É importante notar que não há na história registro de coalizão tão contrária à de um presidente brasileiro como a de Sleepy Joe e sua vice Kamala (a “Obama de Saias”). Artigo do economista Ubiratan Jorge Iorio para a Gazeta do Povo:
Não
se trata, para os norte-americanos, de simplesmente escolher entre um
conservador fanfarrão, de cabelo alaranjado e delicado como um
rinoceronte e um tio “progressista”, bolinador contumaz e devoto piedoso
do deus Morfeu. O buraco é bem mais embaixo: preservar a velha alma
americana dos Founding Fathers, que rapidamente transformou 13 colônias
pobres na maior potência do mundo, ou embarcar em uma aventura
socialista justo no país que sempre foi a antítese dos coletivismos?
Para
suportar essa afirmativa forte, precisamos de três sapatas: economia,
cultura e política externa. Na economia, as duas propostas são
semelhantes, especialmente no que diz respeito à política monetária
frouxa, à manipulação da taxa de juros pelo Federal Reserve e ao
protecionismo. O desacordo está na paixão doentia dos democratas por
impostos, regulamentações e saúde estatal.
Nos
outros campos, porém, as divergências são fortíssimas. No sistema
moral-cultural, o cotejo é entre a tradição judaico-cristã da
civilização ocidental defendida pelos republicanos e a feira livre dos
democratas: globalismo, governo mundial, imposição de uma nova ordem, de
uma religião única, de hábitos alimentares e sexuais, relativismo
moral, intolerância com a tradição, divisões raciais, controle da
linguagem e da vida das pessoas, desrespeito à individualidade,
centralização, culto ao Estado e concentração de poder em um grupo de
illuminati. Teoria conspiratória? Não, é só uma questão de não tomar lé
por cré. Ou não é essa a pauta de Joe Biden?
A
mídia mundial finge que não sabe, mas a verdade é que as bases dos
democratas vêm se afastando de seu cariz original, de centro com leve
tendência à esquerda, e fazendo o semblante do partido ficar cada vez
mais socialista. Se antes apenas flertavam, hoje vivem um concubinato
ostensivo com o populismo socialista, iniciado por Bill e Hillary
Clinton e intensificado com “El” Barack, sob os aplausos de Hollywood e
dos “especialistas”.
Já
vão longe os protestos pacíficos de 1968, que introduziram na sociedade
americana, além dos hippies, as pautas de esquerda: liberdade sexual,
tolerância a drogas, desconstrução da família, ideologia de gênero,
anticristianismo, crescimento do Estado, feminismo, ódio a Israel,
ambientalismo, cotas raciais e outras. O romantismo ingênuo foi dando
lugar à militância ideológica, à intolerância e, mais recentemente, à
violência e atos terroristas. O Woodstock de 2020 não tem cabeludos com
faixas de peace and love, mas agasalha os baderneiros do Black Lives
Matter e dos Antifas; não tem decibéis de guitarras, mas endossa os
coquetéis molotov atirados em supostos “supremacistas” e “fascistas”;
não tem as metralhadoras da Guerra do Vietnã cantadas por Gianni
Morandi, mas abriga bombas bem mais perigosas, com petardos que não
ferem o corpo, mas adoecem as mentes e borram as almas.
É
preciso mostrar ao mundo que Biden está longe de ser o “progressista
moderado” que a mídia tenta retratar, e para isso basta comparar sua
plataforma com as de partidos como PT e PSol, e constatar que as
diferenças são mínimas.
No
front externo, a vitória de Biden trará de volta a pusilanimidade
premeditada da era Obama, muito apreciada pelos inimigos dos Estados
Unidos, mas que permitiu ao Partido Comunista chinês perder qualquer
receio e anunciar seu intento de chegar à hegemonia mundial em 20 anos.
Já Trump manterá sua política de alianças militares para proteger a
liberdade e a determinação de neutralizar o ímpeto totalitário chinês,
como tem mostrado em várias ações, desde antes da pandemia.
Por
fim, é importante notar que não há na história registro de coalizão tão
contrária à de um presidente brasileiro como a de Sleepy Joe e sua vice
Kamala (a “Obama de Saias”), que vêm repetindo críticas abertas,
infundadas, insolentes e desrespeitosas ao presidente do Brasil, algo
sem precedentes nas relações entre os dois países. Meter a mão em
formigueiro é imprudência. Goste-se ou não dele e de seus tuites, o
“cara” é Trump.
Ubiratan Jorge Iorio é economista e presidente do Conselho Acadêmico do Instituto Mises Brasil.
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