segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Rodrigo Maia diz que não é candidato à reeleição, mas todos sabem que é mentira


Charge di Clayton (Site Charge Online)
Luiz Calcagno
Correio Braziliense

Diante do púlpito para falar com a imprensa, ele passa a mão na testa e ajeita a franja que insiste em cair, devido aos passos apressados na escadaria, momentos antes. O presidente da Câmara mexe na gravata, tira a máscara de proteção contra o novo coronavírus em busca de fôlego e começa a responder à bateria de perguntas dos jornalistas. Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia, 50 anos, é deputado federal pelo DEM do Rio de Janeiro, e o único na história do país três vezes seguidas presidente da Câmara. Já admitiu a amigos que gosta da cadeira de presidente.
O que faz com que muitos se perguntem quais são seus planos em um momento em que a reeleição para a presidência das duas Casas do Congresso, em uma mesma legislatura, está em debate no Supremo Tribunal Federal.
CARTAS NA MANGA – A resposta conservadora é que Maia pretende fazer um sucessor e, depois, assumir o protagonismo em matérias de cunho econômico-liberal. O presidente teria quatro cartas na manga, entre elas, Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Em 26 de agosto, em coletiva, foi taxativo.
“Não sou candidato à reeleição. As matérias estão equivocadas. Agora, toda hora que eu encontrar o ministro, estarei tratando da ação do PTB sobre a não possibilidade do que já é proibido, da reeleição da presidência da Câmara e do Senado? Já disse várias vezes que não sou candidato à reeleição”, afirmou. Mas, na política, “não” pode significar “talvez”.
E, como as eleições para a Câmara e para o Senado são decididas na última hora, a pergunta permanece: quais são os planos de Rodrigo Maia?
ATENDENDO A PEDIDOS – Existem algumas indicações para a possível resposta. Apesar de gostar do posto, “o presidente Rodrigo”, como se referem a ele os parlamentares mais próximos, está cansado. Além disso, teme que, num próximo mandato, já não tenha mais a mesma estatura e relevância que no atual. E a possível percepção de baixa rotatividade na presidência da Câmara é outro fator que preocupa.
“Ele poderia ficar”, diz um amigo. “Se tivesse uma convocação de todo mundo, inclusive do próprio Arthur Lira (PP-AL, líder do Centrão). Aí, acho que ele atenderia”, observa.
Por enquanto, a resposta sobre os planos de Maia segue sendo a mais conservadora: passar o cargo e seguir como deputado. Sua postura, ainda assim, intriga.

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