Todos os dias, uma das filhas de Gina Dal Colleto, de 97 anos e que teve
alta hoje, visitava a mãe, no edifício em que também são vizinhas, em
Santos, São Paulo. Maria Helena Fernandes Reis, aposentada, não sabia,
mas estava contaminada com a Covid-19. Assintomática, lembra que
percebeu que tinha algo errado com sua saúde quanto parou de sentir o
paladar e o olfato e a ter coriza. Parou de visitar a mãe. O marido
apresentou sintomas semelhantes, também seis dois filhos, de 31 e 30
anos. Fizeram o exame para o coronavírus no Hospital Oswaldo Cruz, em
São Paulo. Dona Gina ficou com uma cuidadora. O alerta acendeu em Maria
Helena quando recebeu um telefonema da casa mãe, em Santos. A cuidadora
informava ter percebido coriza e falta de apetite na idosa. A família
estava em quarentena, no apartamento que tem em São Paulo, para evitar a
transmissão da doença para outras pessoas. Outra filha de D. Gina
seguiu com a mãe para um hospital, na capital paulista. - Por já ter
tido o vírus, fui autorizada a ficar com minha mãe. Ela estava muito
debilitada, já tinha feito dois stents no coração. Maria Helena conta o
dia a dia da UTI. A mãe não foi entubada. - Mas quase foi. Usou
respirador. Eu conversava muito no ouvido del, que teve períodos de
delírio. Mas dizia sempre que queria ela vivesse. Não saí um segundo do
lado dela. Às vezes não queria tomar banho. Outras não queria colocar o
oxigênio. A data para ela será inesquecivel: - Para mim, foi uma bênção.
Voltamos para Santos, e ela já está me chamando lá embaixo. Ainda está
muito fraquinha. Mas é muito animada. Muito guerreira. Se você esperar
uns dois dias, garanto que ela fala com você. De acordo com o hospital,
ao dar entrada, Gina tinha um quadro de tosse e confusão mental. O
diagnóstico revelou Influenza e Covid-19. Ela foi imediatamente colocada
no oxigênio e levada para a UTI. Segundo a assessoria da Rede Dór, ela
foi medicada por um coquetel de remédios. Gina Dal Colleto é a única
viva de uma família de origem italiana de 11 irmãos e mora sozinha em
Santos, "escoltada" todos os dias por Maria Helena. Passeia todos os
dias, cozinha. Convive com seis netos e cinco bisnetos. A mulher mais
velha do mundo a ser curada do coronavírus foi a holandesa Sornella
Reis, de 107 anos, no último dia 9.
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