quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Por que Trump é "o cara"

 



É importante notar que não há na história registro de coalizão tão contrária à de um presidente brasileiro como a de Sleepy Joe e sua vice Kamala (a “Obama de Saias”). Artigo do economista Ubiratan Jorge Iorio para a Gazeta do Povo:


Não se trata, para os norte-americanos, de simplesmente escolher entre um conservador fanfarrão, de cabelo alaranjado e delicado como um rinoceronte e um tio “progressista”, bolinador contumaz e devoto piedoso do deus Morfeu. O buraco é bem mais embaixo: preservar a velha alma americana dos Founding Fathers, que rapidamente transformou 13 colônias pobres na maior potência do mundo, ou embarcar em uma aventura socialista justo no país que sempre foi a antítese dos coletivismos?

Para suportar essa afirmativa forte, precisamos de três sapatas: economia, cultura e política externa. Na economia, as duas propostas são semelhantes, especialmente no que diz respeito à política monetária frouxa, à manipulação da taxa de juros pelo Federal Reserve e ao protecionismo. O desacordo está na paixão doentia dos democratas por impostos, regulamentações e saúde estatal.

Nos outros campos, porém, as divergências são fortíssimas. No sistema moral-cultural, o cotejo é entre a tradição judaico-cristã da civilização ocidental defendida pelos republicanos e a feira livre dos democratas: globalismo, governo mundial, imposição de uma nova ordem, de uma religião única, de hábitos alimentares e sexuais, relativismo moral, intolerância com a tradição, divisões raciais, controle da linguagem e da vida das pessoas, desrespeito à individualidade, centralização, culto ao Estado e concentração de poder em um grupo de illuminati. Teoria conspiratória? Não, é só uma questão de não tomar lé por cré. Ou não é essa a pauta de Joe Biden?

A mídia mundial finge que não sabe, mas a verdade é que as bases dos democratas vêm se afastando de seu cariz original, de centro com leve tendência à esquerda, e fazendo o semblante do partido ficar cada vez mais socialista. Se antes apenas flertavam, hoje vivem um concubinato ostensivo com o populismo socialista, iniciado por Bill e Hillary Clinton e intensificado com “El” Barack, sob os aplausos de Hollywood e dos “especialistas”.

Já vão longe os protestos pacíficos de 1968, que introduziram na sociedade americana, além dos hippies, as pautas de esquerda: liberdade sexual, tolerância a drogas, desconstrução da família, ideologia de gênero, anticristianismo, crescimento do Estado, feminismo, ódio a Israel, ambientalismo, cotas raciais e outras. O romantismo ingênuo foi dando lugar à militância ideológica, à intolerância e, mais recentemente, à violência e atos terroristas. O Woodstock de 2020 não tem cabeludos com faixas de peace and love, mas agasalha os baderneiros do Black Lives Matter e dos Antifas; não tem decibéis de guitarras, mas endossa os coquetéis molotov atirados em supostos “supremacistas” e “fascistas”; não tem as metralhadoras da Guerra do Vietnã cantadas por Gianni Morandi, mas abriga bombas bem mais perigosas, com petardos que não ferem o corpo, mas adoecem as mentes e borram as almas.

É preciso mostrar ao mundo que Biden está longe de ser o “progressista moderado” que a mídia tenta retratar, e para isso basta comparar sua plataforma com as de partidos como PT e PSol, e constatar que as diferenças são mínimas.

No front externo, a vitória de Biden trará de volta a pusilanimidade premeditada da era Obama, muito apreciada pelos inimigos dos Estados Unidos, mas que permitiu ao Partido Comunista chinês perder qualquer receio e anunciar seu intento de chegar à hegemonia mundial em 20 anos. Já Trump manterá sua política de alianças militares para proteger a liberdade e a determinação de neutralizar o ímpeto totalitário chinês, como tem mostrado em várias ações, desde antes da pandemia.

Por fim, é importante notar que não há na história registro de coalizão tão contrária à de um presidente brasileiro como a de Sleepy Joe e sua vice Kamala (a “Obama de Saias”), que vêm repetindo críticas abertas, infundadas, insolentes e desrespeitosas ao presidente do Brasil, algo sem precedentes nas relações entre os dois países. Meter a mão em formigueiro é imprudência. Goste-se ou não dele e de seus tuites, o “cara” é Trump.

Ubiratan Jorge Iorio é economista e presidente do Conselho Acadêmico do Instituto Mises Brasil.

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