segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Recuperar crescimento da economia fica mais difícil, porque a renda do trabalho caiu 15%


Sorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge: Salário x Fim do  mês
Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)
Pedro do Coutto
O processo de recuperação da economia, com a retomada do desenvolvimento, tornou-se no final deste mês ainda mais difícil, como destaca a reportagem de Cássia Almeida e Cleide Caralho, edição de hoje de O Globo, a qual acentua que a renda do trabalho no Brasil caiu 15,4% nos últimos doze meses, já descontada a inflação do período em torno de 2,3%.
A pesquisa foi produzida pelo IPEA e coordenada pelo economista Marcos Hecksher. O resultado, claro, torna ainda mais difícil e portanto mais distante a retomada do processo de desenvolvimento econômico traçado pela equipe do ministro Paulo Guedes.
RENDA PER CAPITA – Acrescento que ao longo dos doze meses a população brasileira cresceu na escala de 1%, já descontada a taxa de mortalidade que é de 0,7% ao ano, o que reduz ainda mais a renda per capita.
Quanto à queda da renda do trabalho, está inevitavelmente vinculada ao poder de consumo, que, como costumo assinalar, é a base do aumento da produção, comercialização e da receita de impostos.
Não existe outro caminho concreto e por isso não adianta o Ministério da Economia estimar que a reforma tributária possa causar, por si, elevação dos níveis de consumo.
AJUDA EMERGENCIAL – Para o IPEA, o recuo de 15,4% na renda do trabalho acarretou uma perda da ordem de 34 bilhões de reais. A reportagem acentua que a queda da renda só não foi maior em decorrência do abono de emergência de 600 reais mensais pago a 65 milhões de brasileiros.
Daqui para frente com a redução desse abono, a renda produzida pelos salários vai diminuir ainda mais. Afinal de contas os desembolsos do governo somaram 50 bilhões de reais a cada mês. Com a retração salarial, para o IPEA não há sinal de queda do nível de desemprego.
Mas chamo atenção também sobre 682 mil fraudes que custaram 42 bilhões de reais no trimestre. O sistema revelou-se altamente vulnerável. Até assalariados de classe média formaram nas filas para receber o produto de uma fraude.
O RIO E BOLSONARO – O repórter Felipe Grinberg, também na edição de hoje de O Globo, assinala que o governador interino do RJ, Cláudio Castro, está tentando marcar audiência com o presidente Bolsonaro para tratar do prazo de renovação do regime de recuperação fiscal.
O prazo limite acaba sábado próximo. A prestação a ser paga pelo estado do Rio de Janeiro é de 1 bilhão e 800 milhões de reais. Se o prazo não for estendido o pagamento do funcionalismo fica ameaçado.
Politicamente é uma oportunidade para Bolsonaro estender sua campanha de reeleição no segundo maior colégio eleitoral no país. Portanto, interessa a ele divulgar sua decisão, uma vez que o assunto é vital para a população carioca e fluminense.

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