quinta-feira, 30 de abril de 2020

Star Wars: que a Física esteja com você!


É fato inegável que Star Wars é um enorme sucesso. O que muitos não sabem, é que a saga conta até com uma data no calendário: em 4 de maio, os fãs celebram o "Dia de Star Wars" . O motivo deste "feriado informal" nasceu de um jogo de palavras em Inglês. 
No idioma, quatro de maio é "May the Fourth" e os fãs perceberam a sonoridade semelhante à "May the Force" que inicia uma das frases-símbolo da série: “May the Force be with you” (Que a Força esteja com você).
Então, mais rápido que a Millennium Falcon, surgiu a data comemorativa: “May the Fourth be with you". Ou seja, "Que o 4 de maio esteja com você".
Os nove filmes, animações, séries e livros derivados da criação de George Lucas, foram e ainda são tema de diversos debates. 
Um deles é como a Física explica - ou corrige - episódios mostrados ao longo da saga. 
Muitos fãs e especialistas em Star Wars afirmam que George Lucas se inspirou em conceitos de diferentes religiões e também da Física - em especial da Física Quântica - na criação da história.
Mas será que o que é mostrado na história realmente tem embasamento?
A Força
A Força é um conceito fundamental tanto para a Física quanto para Star Wars.
No caso da saga, no primeiro filme, "Episódio IV - Uma nova esperança", o Mestre Jedi Obi Wan Kenobi diz que a Força é "um campo de energia criado por todas as coisas vivas: ela nos cerca, nos penetra; mantém a galáxia unida". 
O cânone referente ao universo Star Wars explica que a Força Viva é influenciada pelos sentimentos e atitudes morais dos indivíduos. Isso diferencia os Jedi dos Sith - as duas filosofias de manifestação da Força.
Os primeiros fazem parte da ordem de guerreiros movidos pela compaixão, bondade, altruísmo e humildade e que defendem o lado da luz da Força. Já os Sith são os defensores do lado sombrio que tiveram o equilíbrio e a serenidade abalados pelo ódio, medo, ganância, raiva e maldade.
Já no quarto filme, "Episódio I - A ameaça fantasma", o Mestre Jedi, Qui-Gon Jinn, explica que a Força se comunica aos indivíduos através dos midi-chlorians, organismos microscópicos que vivem nas células de todas as coisas vivas. Ele ainda diz que a quantidade de midi-chlorians que um ser tem no sangue indica a sensibilidade dele para a força.
E este foi o indício para Qui-Gon Jinn identificar uma manifestação incomum da Força no jovem Anakin Skywalker. Anos depois, o garoto acolhido pelos Jedi se converteria no mestre Sith Darth Vader, um dos vilões mais icônicos da história do cinema.
De acordo com o enredo, ao aprender a manipular a Força, o ser pode desenvolver telepatia - incluindo o controle e/ou sugestão mental de outros indivíduos; empatia com outras pessoas onde a Força se desenvolveu; telecinese; resistência, velocidade e agilidade aperfeiçoadas; projeção para outros lugares; olfato mais aguçado, habilidade de cura.
Os Sith desenvolveram habilidades específicas, entre elas, eletricidade e capacidade de estrangular pessoas.
Na vida real, esta é a definição de força segundo a ciência: "agente físico capaz de deformar ou alterar o estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme de um corpo material".
E existem quatro forças fundamentais na natureza: gravidade, eletromagnética e as duas forças nucleares - a forte e a fraca. Todas desempenham o papel de manter a unidade da matéria, desde átomo até planetas. 
Por meio das maneiras como estas forças atuam sobre as partículas, interagem e são mediadas, é que os fenômenos da Física são explicados.
O estudante de Engenharia Civil na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e produtor de conteúdo da plataforma Responde Aí, Gabriel Moreira, mostra como a Força poderia ter uma utilidade prática na vida real, se existisse tal como na série.
"Já parou pra pensar que os Jedi e os Sith podem usar a Força pra gerar momento fletor? O momento fletor é o produto vetorial da força pela distância e é responsável pela tensão de flexão, que curva e pode causar ruptura em diversos materiais".
No entanto, nem sempre o que é narrado na saga possui bases fundamentadas na Física.
Som e chamas no espaço
Pense na criança fascinada pelo universo Star Wars que cresceu imitando o som dos rasantes e dos disparos das naves nas batalhas no espaço entre Rebeldes/Aliança Rebelde e o Império/Primeira Ordem.
Ao chegar à aula de Física, descobre que isso não seria possível. 
Não, o som não se propaga no vácuo. No espaço, não há moléculas se movimentando e não há como transmitir as ondas sonoras.
Em Star Wars, muitos espectadores vibram quando as instalações construídas no espaço pelo Império e pela Primeira Ordem, destinadas a intimidarem mundos e acabarem com aqueles que não se rendessem, foram destruídas.
Especialmente quando o tiro certeiro de Luke Skywalker desencadeou a explosão que acabou com a Estrela da Morte.
Então, na vida real, também não seria como foi mostrado. O produtor de conteúdo da plataforma Responde Aí, Gabriel Moreira, explica o motivo.  
"Um vacilo da saga, é a propagação do som e das chamas no espaço. A explosão da Estrela da Morte, por exemplo, não mostra como seria na realidade. Como as chamas não podem queimar sem oxigênio e o som não se propaga no espaço, deveria ser uma explosão breve", disse.
Portanto, as lutas e as explosões no espaço que tanto emocionam os fãs seriam silenciosas. Por isso, dá para entender a decisão dos criadores em adotar uma "licença científica" em prol da emoção da história.
Blasters x sabres de luz
Para quem está lendo e não conhece tão intimamente a série: os blasters são as pistolas usadas pelos stormtroopers, os soldados do Império/Primeira Ordem, e também por Han Solo e outros personagens integrantes da Rebeldes/Aliança Rebelde.
Já os sabres de luz eram usados, principalmente, pelos Jedi e pelos Sith, os defensores dos lados opostos da Força.
Em vários momentos, os sabres de luz foram usados para os Jedi se defenderem de disparos dos inimigos. E, acredite, não está entre as "licenças cinematográficas" adotada pela saga.  
"Os Jedi desviando dos blasters e rebatendo com os sabres, é totalmente possível. É um engano achar que eles atiram na velocidade da luz. Essa velocidade já foi calculada e está em torno de 35 m/s, é fisicamente possível rebater os tiros", explicou Gabriel Moreira.
Moreira se refere ao artigo escrito em 2012 pelo físico da Universidade de Southern Louisiana, Rhett Alain. No texto, ele concluiu que os blasters não podem ser lasers, porque teriam que ser invisíveis no espaço ou no ar limpo e, olha só, viajar à velocidade da luz. Se isso fosse verdade, nenhum Jedi conseguiria desviá-los.  
Pilotar na velocidade da luz
Muitas pessoas apaixonadas pela saga sonham em assumir o controle das naves - especialmente, a Millennium Falcon, tida como a mais rápida das galáxias - para saltar no hiperespaço e viajar mais rápido que a velocidade da luz. 
No universo de Star Wars, seria possível. Na vida real, não é.  
"A questão das naves viajarem na velocidade da luz, não é fisicamente possível. Pela teoria da relatividade escrita por Einstein, somente os corpos sem massa como os fótons são capazes de atingi-la", afirmou Gabriel Moreira.
Moreira se refere ao 2º Postulado ou Princípio da Constância da Velocidade da Luz da Teoria da Relatividade Especial ou Restrita, que afirma que a velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor "c" para todos os sistemas referenciais inerciais.
Segundo Einstein, a velocidade da luz no vácuo (c ≈ 300.000 km/s) não depende da velocidade da fonte emissora de luz, nem do movimento do observador, nem do sistema de referência inercial adotado.
A consequência deste postulado é de que os conceitos de espaço e tempo são relativos e podem assumir diferentes valores, levando a resultados bizarros como a paralisação do tempo ou violação da causalidade para os tripulantes da nave no caso deles estarem viajando na velocidade da luz.
Isto significa que as viagens na Millenium Falcon a grandes velocidades são proibidas pelas leis da Física e, diferente do que se possa imaginar, não dependem de uma “tecnologia” mais avançada.
Essas observações que questionam os "furos científicos" da saga de Star Wars podem até irritar aos fãs, mas não diminuem a importância do filme. Os filmes são manifestações artísticas e são feitos para encantar. Os de ficção científica, aliás, costumam ir além e inspiram novas gerações de cientistas e pesquisadores mundo afora. 
Por Agência Experta media.



Experta Media

Rafaela Rodrigues
rafaela.rodrigues@expertamedia.com.br
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