segunda-feira, 29 de junho de 2020

Novo estilo “Bolsonaro Paz e Amor” pode ser uma alteração tardia de comportamento


Bozo paz e amor | Paz e amor, Paz
Charge do Jaguar (Arquivo Google)
Augusto Fernandes e Ingrid Soares
Correio Braziliense

O cientista político Murillo de Aragão, da Arko Advice, afirma que a mudança de postura do presidente Jair Bolsonaro, que adotou um estilo “Paz e Amor”, pode ter sido tomada tarde demais. “Creio que Bolsonaro muda o gesto um pouco atrasado. Com o início da pandemia, o governo teria de se reinventar pela dificuldade que encontrava no Congresso. Começou a mudar há cerca de 40 dias, quando iniciou conversas com partidos e abriu espaço político. Mas também ocorreram vários atritos, abriu-se um front judiciário para ele”, destaca.
O especialista analisa que o chefe do Executivo aprofunda o figurino de entendimento civilizado com os Poderes e que o modelo do “novo Bolsonaro” deve perdurar, pelo menos por algum tempo.
SÓ DEPENDE DELE – “Ainda que tenham os desentendimentos comuns, não vejo uma ruptura dramática do relacionamento a curto prazo. A tendência é de que o presidente tenha um relacionamento estável com os outros Poderes”, afirma. “Com essa nova postura, ele poderá colher melhores resultados e gerar uma relação melhor na Esplanada. Acredito nessa manutenção, que depende dele”, completa.
Também a advogada Vera Chemim, mestre em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aposta que Bolsonaro deve seguir ouvindo os militares e controlando o contato da ala ideológica, que mais contribui para as dissidências e derrotas políticas do presidente.
“O único braço do governo prudente e cauteloso é representado pela ala militar, cuja finalidade nos últimos tempos tem sido a de apagar os incêndios provocados pelo chefe do Executivo, especialmente os relacionados ao desprezo pela pandemia”, lembra.
UM TOM DIFERENTE – “A fala de Bolsonaro dirigida aos outros Poderes, com um tom completamente diferente do habitual, acena para um ambiente de pacificação institucional e aparentemente livre de matizes político-ideológicas extremadas, próprias da ala radical de direita”, complementa Vera Chemin.
Segundo a analista política, “a menos que Bolsonaro se deixe levar novamente pela ala radical ou perca o bom senso em razão de problemas judiciais dos filhos, pode ser que ele se enquadre na realidade sócio-política e se comporte, de fato, como um mandatário da República. É o que se espera, embora haja muitas dúvidas a esse respeito”, finaliza. 

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