quarta-feira, 1 de abril de 2020

Paulo Guedes anuncia como “novos” os 750 bilhões já consignados no orçamento



Bolsonaro critica Paulo Guedes por proposta de 'imposto sobre ...
Do jeito que Guedes fala, até parece que é “dinheiro novo”
Pedro do Coutto
Em entrevista à imprensa na tarde de ontem, presentes também os ministros Henrique Mandetta e Sérgio Moro, o ministro Paulo Guedes anunciou uma dotação de 750 bilhões de reais para a saúde no sentido de reforçar o combate ao corona vírus. Para a maioria das pessoas, a dotação poderia ser interpretada como nova e adicional.
No entanto, exceto algumas rubricas, como o caso do benefício de 600 reais à famílias e pessoas pobres, tais recursos já se encontram previstos no orçamento federal de 2020.
DÉFICIT PREVISTO – Não poderia ser de outra forma, porque o governo Bolsonaro não poderia injetar esse montante como “dinheiro novo”, porque o déficit previsto na lei de meios é de 220 bilhões.
Portanto, o titular da Economia não poderia tirar coelhos da cartola, como acontece no campo da mágica. Isso seria uma colisão com a lógica dos fatos e dos números. O orçamento federal já em vigor eleva-se ao montante de 3,6 trilhões de reais. Ou seja, somente se poderia falar em tal importância se fossem criadas novas rubricas orçamentárias. Mas não é esse o caso.
ESTRATÉGIA ERRADA – A entrevista de ontem voltou a ser realizada no Palácio do Planalto reunindo mais uma vez ontem o General Braga Netto, chefe da Casa Civil, e os ministros Paulo Guedes, Sérgio Moro e Henrique Mandetta. Assim ocorreu na segunda-feira, aconteceu ontem e vai continuar sendo assim ao longo do tempo. O Ministro Mandetta será uma presença permanente. Permanente também o general Braga Netto.
O lance de dados do Palácio do Planalto em transferir do Edifício da Saúde para suas dependências teve o sentido político de causar alguma inibição a Mandetta, na teoria. Mas na prática não funcionou, porque O Globo e a Folha de São Paulo, edições de ontem, colocaram em suas manchetes a união de pensamento entre Guedes, o próprio Mandetta e Sérgio Moro a favor do isolamento colocado em prática de acordo com o projeto do titular da saúde.
GOVERNO INSISTE – Ficou ruim para o governo a tentativa de desfocar as lentes da população sobre um problema realmente enorme provocado pelo coronavírus. Ontem também, antes da entrevista, o presidente Jair Bolsonaro voltou a repetir seu posicionamento contrário à tese de Mandetta.
Mas o assunto demissão do ministro. que havia sido ventilado na segunda-feira, não foi objeto de novo aviso nesta terça-feira. Inclusive verificou-se na trade de ontem uma situação política curiosa. Dos quatro ministros que participaram da reunião, três pelo menos se tornaram praticamente indemissíveis pela lógica dos fatos: Mandetta, Moro e Guedes.
Se a situação do vírus permanecer a mesma nas próximas semanas Bolsonaro não poderá recorrer à mágica contra a lógica. E sozinho, o presidente da República ingressa na faixa de risco político. 
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