A
pergunta que muitos se fazem é: qual realidade nos espera após o
confinamento? Durante a quarentena, estamos sendo obrigados a conviver
com um cenário bem diferente do habitual. Restrições de contato físico,
utilização de máscaras, cancelamento, adiamento de encontros socias
(festas e shows) e viagens, aulas virtuais, implantação da modalidade
home office, entre outros. Enfim, mudanças drásticas tanto na vida
pessoal quanto profissional. Ainda dentro dessa análise, destaco a real
necessidade de alteração em muitos planos de vida. Casamentos adiados,
mudanças canceladas e até a convivência com nosso pior pesadelo: as
perdas de pessoas próximas ou conhecidas. Milhares de vidas ceifadas por
uma tragédia que ainda assola nossa humanidade.
O termo “Novo normal” tem sido amplamente divulgado, referindo-se a
volta à realidade diante das mudanças profundas em nossas rotinas e
hábitos. Algumas delasm inclusive, já dão sinais de que vieram para
ficar - enquanto outras desempenham um caráter transitório e necessário.
No entanto, esses novos tempos exigem do ser um humano pitadas de
tolerância à frustração, cada vez mais necessárias para que seja
possível encarar a perda ou o cancelamento de projetos - muitos,
inclusive, planejados e pensados há muito tempo, mas destruídos por um
virus que trouxe medo, angústia, incerteza e pânico.
Sempre quando nos vemos perdendo o controle do que nos é externo,
tendemos a entrar em um processo de tensão e ansiedade e,
consequentemente, descontrole do nosso interno. Conviver com o fato de
que nem tudo que é planejado será realizado pode ser bem aceito por uns e
ser encarado com grandes dificuldades por outros. Houve, portanto, uma
imposição à novas adaptações de maneira inédita e repentina.
Constatamos, da pior maneira, que não temos controle sobre nada.
Descobrimos um novo mundo interno (ou diria velho mundo interno?) que
exige do indivíduo muito mais sanidade e equílibrio, sem fugir da
realidade. Conciliando mundo interno com mundo externo de forma
saudável.
A consciência de toda esssa nova circunstância remete à lições
adquiridas e à reflexões profundas que desnudam o sentido de humanidade.
Sabemos que as experiências que mais nos transformam são aquelas das
quais desejamos fugir. Sendo assim, encarar as trasnformações de frente,
sustentar e dialogar com suas emoções e desconfortos internos, sem se
identificar com eles e sem negar o que sente, são dicas preciosas para
conseguir explorar os novos cenários, novos hábitos e os novos
posicionamentos. Mas cabe ressaltar que, para a psique, não existe certo
ou errado, normal ou anormal. Existe a realidade particular do
indivíduo alicerçada por seus valores, desejos e sua bagagem pessoal.
Mas o “Novo Normal” que estamos prestes a vivenciar é o legado de uma
pandemia que mudou a vida de todos e implantou novos hábitos,
passageiros ou definitivos.
Neste momento, fazendo uma análise deste impacto. A paciência e a
tolerância serão muito mais exigidas para a manutenção do equilibrio
emocional. O nosso maior desafio, certamente, será aprender a tornar
esse “Novo normal” em um “Normal melhor”. A desestruturação dos
comportamentos e a ação aniquiladora das certezas, trazidas pelo Covid
19, deixarão marcas em toda a humanidade. O que vamos fazer com essas
marcas e como iremos conviver com elas é que será a grande sacada de
sucesso para o equilíbrio psíquico de cada um.
No entanto, tenho boas notícias: se somos seres adaptativos, o
“Novo normal” pode, facilmente, fazer parte de nossos dias. Enfrentar as
muitas realidades impostas pós pandemia será um desafio individual - e
como temos uma infinita capacidade de sermos resilientes, afetuosos e
empáticos, podemos, sim, fazer o melhor uso do verbo ressignificar.
Sabemos que a vida não é estática e as mudanças internas e externas
serão constantes ao longo de nossa trajetória. A crise demonstrou que a
valorização dos detalhes e dos pequenos prazeres modificou nosso olhar.
Além disso, também fica evidenciado que a mudança e a aceitação de
uma nova maneira de dialogar consigo mesmo, aceitando e respeitando
seus desejos , sem dúvidas já demonstram o começo das novas mudanças,
arriscando até a dizer: não há mais espaço para dramatizações, mas sim
para adaptações. Adaptações que levem o ser a encontrar meios para
dominar suas emoções e eliminar fragilidades que levam a desestruturação
emocional, alimentando transtornos psíquicos destrutivos à mente
humana. Enfim, novos tempos, novas chances para desconstruir conceitos e
formatar novos empoderamentos pessoais. Tudo vai depender da forma como
cada um irá encarar a nova realidade que se desenha após toda a
tempestade que estamos enfrentando.
Dra. Andréa Ladislau
Psicanalista
* Doutora em Psicanálise
* Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de
Ciências Sociais
* Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde
* Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social
* Professora na Graduação em Psicanálise
* Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US
Ambassador In Niterói
* Membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento
Profissional do Instituto Miesperanza
* Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em
Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo.
* Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint
Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.
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