quarta-feira, 29 de abril de 2020

Freixo apresenta ação para impedir Ramagem de assumir comando da Polícia Federal


Chefe da segurança de Bolsonaro na campanha e amigo dos filhos do presidente, delegado Alexandre Ramagem foi nomeado nesta terça (28) diretor-geral da PF

Tribuna da Bahia, Salvador
28/04/2020 12:20 | Atualizado há 20 horas e 17 minutos
   
Foto: Divulgação
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) protocolou nesta terça-feira (28) uma ação popular para impedir que o delegado Alexandre Ramagem assuma o comando da Polícia Federal. A ação está na 13ª vara da Justiça Federal de Brasília. A nomeação de Ramagem foi publicada nesta madrugada no Diário Oficial da União.
Na ação, o partido aponta desvio de finalidade na nomeação de Alexandre Ramagem e pede uma decisão provisória para suspender os efeitos da nomeação até o julgamento da ação.
"Resta claro que a intenção da exoneração do Delegado Maurício Valeixo, pela nomeação do Delegado Alexandre Ramagem é uma só: obter informações sigilosas, podendo, até, interferir em investigações da Polícia Federal".
Ao portal G1, o deputado Marcelo Freixo afirmou que a polícia federal tem centenas de delegados qualificados para assumir o comando da instituição.
"Por que Bolsonaro optou por Alexandre Ramagem, um amigo íntimo da família? A escolha do presidente não é técnica, é política. Seu objetivo é controlar a PF, usando-a para perseguir adversários e impedindo que os crimes de sua família sejam investigados. O papel da PF é combater o crime, não acobertar criminosos", disse o deputado.
Ramagem é delegado da PF desde 2005, chefiou a equipe de segurança de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 depois do atentado a faca em Juiz de Fora (MG) e, desde então, se tornou amigo próximo da família do presidente. Ele tem a confiança de Bolsonaro e dos filhos.
No réveillon de 2019, Ramagem foi fotografado ao lado de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, durante a comemoração.
A vaga ficou aberta depois que Bolsonaro exonerou o agora ex-diretor Maurício Valeixo, ligado ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro. A exoneração de Valeixo levou Moro a deixar o governo.
Ao anunciar que sairia do ministério, Moro disse que Bolsonaro vinha tentando interferir politicamente na Polícia Federal. Moro afirmou também que, em conversas com Bolsonaro, afirmava que não era contra uma troca do comando da PF, desde que o presidente apresentasse um motivo relacionado a mau desempenho ou ineficiência de Valeixo. Segundo Moro, Bolsonaro nunca apresentou essas razões.
Em resposta a Moro, Bolsonaro afirmou que nunca tentou interferir politicamente na PF, mas que, como presidente, tem a prerrogativa de indicar o nome do diretor-geral.

Isabela Camargo, GloboNews — Brasília

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