sábado, 29 de agosto de 2020

Witzel corre o risco de ser preso, como aconteceu com Cabral, Pezão, Garotinho e Rosinha


EXCLUSIVO: 'Nem pandemia cessou ânsia criminosa de Witzel', diz Benedito | VEJA
Witzel jogou fora uma carreira iniciada como fuzileiro naval
Wilson Tosta
Estadão

Em apenas dois anos e oito meses, Wilson José Witzel, um novato na política que nunca disputara um cargo público, trocou a magistratura e o anonimato das obrigações burocráticas do Judiciário pelo poder político, pela projeção nacional e por uma dolorosa queda.
Foi eleito governador do Rio pelo nanico PSC, colado na campanha de Jair Bolsonaro à Presidência, em 2018; lançou-se pré-candidato à sucessão presidencial, rompendo com a família presidencial, em 2019; e teve o governo implodido por escândalos de corrupção em 2020.
RISCO DE PRISÃO – A derrocada ocorre em meio à pandemia do novo coronavírus e a um processo de impeachment da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A ação do Poder Legislativo foi atropelada pela decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que o afastou do Palácio Guanabara. Pode encerrar a sua curta carreira política e, dependendo do processo, levá-lo à prisão.
Desde que era candidato de um partido minúsculo e sem nitidez ideológica, Witzel chamou atenção pela autoconfiança. Com 1% das intenções de voto, no início da campanha, dizia com convicção que seria eleito.  
E foi mesmo eleito, embalado pelo discurso da lei e da ordem, feito no vácuo dos escândalos que levaram à cadeia seus antecessores do MDB, Sérgio Cabral Filho –  ainda preso –  e Luiz Fernando Pezão. Era um cenário marcado pelas revelações da pilhagem do Estado promovida pelo grupo político sob investigação da Lava Jato enquanto o Rio falia.
VITÓRIA NAS URNAS – Assim, um candidato desconhecido, sem ligações com os velhos partidos, e que se apresentava como ex-juiz e ex-militar, rapidamente seduziu os fluminenses. Witzel construiu sua vitória em dois meses, atropelando o favorito Eduardo Paes, cuja imagem foi muito ligada a Cabral.
No governo, Witzel, priorizou o combate ao crime. Liberadas do controle político da Secretaria de Segurança, que foi extinta, as polícias, especialmente a Militar, bateram recordes de civis mortos em supostos confrontos – chegaram a ser cinco por dia. A política para o setor poderia ser sintetizada na declaração que, ainda como governador, deu ao Estadão, pregando o uso de snipers contra criminosos: “A polícia vai mirar na cabecinha e… fogo!”.
O governador deu seguidas mostras de apoio a policiais, mesmo quando envolvidos em episódios de violência com indícios de incompetência ou ilegalidade.
TREMENDA IRONIA – Ironicamente, são acusações criminais – de suposta corrupção, envolvendo gastos no enfrentamento da covid-19 – que levaram ao despejo de Witzel do governo fluminense.
De juiz a governador do Rio, a trajetória de Wilson Witzel, com o discurso eleitoral que fez, enquanto era destruída uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, executada em plena via pública, junto com o motorista Anderson Gomes.

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