para pressionar a Suprema Corte dos EUA a legalizar o casamento gay em todo o país e, assim, “legitimar o seu próprio”. Afora o campo da política, há também maluquices inventadas sobre diversos assuntos: “5 provas reais de que Michael Jackson está vivo! Existem provas que mostram que a morte de Jackson foi uma farsa coreografada por algum motivo.” O ator Robert De Niro teria se envolvido numa tentativa de assassinato contra a ganhadora do Nobel da Paz Malala Yousafzai. A aids e o ebola teriam sido inventados pela CIA. Há até quem jure de pés juntos que a China construiu uma base secreta na Lua para espionar o resto do mundo. E por aí vai.
A perda de credibilidade da imprensa e o papel das big techs

Com a massificação das redes sociais, circulam cada vez mais informações que não são apenas incompletas ou imprecisas, mas totalmente inventadas. Mesmo sites como The National Report, que expressamente avisa seus leitores de que se trata de uma publicação de sátiras, que “podem ou não usar nomes reais e fazer ficção”, não impede que muitas vezes o conteúdo seja compartilhado como se verdade fosse, atraindo leitores mais propensos a aceitar relatos com base em suas emoções do que em fatos. Essa realidade paralela de conteúdos absurdos ganha ainda mais força com a perda de credibilidade e o declínio da imprensa tradicional. “Está difícil confiar até no horóscopo que sai publicado em alguns dos maiores jornais e revistas do Brasil. Tudo foi politizado ao extremo”, alerta Dagomir Marquezi, colunista da Revista Oeste. Curiosamente, o trabalho jornalístico, que poderia ser uma poderosa arma contra notícias falsas, está na berlinda, com seu prestígio em queda livre há algum tempo. A nova “era da informação” é marcada por um modelo “todos para todos”, no qual qualquer pessoa pode produzir e compartilhar conteúdo em qualquer lugar do mundo. Se por um lado a democratização da comunicação propicia o surgimento de uma mídia mais plural, por outro é muito mais difícil de ser controlada.

No que diz respeito a controle, o Google e as demais big techs são alvo de críticas justas e bem fundamentadas em razão do viés de esquerda que impregna o buscador e as mídias sociais. Agora, somam-se a essas plataformas as agências de checagem, que ganharam o poder de escolher o que pode circular nas redes. Recentemente, a Revista Oeste foi alvo do tribunal de fact checkers: depois de ter duas reportagens classificadas como fake news pelas chamadas “agências de checagem de fatos”, a Oeste ingressou com ação judicial para exigir as devidas reparações. Trata-se da primeira ação do tipo no Brasil. Inicialmente, é difícil compreender por que, com todo o arsenal de baboseiras disponíveis a um clique, as agências foram selecionar logo um conteúdo verdadeiro produzido por um veículo jornalístico profissional. Mas, quando se explica que agências de checagem como Aos Fatos e Lupa são abastecidas com verbas do Facebook e do Google, fica mais fácil entender que os “verificadores de notícias” estão muitas vezes mais preocupados em atender aos interesses de quem os financia do que na veracidade dos fatos.

Enquanto isso, somos bombardeados com uma avalanche de informações diariamente. Mesmo que as big techs se esforcem para reduzir a propagação de notas com origem em fabriquetas de boatos, é impossível mediar todo o conteúdo despejado na internet. Além disso, como vimos, muito conteúdo falso é promovido porque atrai audiência e, em consequência, dinheiro de publicidade. Será preciso alterar a lógica dos algoritmos gerenciados pelas redes sociais que servem a seus usuários com desinformação, e evitar anúncios em páginas que repercutem mentiras. Tudo fica ainda mais difícil quando se sabe que esses gigantes da tecnologia optaram por oferecer mais exposição a conteúdos ditos progressistas, que 98% de suas doações destinadas a campanhas políticas nos Estados Unidos vão para o Partido Democrata, e que a censura escancarada tem freado o avanço do pensamento conservador. Sim, são fatos, não são fake news. Uma boa dose de ceticismo para mergulhar no universo digital é mais do que recomendável, é obrigatória.
 
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O Brasil como Pulitzer queria demonstrar

 



O Brasil está perfeitamente virado do avesso: os ladrões condenados na banca dos juízes e os juízes no banco dos réus. Fernão Lara Mesquita:


Antigamente, quando se aprendia na escola os teoremas básicos da matemática e da trigonometria, essas verdades fundamentais eram batizadas com o nome do sábio que, pela primeira vez, as tinha demonstrado como tal e, ao fim dessa demonstração, fechava-se a lição com a sigla “c.q.d.” (“como queríamos demonstrar”), tradução do “quod erat demonstrandum” (greco)latino dos tempos de escolas mais cultas.

Com a revogação, quarta-feira, da prisão de Eduardo Cunha e a confirmação de Renan Calheiros como juiz supremo do “estado democrático de direito” do STF fecha-se o círculo. O Brasil está perfeitamente virado do avesso: os ladrões condenados na banca dos juízes e os juízes no banco dos réus.

Ha quem estranhe a volubilidade dessa imprensa que hoje abraça o ladrão da Transpetro depois de tê-lo apedrejado. Eu não. Se Átila, O Huno, se alistasse amanhã para o linchamento de Jair Bolsonaro também ele se converteria imediatamente em herói do “estado democrático de direito” que o STF não eleito, a esquerda derrotada na eleição e os jornalistas que se alinham automaticamente a eles prescrevem para o Brasil. E nem isso faria os herdeiros da imprensa brasileira entenderem que estão fabricando a corda com que serão enforcados…

É verdade que Bolsonaro fornece todas as inestimáveis desculpas para o comportamento dessa imprensa na questão da pandemia. Mas isso não vem ao caso pois se não fornecesse dava no mesmo, como prova a questão do meio ambiente. Nenhum fato pode convencer os lobos que juraram esse cordeiro de morte a não destroçá-lo a dentadas levando junto o Brasil, nem que sejam fatos bastantes para convencer Joe Biden.

As represálias do patrulhamento ideológico, uma vez contadas como certas, têm o efeito de uma bomba de nêutrons: passam a matar a verdade e a dignidade humana antes mesmo de serem disparadas de novo. E se isso é verdade em qualquer lugar, muito mais ainda no Brasil onde a política é uma espécie de abcesso fechado em si mesmo, que encerra na mesma bola de pús, dos monocratas do STF até o limite inferior da privilegiatura onde se aloja diretamente ou por interposto nepote grande parte da militância que as redações abrigam.

Pendurado no corpo do favelão nacional, o abcesso é cada vez mais independente dele. O Brasil ainda elege o presidente da República, os deputados e os senadores que o abcesso engendra em função dos seus processos inflamatórios internos inacessíveis ao comum dos mortais, mas eles estão reduzidos estritamente ao direito de mamar. Os 11 monocratas não eleitos anulam os seus atos e fazem deles e dos eleitores deles gato e sapato sem que ninguém retruque com um gemido sequer.

Se conseguiram isso com o que restava da classe média meritocrática desfilando sua indignação nas ruas do país inteiro – coitada! – e com quase 58 milhões de votos expressamente dados CONTRA o maior assaltante de todos os tempos, segundo a descrição do Banco Mundial, imagine do que não serão capazes se, conforme a encomenda, o STF conseguir enfia-lo de novo na Presidência com a eleição sem recibo!

O mundo já entendeu, e não quer pagar pra ver. É isso que explica a debandada das multinacionais que apostaram no Brasil nos últimos 100 anos, e não, obviamente, a estupidez – por monumental que seja – de um governo que tem só mais um ano e meio de mandato.

A parada que se joga no Brasil pretende durar bem mais que isso. Desde que desistiu de tomar o poder a tiro, como tomou em todos os lugares onde ainda permanece nele sozinha, e decidiu-se a agarrá-lo pelo voto, a esquerda antidemocrática, no seu pragmatismo amoral e no profundo conhecimento que tem do que há de pior na natureza humana, logo se deu conta de que é a imprensa que pauta a política e não o contrário. Depois de confirmar, por ensaio e erro, que o político chinfrim como são 99,999% dos que vivem de seduzir multidões, faria e diria sempre aquilo que sabe que rende manchetes, concluiu que tomar os postos que determinam o que vira e o que não vira manchete é que é o “Abre-te Sésamo” da Caverna do Poder.

O ser humano comum, desprevenido das regras do jogo do poder, na sua ingenuidade, é que confunde as coisas devaneando sobre a moral e o livre arbítrio, sem se dar conta de que essas expressões não tratam do que existe, tratam do que deveria existir, estando portanto no território da ética e não no da realidade. Quer dizer, moral e livre arbítrio não mandam no jogo, servem apenas para inspirar uma engenharia institucional que favoreça que assim seja, exatamente porque sem esse tipo de empurrão, mantida a lei da selva, não chegarão sequer a influencia-lo jamais.

Era disso que falava Joseph Pulitzer (1847-1911), o primeiro a entender completamente a função institucional da imprensa num sistema republicano. Foi só quando, graças a ele, o foco da americana desviou-se da luta suja das facções pelo poder para alinhar-se ao interesse do povo de governar o governo que foi possível induzir as reformas da virada do século 19 para o 20 (viés antitruste + ferramentas de democracia direta) que empurram a democracia deles para o estado de plenitude em que viveu até meados dos anos 80 de que a humanidade começa a sentir dolorosas saudades.

Pulitzer dizia que “É impossível matar mesmo uma democracia muito imperfeita se sua imprensa estiver minimamente saudável”, e que, assim, “se uma democracia estiver dando sinais irreversíveis de que está caminhando para a morte é porque sua imprensa já tinha morrido antes dela” e afirmava que “nossa Republica e sua imprensa vão se consolidar ou desaparecer juntas” e que, portanto, “o poder de moldar o futuro da democracia estará nas mãos dos jornalistas das próximas gerações”. Mas advertia que “uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formaria, com o tempo, um público tão vil como ela mesma”.

Pois aí está, c.q.d….
 
 
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Papa acaba com privilégios judiciais para cardeais e bispos

 


Documento muda competência dos órgãos jurídicos do Estado do Vaticano

Tribuna da Bahia, Salvador
30/04/2021 11:06 | Atualizado há 8 horas e 59 minutos

   
Foto: Reuters

O papa Francisco emitiu hoje um "motu proprio" (documento pontifício) em que submete bispos e cardeais à Justiça ordinária do Vaticano em eventuais julgamentos, que até agora eram da competência do Tribunal Supremo.

O texto modifica a competência dos órgãos jurídicos do Estado do Vaticano, com o objetivo de "igualdade" no momento de se "fazer justiça", tal como o papa tinha anunciado na abertura do Ano Judicial.

"A exigência prioritária é a de que, por meio de mudanças normativas oportunas do sistema processual vigente, emerja a igualdade de todos os membros da Igreja e a sua igual dignidade e posição, sem privilégios que remontam no tempo e que já não estão consoantes com as responsabilidade de cada um na aedificatio Ecclesiae (contrução da Igreja)", defendeu o papa.

Nesse sentido, o "motu proprio" diz que na atualidade "é preciso exigência" na modificação do ordenamento jurídico do Estado do Vaticano. para "assegurar a todos um juízo articulado e com mais graus" e "em linha" com os sistemas judiciais internacionais "mais avançados".

Mudanças

As medidas alteram a Lei CCLI, que regula o sistema judicial do Vaticano.

A primeira modificação é a do Artigo 6, que dota a Justiça ordinária de capacidade em processos de cardeais e bispos, "com prévio assentimento do Sumo Pontífice".

Mesmo assim, há uma série de exceções estabelecidas no Artigo 1.410 do Código de Direito Canônico: "As causas que se referem a questões espirituais ou inerentes a elas", ou "a violação das leis eclesiásticas e de tudo o que contenha razão de pecado".  

A segunda mudança é a revogação do Artigo 24 da lei, pelo qual "o Tribunal Supremo é a única instância competente para julgar, com o consentimento do Sumo Pontífice, os cardeais e bispos nos processos penais".

Assim, o papa acaba com um "privilégio" até agora reservados aos mais altos cargos do Vaticano.

"Isto decido e estabeleço, não obstante qualquer disposição contrária", conclui o documento, que entrará em vigor um dia depois da publicação no L`Osservatore Romano.

Fonte: Agência Brasil

Tratamento para endometriose devolve o sonho da maternidade a mulheres

 


A doença é provocada por células do tecido do útero que, ao invés de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal

Tribuna da Bahia, Salvador
30/04/2021 17:53 | Atualizado há 2 horas e 9 minutos

   
Foto: Divulgação

Dores ao menstruar e uma cirurgia de cisto levaram ao diagnóstico de endometriose da Engenheira de Produção, Elaine do Nascimento Reis Silva, de 37 anos. "Descobri a endometriose aos 22 anos quando fiz a minha primeira cirurgia de cisto e no laudo foi identificado que eu tinha a doença. Realizei o tratamento com pílula para não menstruar durante 10 anos, mas tive uma crise forte de dor que me levou à emergência e lá fui informada que eu estava fazendo o tratamento errado. Recebi a prescrição correta da medicação, porém já existiam muitos focos de endometriose que me impediam de engravidar”, relata Elaine sobre a descoberta da enfermidade. “Depois de muitas pesquisas na internet cheguei ao Dr. Marcos Travessa que foi o responsável pelo meu tratamento cirúrgico”, conta aliviada.

Entenda a Endometriose

A doença é provocada por células do tecido do útero que, ao invés de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde multiplicam-se, causando sangramentos. A endometriose afeta 2 bilhões de mulheres no mundo, entre as idades de 15 a 49 anos. No Brasil, são 7 milhões de mulheres portadoras da doença que se apresenta com cólicas intensas no período menstrual, dificuldade de engravidar, dor no ato sexual e na região pélvica, sangramento vaginal anormal, cansaço excessivo, dor ao urinar, dentre diversos outros sintomas que impactam de forma negativa na qualidade de vida.

Diagnóstico

O exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado pelos seguintes exames complementares: ultrassom, ressonância magnética podendo ser necessário em alguns casos até a realização da laparoscopia com fins diagnósticos. O diagnóstico definitivo, porém, depende da realização de biópsia. A endometriose é uma doença crônica que tende a regredir seus sintomas com a menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios femininos e fim das menstruações. Mulheres mais jovens podem utilizar medicamentos que suspendem a menstruação. Em casos selecionados, o tratamento cirúrgico é o mais apropriado.

O cirurgião ginecológico, Diretor do Núcleo de Ginecologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR) e do Centro de Endometriose da Bahia, Dr. Marcos Travessa, informa que a endometriose acomete de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva e de 30 a 40% das causas de infertilidade feminina. "O melhor remédio contra a doença é descobrir cedo e tomar as devidas precauções, tanto em relação a fertilidade quanto em relação a qualidade de vida", recomenda o médico.

Tratamento com cirurgia robótica

Além da cirurgia convencional (aberta) e laparoscópica, existe um grande aliado para as mulheres que desejam realizar o sonho da maternidade, que é o tratamento através da cirurgia robótica, uma evolução da videolaparoscopia e um procedimento minimamente invasivo, que proporciona menos riscos de complicações. Associar a experiência de profissionais de diferentes áreas aos benefícios da Cirurgia Robótica - tais como a visão tridimensional ampliada em 10 vezes, melhores ergonomia e precisão dos movimentos dos cirurgiões, redução dos sangramentos, menos dor no pós-operatório e menor tempo de retorno da paciente para casa - aumenta a chance de sucesso do tratamento da endometriose. Por esta razão, cada vez mais baianas estão optando por esta modalidade cirúrgica.

"Quando o tratamento cirúrgico é indicado, a tecnologia robótica se mostra como um grande aliado nas portadoras da doença. O resultado cirúrgico é bastante eficaz e dependente da quantidade de doença retirada na cirurgia e, com a visão tridimensional e aumentada oferecida pelo robô, além de diversos outros benefícios associados, sentimos que estamos entregando mais aos nossos pacientes”, informa Dr. Travessa.

Hoje em dia, a engenheira comemora o resultado positivo da cirurgia robótica realizada por Dr. Marcos Travessa que viabilizou a realização do seu sonho de ser mãe, sem precisar recorrer a algum método de inseminação e a combater a doença.  “Sentir meu filho nos braços foi maravilhoso. Deus foi muito generoso comigo, colocando pessoas abençoadas no meu caminho. Agora estou bem, sem dores e feliz, podendo ser a mãe de Bryan, de 1 ano e 5 meses”, celebra Elane.

Endometriose em números:

2 bilhões de mulheres acometidas no mundo (15-49 anos)

7 milhões de mulheres no Brasil

1 em cada 10 mulheres têm endometriose

Em torno de 7 médicos são consultados até o diagnóstico final

38% causas de improdutividade no trabalho

40-50% das causas de infertilidade

OMS: mortes e internações por Covid-19 estão diminuindo no Brasil

 


Segundo a organização, casos caíram por quatro semanas consecutivas.

Tribuna da Bahia, Salvador
30/04/2021 17:48 | Atualizado há 2 horas e 11 minutos

   
Foto: Reuters / Denis Balibouse / Direitos Reservados

As internações e mortes por Covid-19 começaram a diminuir após quatro semanas de infecções desaceleradas no Brasil, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (30).

"Os casos agora diminuíram por quatro semanas consecutivas, e as internações e mortes também estão diminuindo. Isso é uma notícia boa e esperamos que essa tendência continue", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva.

Mesmo assim, ele descreveu uma situação grave no país, que nesta semana se tornou o segundo a ultrapassar a marca de 400 mil mortes por Covid-19, depois dos Estados Unidos.

"Desde o início de novembro, o Brasil vive uma crise aguda, com o aumento dos casos da doença, internações e óbitos, inclusive entre os mais jovens. Durante o mês de abril, as unidades de terapia intensiva estiveram quase em capacidade máxima em todo o país", afirmou.

Fonte: Agência Brasil.

O inferno afegão em nova fase

 



A retirada das forças norte-americanas do Afeganistão no próximo 11 de setembro lembrará a saída vergonhosa do Vietnã. Os extremistas dirão que venceram a guerra, e a narrativa não está longe da verdade. Dagomir Marquezi para a nova edição da revista Oeste:


“No ano de 1878 eu me formei em medicina na Universidade de Londres e segui para Netley para completar o curso destinado a cirurgiões no Exército. Fui agregado aos Fuzileiros de Northumberland como cirurgião-assistente. O regimento estava na Índia nesse tempo e, antes que eu pudesse me juntar a ele, estourou a segunda guerra do Afeganistão.”

Este é o primeiro parágrafo do primeiro livro estrelado por Sherlock Holmes (Um Estudo em Escarlate), escrito por Arthur Conan Doyle. O narrador, John Watson, conta como levou uma bala no ombro na trágica batalha de Maiwand, em 1880. Watson nunca mais se recuperou totalmente. Nem o Afeganistão. Tanto que, quando a BBC em 2010 produziu uma série (com Benedict Cumberbatch e Martin Freeman) tornando contemporâneos os personagens de Doyle, esse detalhe não precisou ser mudado. Cento e trinta anos depois, os britânicos estavam envolvidos em outra guerra no Afeganistão. A mais recente já dura duas décadas.

Um dos primeiros atos de política internacional do presidente Joe Biden foi avisar que ia se retirar do país no vigésimo aniversário do atentado de 11 de setembro. Não chegou a ser uma surpresa. O ex-presidente Donald Trump, numa política errática para a região, já estava caminhando para a saída. A data escolhida por Biden para a retirada foi considerada por muitos como um equívoco de relações públicas. Sugere que, vinte anos, centenas de bilhões de dólares e 2.488 norte-americanos mortos depois dos atentados de 11 de setembro, o Afeganistão pode voltar a ser um santuário para grupos terroristas.

A próxima retirada dos Estados Unidos e seus aliados é apenas o mais novo capítulo de uma velhíssima história. “O Afeganistão tem sido um troféu perseguido por construtores de impérios, e por milênios exércitos tentaram subjugar o país deixando traços de seus esforços em grandes monumentos, que agora viraram ruínas”, resumiu a Enciclopédia Britânica. “A paisagem proibida de desertos e montanhas acabou com muitas ambições imperiais, assim como a resistência incansável de seus povos ferozmente independentes — tão independentes que o país falhou em se fundir numa nação, mas continua como uma colcha de retalhos de facções étnicas rivais e alianças que sempre mudam de lealdade.” Um povo com duas línguas oficiais, cinco línguas regionais e inúmeras minoritárias não pode se entender muito bem.

Ou seja: o Afeganistão sempre foi complicado. No fim do século 19 era disputado entre o Império Britânico e a Rússia czarista. Nenhum dos dois ganhou. Um século depois, as brigas tribais viraram guerra civil. Forças comunistas tomaram o poder em 1978 num país profundamente muçulmano. Foi, como se poderia imaginar, um regime fracassado desde o primeiro dia.

No ano seguinte, a URSS resolveu ajudar seus aliados afegãos invadindo o país. Com equipamento pesado e 100 mil soldados, os soviéticos enfrentaram por dez anos os fanáticos mujahidin, que combatiam montados a cavalo, armados com rifles ultrapassados. A violência da guerra fez com que 2,8 milhões de afegãos fugissem para o Paquistão e outro 1,5 milhão para o Irã.

Com a invasão soviética, o Afeganistão virou palco para a guerra fria entre a URSS e os Estados Unidos, que forneciam equipamento militar para os mujahidin. Por uma dessas grandes ironias da História, radicais islâmicos foram saudados no Ocidente como heróis antissoviéticos. Grandes personagens da cultura pop, como James Bond e Rambo, estrelaram filmes lutando lado a lado com os mujahidin contra os russos.

Depois de perder 15 mil soldados, a todo-poderosa URSS saiu de fininho do Afeganistão em 1989. A desmoralização provocada pela guerra perdida ajudou a acabar de vez com o regime soviético dois anos depois. Assim que os russos partiram, os mujahidin voltaram à rotina de brigar entre si. Quatro anos de caos mais tarde, um grupo conhecido como Talibã estabeleceu, em 1996, o “emirado” teocrático que horrorizou as partes mais civilizadas do planeta.

Talibã quer dizer “estudante”, na língua pachto. Sua base são os alunos dos madraçais, os centros de doutrinação islâmica. Nos madraçais aprende-se que o mundo deve ser inteiramente dominado por muçulmanos e voltar para o século 7. Segundo o Talibã, mulheres devem ficar em casa obedecendo ao marido, ladrões precisam ter as mãos amputadas e adúlteras são mortas em apedrejamentos coletivos. No regime talibã, a música e qualquer forma de manifestação de alegria foram proibidas.

O Talibã não se contentou em infernizar a vida dos afegãos. Abriu as portas do país para radicais islâmicos, entre eles Osama bin Laden e sua Al-Qaeda. Em setembro de 2001, as torres do World Trade Center foram derrubadas, quase 3 mil pessoas morreram, e todas as pistas dos criminosos levaram ao Afeganistão. O então presidente George W. Bush exigiu que o Talibã entregasse Bin Laden e seu bando. Não foi atendido. Os EUA e seus aliados invadiram então o país, e em dois meses a tirania do Talibã foi derrubada.

Surgiu o sonho de um Afeganistão democrático, tolerante, próspero, livre, com meninas nas escolas e música nas ruas. E muita coisa realmente mudou. Quarenta por cento dos estudantes agora são mulheres. Elas quebraram tabus, tornando-se militares, professoras universitárias, administradoras, competindo em jogos olímpicos e torneios de robótica e entrando no circuito internacional de música pop. Um salto gigante para mulheres que eram chicoteadas na rua pelos talibãs somente por deixarem o rosto descoberto.

As mudanças não ocorreram só com as mulheres. Um Afeganistão moderno, “normal” aos olhos do mundo, pode ser visto no canal de notícias ATN News:


Clipes da alegre música pop afegã podem (ainda) ser vistos e ouvidos na Pamir TV:


Mas a nova democracia não logrou superar totalmente as rivalidades tribais. Os afegãos não conseguem desenvolver um país organizado e sob controle de uma Constituição. Sem uma economia minimamente sólida, o país se tornou o produtor clandestino de 90% da heroína ilegal produzida no mundo. Calcula-se que a produção de ópio empregava 400 mil afegãos em 2017, mais que as Forças Armadas.

Durante esses 20 anos, os talibãs jamais deixaram de praticar sua carnificina. Sempre que tiveram oportunidade, espalharam o caos instalando bombas em carros de juízas e usando crianças-bomba para aleijar soldados. Seus alvos são qualquer pessoa que possa representar um passo para a civilização — professores, juízes, policiais, jornalistas, observadores internacionais, aplicadores de vacinas, escritores, artistas etc.

Esta é a mais longa guerra jamais enfrentada pelos EUA. Segundo o Wall Street Journal, mais de 2 milhões de soldados norte-americanos já passaram pelos campos de combate do Afeganistão. Os recrutas mais jovens nem tinham nascido quando a guerra começou. Existe um consenso de que conflitos em países caóticos não podem ser totalmente vencidos. Os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003 para derrubar o ditador Saddam Hussein e saíram de lá apenas em 2011. Parte do país foi tomada pelo Isis e os norte-americanos tiveram de retornar.

E não tem sentido para os EUA fazer permanentemente o papel de “policiais do mundo”. Um grupo de fanáticos como o Talibã sabe disso e tem o tempo a seu favor. Vinte anos não é nada para quem vive permanentemente na Idade Média. Eles só aprenderam a ser mais malandros. Declararam que tinham um “desejo de pacificação”. O governo do presidente Ashraf Ghani soltou então 5 mil militantes da organização como um gesto de boa vontade. Segundo a inteligência dos Estados Unidos, cerca de 80% desses prisioneiros libertados já voltaram a praticar banhos de sangue.

Militares norte-americanos e aliados temem que se repita no próximo 11 de setembro uma saída vergonhosa e atabalhoada como aconteceu no Vietnã em 1973, com os extremistas criando imagens que mostrem que eles ganharam a guerra. Tudo é narrativa, e eles não vão estar longe da verdade.

Mas as coisas podem ficar ainda piores. Segundo levantamento do Pentágono, a Al-Qaeda (agora chefiada pelo “vice” de Bin Laden, Ayman al-Zawahiri), hoje sediada em regiões inóspitas do Paquistão, tem ótimas relações com o Talibã, a quem proporciona assessoria e dinheiro. E mais: representantes do Estado Islâmico também já se instalaram no Afeganistão, ainda em pequena escala.

Por enquanto, essas organizações não estão falando em retomar o circuito de terrorismo internacional. Mas é só saber somar um mais um para concluir que isso é apenas questão de tempo. Depois da retirada, os norte-americanos não terão a mesma capacidade de coletar informações sobre os terroristas.

O próprio Talibã reconhece que a presença norte-americana com suas forças especiais, drones e ataques aéreos fizeram um tremendo estrago na organização durante a intervenção. Agora que os ocidentais estão de partida, os “estudantes” possuem mais do que os 80 mil combatentes que tinham em 2018. E roubaram o armamento mais moderno fornecido pelos norte-americanos às forças oficiais afegãs, incluindo equipamentos de visão noturna em seus novos rifles, segundo matéria da revista Foreign Affairs.

Espalhando o terror em larga escala, grupos extremistas conseguem que a população aceite a ideia de que viver sob o chicote dos radicais é melhor do que a instabilidade de poder morrer a qualquer momento no meio do caos. “Esta luta não é para dividir o poder”, declarou um comandante talibã ao jornal Washington Post. “Esta guerra tem propósitos religiosos, com o objetivo de estabelecer um governo islâmico e implementar as leis islâmicas.” Permitir opiniões conflitantes é coisa para os fracos infiéis.

Segundo o especialista em Afeganistão Carter Malkasian em artigo para a revista Foreign Affairs, assim que o governo Biden terminar a retirada, em setembro, “o Talibã vai provavelmente capturar a maior parte do sul e do leste do país em questão de meses. Depois disso, o governo pode entrar em colapso. É possível que o governo, suas forças especiais e a velha Aliança do Norte possam no máximo evitar a queda da capital, Cabul”. A tendência mais provável é que o Afeganistão viva no mesmo caos armado em que já se transformaram a Síria e a Líbia. O assassinato diário e gratuito de afegãos tornou-se um ruído distante que o resto do mundo se cansou de ouvir.

Faltam cinco meses para a retirada, e a população já está com muito medo. Medo de ir trabalhar, medo de pegar um carro, medo de andar a pé, medo de ir a um casamento, medo de ficar em casa. Os executores usam tênis Cheetah brancos de cano alto fabricados no Paquistão. Só por passear de Cheetah pelas ruas, um homem provoca medo generalizado numa população que tem como principal projeto de vida fugir do país. E não é só a morte que os cidadãos temem. O Talibã e outros grupos criaram uma série de “cadeias” clandestinas para prender aqueles de quem não gostam, deixando que as vítimas morram aos poucos para servir de exemplo.

O plano quebra-galho dos EUA é convencer os governos de países vizinhos a aceitar a presença de pessoal norte-americano para operações especiais, como o uso de drones. Mesmo assim, há dúvida se os governos do Uzbequistão e Quirguistão vão aceitar a proposta. E mais dificuldades ainda deverão ser levantadas pelo sempre hostil e oportunista Paquistão. Os paquistaneses não se esqueceram de que os Estados Unidos entraram no país sem autorização (no governo Barack Obama) para executar Osama bin Laden.

E se o Talibã tomar o controle total do país? A lógica indica que o Afeganistão novamente se transformaria num centro exportador de terrorismo islâmico internacional. O que levará a outras grandes ações de violência como as de 11 de setembro. O que forçaria a nova intervenção internacional no país. O ciclo não tem fim. Elementar, meu caro Watson.
 
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Pressionadas por radicais, universidades americanas adotam a "segregação racial do bem".

 



"Em vez de oferecer oportunidades para que os estudantes se misturem livremente com colegas de origens diferentes, as faculdades promovem enclaves étnicos, provocam ressentimento racial e constroem estruturas baseadas em rancores grupais", diz relatório da Associação Nacional dos Pesquisadores. Gabriel de Arruda Castro para a Gazeta do Povo:


Em 1954, uma decisão histórica da Suprema Corte Americana colocou fim à segregação racial nas escolas daquele país. A decisão conhecida como “Brown contra Board of Education” sacramentou a jurisprudência de que a separação de alunos por raça era inconstitucional. Ainda assim, alguns estados persistiram com políticas discriminatórias. O marco mais visível do fim da separação por raças viria em 1963, em uma cena histórica: o presidente John Kennedy enviou tropas do Exército ao Alabama, onde o governo estadual se recusava a matricular dois alunos negros na Universidade do Alabama. O governador George Wallace, que defendia a política racista, acabou cedendo. Foi o último suspiro de uma longa história de segregação. Ou será que não?

Recentemente, cada vez mais instituições de ensino superior têm promovido a separação racial entre alunos, o que tem aumentado a preocupação de que uma nova era de segregação esteja se iniciando. Desta vez, entretanto, os argumentos são diferentes. As políticas de separação por raça têm como objetivo declarado proteger os negros e outros integrantes de minorias do “racismo sistêmico” que, segundo alas mais radicais da esquerda americana, permeia as instituições.

As universidades de Harvard e Columbia, duas das instituições de ensino mais tradicionais dos Estados Unidos, passaram nos últimos anos a realizar cerimônias de formatura separadas para alunos negros e latinos. As instituições afirmam que esses são eventos complementares, e que os eventos não promovem a segregação porque todos os estudantes - inclusive negros - participam da cerimônia principal.

As demandas do movimento negro, entretanto, vão além das cerimônias separadas de formatura. Outra universidade reconhecida nacionalmente, a Universidade de Nova York (NYU), concordou em colaborar com grupos de estudantes negros para oferecer moradias estudantis exclusivas para afro-americanos. Uma das organizações que apoia a medida, batizada de Black Violets, defendeu a política nesses termos: “Com muita frequência, na sala de aula e no convívio nos dormitórios, estudantes negros carregam o fardo de educar seus colegas desinformados sobre o racismo”. Alunos da Universidade DePaul, em Chicago, têm feito a mesma reivindicação, assim como estudantes da Universidade Rice, no Texas.

No ano passado, a Universidade do Michigan chegou a anunciar a criação de “cafés” separados por raça: um para pessoas de cor e outro para “pessoas não de cor”. Depois, a instituição voltou atrás e se desculpou, alegando que os “cafés” eram apenas espaços virtuais de interação.

No ano passado, a Associação Nacional de Pesquisadores (NAS) divulgou um relatório que dá a dimensão do problema. De 173 instituições de ensino superior americanas analisadas, 43% tinham algum tipo de segregação racial em seus dormitórios e 72% tinham cerimônias de formatura separadas por raça.

"Em vez de oferecer oportunidades para que os estudantes se misturem livremente com colegas de origens diferentes, as faculdades promovem enclaves étnicos, provocam ressentimento racial e constroem estruturas baseadas em rancores grupais", diz o relatório.

Os argumentos em defesa da separação racial também encontram apoio de pesquisadores que professam defender a causa negra. Em um artigo recentemente publicado por professores da Universidade de Duke, também na lista das mais prestigiosas instituições de ensino americana, os autores argumentam que integração racial é prejudicial para os alunos negros.

De acordo com os pesquisadores, eles apresentam um desempenho visivelmente superior quando frequentam instituições majoritariamente (ou exclusivamente) negras. “Nosso estudo sugere que os efeitos (da integração) foram mais inexpressivos do que normalmente é afirmado em outros estudos ou nos meios de comunicação”, afirma William A. Darity Jr., que, dentre outras coisas, dá aulas de Estudos Africanos. Segundo os autores do estudo, a discriminação é a principal causa dessa disparidade.

A radicalização das instituições de ensino dos EUA se acelerou no último ano, com os protestos em massa que tomaram parte do país após a morte de George Floyd, um negro, pela polícia de Minneapolis.

No ano passado, o presidente da Universidade de Princeton afirmou, em tom de confissão arrependida, que a entidade praticava “racismo sistêmico”. Ato contínuo, o Departamento de Educação do governo federal, ainda sob a gestão de Donald Trump, iniciou uma investigação para averiguar se a instituição estava violando a legislação sobre igualdade racial. Mas, poucos meses depois, o democrata Joe Biden chegou ao poder. Não está claro se a investigação foi levada adiante.
 
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O homem de seis trilhões de dólares: nem o céu é o limite para Biden.

 



Em cem dias de governo, o novo presidente já liberou ou prometeu liberar quantias tão alucinantes que não têm paralelo histórico. Vilma Gryzinski:


Todo político gosta de gastar dinheiro público, seja para garantir um lugar nos livros de história ou uma fatia majoritária nas urnas (sim, sabemos que “dinheiro público” não dá em árvores).

Mas Joe Biden está gastando como nenhum outro político. No seu discurso ao Congresso, ele introduziu mais um programa de investimentos cavalares, batizado de Plano para as Famílias Americanas, no total de 1,8 trilhão de dólares.

Soma-se ao plano emergencial da pandemia de 1,9 trilhão, já aprovado e funcionando, e ao proposto programa de investimentos em infraestrutura – designação vaga que na prática inclui vastos gastos sociais – de 2,3 trilhões.

Só para comparar, o New Deal de Franklin Roosevelt, que vigorou durante seis anos a partir de 1933, envolveu cerca de 650 bilhões de dólares em valores atualizados.

O que aconteceu com o Joe Biden moderado que circulou durante quase cinquenta anos no meio político, como senador e vice-presidente, sem agitar as águas nem fazer nada parecido com rompantes revolucionários?

Já tem gente evocando John Maynard Keynes e a frase que talvez não tenha dito, talvez tenha: “Quando os fatos mudam, eu mudo minhas ideias. E o senhor faz o quê?”.

O venerado lorde Keynes possivelmente ficaria de queixo caído com a extensão da gastança. Santo patrono da intervenção do governo (em casos emergenciais), o mais chique dos economistas parece um amador perto do que está acontecendo em Washington.

Menos do que um surto de hiperkeynesianismo, a política de Biden está mais para Moderna Teoria Econômica, uma ficção segundo a qual governos que controlam a própria moeda podem gastar infinitamente.

Já houve muita gente que tentou emplacar esta teoria, mesmo sem saber que ela existia, e as catástrofes supervenientes acabaram convencendo até os mais cínicos a pelo menos fingir que se preocupam com a responsabilidade fiscal.

Agora, surge um presidente americano que parece dizer “Às favas com a prudência”. E às favas com qualquer pretensão de fingir, nem que fosse só para americano ver, trabalhar com o Partido Republicano em temas suprapartidários.

Até Mitt Romney, o único senador republicano que votou pelo impeachment de Donald Trump, já percebeu que o Joe Biden que hoje ocupa a Casa Branca está mais para o lado de Bernie Sanders, o senador socialista mais feliz do que pinto no lixo com seu novo companheiro de projetos.

“O presidente diz que quer união, mas é impossível unir a América se você só apela para a ala liberal de seu próprio partido”, tuitou Romney.

Na condição de membro mais rico do Senado – 250 milhões de dólares -, Romney está na lista dos que vão pagar a conta da gastança em escala estratosférica.

Aumentar os impostos das empresas e das pessoas físicas com renda acima de 400 mil dólares por ano, além de garfar os rendimentos financeiros e engessar a contabilidade criativa, é a forma que Biden diz ideal para bancar os gastos sociais sem aumentar catastroficamente uma dívida já gigantesca, a maior da história – as contas ainda estão sob suspeição.

Muitas das propostas de Biden, como financiar o maternal para crianças pequenas, aumentar as licenças maternidade e ampliar a rede de universidades públicas, já vigoram há muito tempo nos países onde a social-democracia, em aliança com as forças mais conservadoras, implantou o estado de bem estar social, com a diferença que levaram muitas décadas de aplicação gradual.

Joe Biden quer os Estados Unidos da Escandinávia, uma piadinha que já começa a ser feita, para ontem.

Outras propostas feitas pelo presidente são novas, como o vasto e caríssimo programa de transformação de residências em unidades de baixa emissão de gases de efeito estufa.

É claro que tudo que acontece nos Estados Unidos não só influencia o resto do mundo – e delineia a perspectiva de que, com tanto dinheiro na praça, aumente a inflação na maior economia do planeta – como também desperta imitadores.

“Para onde vai a América, o mundo vai atrás”, anotou o comentarista britânico Sam Brodbeck, especulando que os aumentos de impostos da nova era Biden podem ser copiados pelo ministro da Economia, Rishi Sunak, às voltas com os mesmos problemas de metade do planeta: como bancar os programas emergenciais de combate aos efeitos da pandemia sem arrombar as contas.

Detalhe: a Argentina já impôs um imposto único sobre fortunas específico para os efeitos do coronavírus e não existe pior exemplo no mundo do que o argentino de como administrar uma economia.

O endividamento gargantuesco promovido por Biden oferece a desculpa perfeita para os que não querem ser comparados à Argentina. Se os americanos podem, por que não podemos também, perguntam-se ministros da Economia de todo o planeta.

Preparem os bolsos. Não é segredo para ninguém que os impostos para os que têm mais sempre acabam reverberando entre os que têm menos.
 
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