terça-feira, 1 de setembro de 2020

Região do Recôncavo sofre novo terremoto em pouco mais de 24 horas


Expectativa é de que estado receba ajuda da Defesa Civil Nacional após situação. Os terremotos na Bahia começaram na manhã do domingo (30)

Tribuna da Bahia, Salvador
01/09/2020 06:30 | Atualizado há 2 horas e 26 minutos
   
Foto: Reprodução / TV Bahia
Por: Yuri Abreu

Não bastasse o susto pelo qual os moradores de cidades do Recôncavo Baiano e do Vale do Jiquiriçá passaram no domingo, com o registro de um terremoto de amplitude 4.6 na Escala Richter – pouco comum para os padrões da região – a população de cidades como Amargosa, Elísio Medrado e Brejões voltou a sentir a terra mexer na madrugada de ontem, ainda que em potência mais baixa, durante a madrugada: 3.5. Na noite do último domingo, um segundo terremoto foi registrado na mesma região: 2.7.
No município de Amargosa, distante 235 km de Salvador, a Prefeitura municipal identificou rachaduras em pelo menos seis casas e na igreja da cidade. Os impactos dos terremotos foram sentidos principalmente na zona rural do município, mais especificamente no distrito de Corta Mão, distante 18 km do centro, em uma área próxima a divisa da cidade com São Miguel das Matas, que também sofreu principalmente com o primeiro episódio, no último domingo.
O secretário de Infraestrutura da cidade, Aedson Borges, informou que equipes da prefeitura foram encaminhadas ao local e constatou que algumas casas e uma igreja tiveram rachaduras e fissuras. Contudo, não há risco de desabamento de estruturas, até o momento, assim como não houve registro de vítimas. O gestor informou ainda que não é a primeira vez que terremotos são registrados no município.
O fenômeno acontece porque a região em que Amargosa está localizada, o Recôncavo Baiano, está em cima de uma região sísmica. “A gente já teve esse relato algumas outras vezes, mas nenhuma tão impactante quanto à do domingo, às 7h45”, disse ele, ao G1. Segundo o Instituto de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), órgão especialista no assunto, a terra pode voltar a tremer ainda por algumas semanas, por causa da acomodação da terra.
De acordo com o blog Sismos do Nordeste, que é de responsabilidade do Instituto ligado à universidade potiguar, o evento mais antigo que se tem notícia nessa região foi o de um tremor de magnitude estimada em 3.5 que ocorreu em dezembro de 1899, sentido também em Amargosa. Nos anos seguintes, até 1920, houve uma intensa atividade sísmica na Bahia, no Recôncavo Baiano e regiões vizinhas, mas que, posteriormente, a atividade diminuiu.
Recentemente, os moradores de Cachoeira, também no Recôncavo Baiano, relataram um tremor de terra que foi captado pelas equipes do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) e de magnitude 1.6. O epicentro ocorreu na cidade vizinha de São Félix. Em julho, um terremoto de 3.5, semelhante ao ocorrido na madrugada de ontem, aconteceu na cidade de Ilhéus, na região sul do estado. Neste caso, o fenômeno foi captado pelos sismógrafos da UFRN.
Nas redes sociais, internautas voltaram a comentar sobre o fenômeno que foi sentido em outras cidades pelo interior da Bahia. “Aqui em Santo Antônio de Jesus foi muito forte o terremoto”, disse uma. Já outros apelaram para a fé e até mesmo levaram o tremor de terra na brincadeira. “Se acontecesse no meu bairro, o povo iria aproveitar rachadura para colocar carvão e fazer churrasco. Esse tremor eles achariam que era refrão para música batedeira”, comentou um segundo. “Agora eu acredito que algo está para acontecer, seja bíblico ou não”, pontuou uma terceira.
REPETIÇÃO
Quem corrobora a expectativa do Instituto é o geofísico Bruno Collaço, professor do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). Em entrevista à CNN Brasil, ontem, ele disse que “réplicas” do primeiro terremoto podem continuar pelos próximos dias. “Quando acontece um tremor um pouco mais forte, como foi o caso desse na Bahia, podem acontecer réplicas, que é o que está acontecendo, e pode continuar por dias, quem sabe até semanas”, disse.
Ainda segundo o especialista, tremores de magnitude 4 acontecem pelo menos duas vezes no ano no Brasil e pode ocorrer em qualquer parte do país. Por outro lado, ele acrescentou que é preciso ficar alerta caso os fenômenos voltem a atingir essa intensidade, devido aos riscos a casas e imóveis com construções mais precárias.

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