Alvo de teorias conspiratórias, a Covid-19 não saiu de laboratórios.
Mas, em 1977, um acidente levou à pandemia de H1N1 - outra peste
provocada por uma ditadura comunista:
Desde o início da pandemia do novo coronavírus,
em janeiro, sobram teorias conspiratórias sobre a suposta criação do
patógeno por laboratórios chineses. Essa hipótese, no entanto, é
totalmente refutada pela comunidade científica.
Segundo comprovou um painel estudiosos da Austrália, Estados Unidos e
Inglaterra, a estrutura do Sars-Covid-2 tem características bioquímicas
que não poderiam ter sido elaboradas pelo homem.
Segundo o estudo, a evolução que permitiu ao coronavírus se conectar
com seus hospedeiros se deve à seleção natural. Esse processo faz com
que a espécie passe por mutações espontâneas, sobrevivendo as versões
que melhor se adaptem ao ambiente.
Os pesquisadores mostraram ainda que o vírus desenvolveu-se, muito
provavelmente, de hospedeiros de outras espécies, como o morcego e o
pangolim.
No entanto, tudo indica que outra epidemia de gripe, quatro décadas atrás, teve origem num centro de pesquisas.
Em janeiro de 1977, o vírus H1N1 espalhou-se da Rússia para a China
e, em seguida, pelo mundo. O episódio ficou conhecido como “Gripe Russa”
.
Extensa pesquisa feita pelo “The New England Journal of Medicine”,
uma das publicações científicas mais prestigiadas na área de medicina,
mostrou que o patógeno de 1977 era idêntico ao de outra epidemia, a de
1957.
Nos vinte anos que separam os dois surtos, o H1N1 ficou extinto. E
quando reapareceu, era exatamente igual ao dos anos 1950. Isso é
extremamente incomum.
Quando estão em circulação, os vírus sofrem mutações por onde passam,
que vão lhe deixando marcas no material genético. Já os que vazam de
laboratório são facilmente identificáveis, já que guardam enorme
semelhança com a linhagem original.
A “Gripe Russa” acabou por afetar principalmente os jovens de então,
que não tinham anticorpos contra a doença. A mortalidade, porém,
manteve-se baixa.
Como laboratórios de todo o planeta tinham amostras congeladas desde o
surto de 1957, foi possível verificar e rastrear o ponto de onde ele
escapou, a antiga União Soviética.
A ditadura comunista, lógico, negou o vazamento. Mas o fato é que,
àquela altura, o império comunista já estava em decadência. Suas
instalações científicas não atendiam às regras mínimas de segurança,
como ficaria claro durante a agonia econômica que se estendeu por toda a
década de oitenta. E resultaria em catástrofes como o acidente nuclear
de Chernobil, na Ucrânia, em 1986.
Depois de 1977, o H1N1 reapareceu anualmente sem provocar grandes
estragos. Mas, em 2009, voltou a assustar. Naquele ano, provocou nova
pandemia, desta vez chamada de “Gripe Suína”. (Veja).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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