domingo, 3 de janeiro de 2021

Especialista acredita que economias baiana e brasileira manterão crescimento em 2021

 


Alguns setores da economia baiana devem manter os bons resultados já percebidos em 2020, ainda no primeiro semestre deste ano

Tribuna da Bahia, Salvador
02/01/2021 06:30 | Atualizado há 1 dia, 3 horas e 52 minutos

   
Foto: Romildo de Jesus / Tribuna da Bahia

Por Yuri Abreu

A pandemia do novo coronavírus não afetou apenas a vida de cada um dos brasileiros, individualmente. Vários setores da economia sentiram o forte baque causado pela doença que, durante muitos meses, forçou o fechamento de diversos estabelecimentos – alguns de forma definitiva. Alguns segmentos já retomaram e, ainda que de forma tímida, começam a registrar resultados no azul, ao contrário de quando o surto mundial teve início. Já outros estão buscando meios de dar os primeiros passos, em busca da tão esperada retomada, a exemplo da educação e do turismo.

Para tentar traçar um panorama acerca do que deve acontecer com as economias baiana e brasileira neste ano que está apenas começando, a TB conversou com o professor Antônio Oliveira de Carvalho, Mestre em Administração e MBA em Finanças Corporativas pela Universidade Salvador (Unifacs). Para ele, por conta ainda do cenário de pandemia, não há como fazer uma previsão precisa acerca do que vai ocorrer, principalmente por conta da indefinição quanto a eficácia das vacinas contra a covid-19.

“Fazer um prognóstico em economia não é uma coisa simples, pois ela envolve um número de fatores tão grande”, afirma Carvalho. “Em um cenário de muita indefinição, porque ainda que haja os estudos para o desenvolvimento das vacinas estejam apontando avanços, ainda há bastante insegurança, em um momento em que você tem problemas com algumas vacinas e os fabricantes não têm se responsabilizado por quaisquer efeitos adversos, isso nos coloca em uma posição que não dá pra dizer que a pandemia acaba agora. Ainda vamos ter algum processo de desaceleração, pois tudo ainda é muito precoce”, analisa o economista.

“No entanto, quando nós olhamos para a economia brasileira, comparado ao mundo, o Brasil hoje é um privilegiado. No último trimestre, o país registrou números positivos, inclusive com a retração do desemprego, assim como tem ocorrido na Bahia. Você tem o setor da indústria em crescimento. O agronegócio foi um setor que inclusive superou as expectativas anteriores à pandemia. O setor de serviços, timidamente, ainda por conta das restrições – que foram necessárias, logicamente –, já vem apresentando registros, assim como o comércio”, salientou Carvalho.

De acordo com ele, um impacto negativo nessa retomada da economia pode se dar com o fim do pagamento do auxílio emergencial, cuja última parcela foi paga no dia 29 de dezembro. Para muitos especialistas da área, o benefício foi importante para ajudar a fazer o dinheiro circular e contribuir para que a economia não parasse de vez, além de contribuir para a sobrevivência de algumas famílias pelo país. “É muito possível que alguns setores, principalmente os mais básicos, com os de comércio e serviços, podem sentir esse efeito”, alerta. Com relação à Bahia, o economista aponta que o agronegócio deve manter-se como destaque em 2021, dando alguma sustentação.

TURISMO

O turismo e toda a sua cadeia produtiva estão no topo da lista quando o assunto são as perdas registradas diante da pandemia. Fechamento de hotéis em definitivo – ou baixa ocupação daqueles que ficaram abertos –, queda no número de voos e restrições na entrada de turistas em cidades com forte vocação no setor foram alguns fatores que ocorreram durante os primeiros meses do surto aqui no estado. Neste caso, a retomada já vem acontecendo, mas não com a possibilidade de aglomerações. Isso pode fazer com que o turismo demore um pouco mais a mostrar os resultados de outros tempos.

“Creio eu que o turismo, na Bahia, tenha sido o setor mais afetado. Chegamos a ficar um longo período com os hotéis fechados e com aeroportos com restrições de outros estados. O setor tem uma dificuldade muito grande, porque ele depende daquilo que nós chamamos de aglomeração, com reunião de pessoas em espaços, em festividades, em aeroportos, em aviões, em meios de transporte públicos ou privados nas cidades, em hotéis e sistemas de hospedagem. Isso sem contar o principal atrativo que, aqui no Nordeste, são as praias, mas que estão com restrições em diversos municípios, incluindo a nossa capital, assim como as festividades, em sua maior parte suspensas na maioria do país. Até que se tenha uma segurança – o que nós ainda não temos – para liberar a circulação de pessoas, eu não vejo uma recuperação em curto prazo”, pontuou.

PERSPECTIVAS

Apesar de todo este cenário, alguns setores da economia baiana devem manter os bons resultados já percebidos em 2020, ainda no primeiro semestre deste ano. É o que espera o professor Antônio Carvalho. “Temos de ter esperança. A economia, entre os seus fatores, e que compõem a sua movimentação é uma coisa chamada expectativa, tendo base na confiança, ou o quanto os produtores e consumidores confiam nessa recuperação”, afirma.

“Assim, passa a consumir mais e consequentemente demanda mais produção. Além disso, posteriormente, uma maior geração de empregos. Com base no crescimento que nós tivemos, no último semestre, mais precisamente no último trimestre, a gente pode acreditar que, com a estrutura econômica brasileira, baseado naquilo que o mundo mais precisa hoje, que é do agronegócio e das commodities, podemos ter um primeiro semestre de 2021 com a continuidade do crescimento da economia”, finaliza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário