segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Como Dom Pedro II ajudou a desenvolver a ciência no Brasil (e no mundo)

 



O último (e único) monarca brasileiro teve uma presença ativa nos assuntos científicos do país e foi próximo de cientistas como Charles Darwin e Alexander Graham Bell. Na consideração deste blogueiro, foi também o único estadista do Brasil - algo bem diferente do atual ocupante do poder:


No dia 18 de julho de 1841, Dom Pedro II (1825-1891) era coroado imperador do Brasil. Embora tenha ficado marcado como o último monarca brasileiro, derrubado num golpe militar que instituiu a República em 1889, Dom Pedro II era conhecido também por seu amor às artes e à ciência. Em seu reinado, contribuiu com o desenvolvimento científico do país, financiando diretamente pesquisas, laboratórios e institutos.

Pedro II herdou o trono em 1831, aos 4 anos de idade, depois que seu pai, Dom Pedro I, abdicou e deixou o país em exílio. Até a coroação do novo imperador, aos 14 anos, o Brasil foi governado por regentes nomeados pelo congresso. Embora conturbado, o período representou o início da formação intelectual de Pedro II. A partir de 1939, um dos seus principais mestres foi o naturalista português Alexandre Antonio Vandelli.

“Nasci para consagrar-me às letras e às ciências", registrou em seu diário em 1862. O desenvolvimento da ciência no Brasil já havia sido iniciado por Dom Pedro I, mas o verdadeiro apogeu foi no segundo reinado, marcado pela presença ativa do imperador nos assuntos relacionados a ciência e tecnologia. Era Dom Pedro II, por exemplo, quem controlava pessoalmente a seleção de pedidos de patentes e invenções.

Conheça alguns exemplos e iniciativas dele que ajudaram a alavancar a ciência no Brasil:

Relacionamento com cientistas

Em suas viagens internacionais, Dom Pedro II fazia questão de conhecer as sumidades locais em cultura e ciência. Além de grandes escritores e intelectuais como Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, trocou correspondências com o químico Louis Pasteur, o inventor do telefone, Alexander Graham Bell, e o naturalista Charles Darwin. Este último, certa vez falou sobre Dom Pedro II: "O imperador faz tanto pela ciência, que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais completo respeito”.

Pelo respeito obtido na comunidade científica, o imperador brasileiro se tornou membro de prestigiosas sociedades de pesquisa: a Royal Society, da Inglaterra; a Academia de Ciências da Rússia; as Reais Academias de Ciências e Artes da Bélgica; a Sociedade Geográfica Americana; e a Académie des Sciences, da França.

Mecenato

Dom Pedro II fazia questão de financiar pesquisas com recursos pessoais. Ajudou diretamente estudiosos brasileiros e estrangeiros e auxiliou no desenvolvimento de importantes instituições de pesquisa. Em 1839, tornou-se patrono do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e nos anos seguintes foi um participante assíduo das reuniões.

O imperador brasileiro também ajudou na fundação do Instituto Pasteur, na França, em 1888. Anos antes, em uma reunião da Académie des Sciences, Pedro II manifestou preocupação com a febre amarela no Brasil. Em busca de entender as causas da doença, iniciou contato com Louis Pasteur. Do interesse científico nasceu uma admiração, que o levou a subscrever e financiar a inauguração da entidade, que foi pioneira no mundo na pesquisa de doenças infecciosas.


Astronomia

O Dia Nacional da Astronomia é comemorado no Brasil em 2 de dezembro, mesma data aniversário de Dom Pedro II. O imperador era um apaixonado pela observação dos astros, a ponto de ter um observatório privado no terraço do palácio e um laboratório de ponta para a época. Acompanhava as pesquisas astronômicas, fazia anotações sobre suas próprias observações em seus cadernos e não perdia oportunidades de visitar observatórios em suas viagens ao exterior.

Telefone

Apaixonado pelas Exposições Universais, Dom Pedro II patrocinava e fazia a curadoria dos estandes brasileiros, onde se exibiam produtos agrícolas e máquinas fabricadas no país. Foi na Exposição da Filadélfia, em 1876, que Dom Pedro II ajudou a impulsionar uma invenção que revolucionou as comunicações. Na época, ninguém ouvia falar de Alexander Graham Bell, muito menos de sua criação: o telefone. Presente na feira, o imperador compareceu ao estande de Bell e ficou encantado com o aparelho. Tornaram-se amigos e, em menos de um ano, o Brasil foi o segundo país do mundo a contar com uma linha telefônica (a primeira linha oficial, que ligava o palácio aos gabinetes ministeriais).

Fotografia

Dom Pedro II foi o primeiro fotógrafo do Brasil. Adquiriu um daguerreótipo aos 14 anos, em 1840, menos de um ano após o anúncio da invenção de François Aragno. A partir de então, entusiasmou-se com a nova forma de registrar imagens, ajudando a difundir a fotografia por aqui. Quando foi banido do país, após a Proclamação da República, doou à Biblioteca Nacional seu acervo com mais de 25 mil fotos. (Galileu).
 
 
BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

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