POLITICA LIVRE
Bruno Covas (PSDB) foi empossado prefeito de São Paulo pela Câmara Municipal nesta sexta-feira (1º).
O evento em que o vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB) e os vereadores eleitos também tomaram posse aconteceu no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo, no centro da cidade.
O governador João Doria (PSDB), assim como outras autoridades, acompanhou a posse remotamente, pela internet, devido às medidas de distanciamento impostas durante a pandemia de Covid-19. Nesta sexta, a cidade está na fase vermelha, a mais restrita da pandemia.
Os vereadores também foram incentivados a participar do evento virtualmente, mas quase 40 dos 55 compareceram pessoalmente.
Alguns vereadores que participaram à distância se atrapalharam com o microfone na hora de fazer o juramento de posse. Nos seus juramentos, vereadores evangélicos fizeram referências religiosas, enquanto houve quem protestasse contra Bolsonaro, contra a violência contra a mulher e cobrasse a vacina.
O evento aconteceu com várias restrições. Os vereadores só puderam trazer um assessor e um convidado. Já a imprensa ficou restrita à galeria do plenário.
A sessão foi presidida pelo vereador Eduardo Suplicy (PT), escolhido por ser o parlamentar mais velho da Casa.
Suplicy fez um apelo aos administradores para a criação da renda básica, sua grande bandeira. Ele presenteou Covas e o vice Ricardo Nunes com dois exemplares do livro “Vamos Sonhar Juntos: O Caminho para um Futuro Melhor”, do Papa Francisco, que defende a medida.
Covas assume sob fortes críticas por ter sancionado lei que aumenta o próprio salário em 46% e também reajusta os vencimentos do vice e secretariado. Além disso, o aumento foi aprovado logo após ele e Doria extinguirem gratuidade no transporte público para idosos entre 60 e 64 anos.
Covas foi reeleito prefeito após derrotar Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno. O tucano venceu com um discurso exaltando a moderação e a experiência.
Durante a campanha, o tucano tentou colar a pecha de radical em Boulos. Em contrapartida, teve como maior calo o vice Ricardo Nunes, ligado a entidades gestoras de creches e também alvo de um boletim de ocorrência de violência doméstica e ameaça registrado pela esposa em 2011 —ele nega qualquer irregularidade na relação com as creches e diz que não agrediu a esposa.
Na cerimônia, algumas pessoas vaiaram Nunes quando ele foi empossado vice-prefeito pela Câmara.
Politicamente, a escolha de Nunes fez parte de uma costura com o MDB por apoio ao governador João Doria (PSDB) em seu projeto à Presidência da República. Como prefeito da maior capital do país, Covas deve render palanque fundamental para o governador em seu projeto.
Paralelamente a isso, porém, após ser eleito na cabeça de chapa Covas ganha força para disputar com Doria como liderança do PSDB. Com frequência ambos discordam. Doria defendeu que o partido assumisse uma postura mais à direita, enquanto o prefeito reeleito tem uma postura mais de centro, dialogando com a esquerda, o que lembra o PSDB considerado raiz.
Neste ano, Covas terá como primeiro grande desafio enfrentar a escalada de coronavírus e a volta às aulas em meio à pandemia. O período de chuvas também costuma assombrar os prefeitos nos primeiros meses do ano.
Em meio a esses problemas, também caberá ao prefeito mandar à Câmara a revisão do Plano Diretor da cidade, que, por lei, tem que ser feita em 2021. Covas teve forte apoio do setor imobiliário em sua campanha, um dos grandes interessados nas eventuais mudanças na lei de 2014, aprovada durante a gestão de Fernando Haddad (PT).
Folha de S. Paulo
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