domingo, 28 de fevereiro de 2021

“Sem estômago para Brasília”, disse Brandão ao se demitir da presidência do Banco do Brasil

 



Ele decidirá o futuro do BB - ISTOÉ DINHEIRO

Brandão diz que não dá mais para aguentar o governo

Vicente Nunes
Correio Braziliense

Quando recebeu o convite para assumir a presidência do Banco do Brasil, André Brandão, ficou entusiasmado. Ao ser sondado pelo amigo e presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ouviu dele que teria a garantia de pleno apoio do governo para fazer do BB uma instituição mais forte, moderna e competitiva.

Foi com essa garantia que trocou Nova York por Brasília em agosto de 2020. Um mês depois, já havia tomado posse cheio de planos.

POÇO DE DECEPÇÃO – Passados cinco meses no cargo, Brandão é um poço de decepção. Além de não ter o prestígio que acha que merece, tornou-se alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro, que já o ameaçou de demissão e pode humilhá-lo em praça pública.

Não por acaso, Brandão tem dito a amigos que “não tem mais estômago para Brasília”. Por isso, colocou o cargo à disposição do presidente da República. Não quer mais ficar com a faca no pescoço de saber de sua demissão por meio de redes sociais, como ocorreu com Roberto Castello Branco, defenestrado da presidência da Petrobras. Nem ser obrigado a frequentar fanfarrices no Palácio do Planalto.

Brandão tem uma carreira sólida no mercado bancário. Passou por algumas das maiores instituições estrangeiras com atuação no Brasil, a mais recente delas, o HSBC. Não tem por que se submeter aos caprichos de Bolsonaro, que resolveu enterrar o projeto econômico liberal com o qual o governo se elegeu. “Foi só decepção”, diz Brandão, segundo relato de amigos.

“JÁ VAI TARDE” – No Palácio do Planalto, assessores de Bolsonaro dizem que Brandão “já vai tarde”. Eles ressaltam que nunca houve afinidades entre o executivo e o presidente da República, que quer um Banco do Brasil mais afinado com as políticas de governo.

Estão na disputa pela presidência do Banco do Brasil: Paulo Henrique Costa, atual presidente do Banco de Brasília (BRB); Antônio Barreto, secretário-executivo do Ministério da Cidadania; Gustavo Montezano, presidente do BNDES e amigo dos filhos de Bolsonaro; e Mauro Ribeiro Neto, vice-presidente Corporativo do BB.


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