quinta-feira, 23 de abril de 2020

AI-5 vai completar 52 anos e os jovens que hoje pedem a ditadura nem eram nascidos


Os jovens de hoje não têm a menor deia do que significou o AI-5
Pedro do Coutto
Em artigo publicado na edição de O Globo desta terça-feira, Merval Pereira colocou em destaque as manifestações de domingo último em Brasília, classificando o episódio como um golpe frustrado. Tem razão e também está certo ao analisar a abertura de inquérito a respeito dos pedidos para fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Na minha opinião, não é difícil a investigação identificar as pessoas e empresas que organizaram e financiaram o pequeno comício que contou com a presença de Bolsonaro.
Há dúvidas se Jair Bolsonaro possa ser responsabilizado, isso dependerá da confirmação da participação de seus filhos. Mas concluir a investigação será inevitável.
VOCAÇÃO DITATORIAL – É curioso constatar, como está no título deste artigo, que os jovens que neste domingo agitavam mensagens para a volta da ditadura não eram sequer nascidos em 13 de dezembro de 1968, data do Ato Institucional nº 5, que suspendeu uma série de dispositivos constitucionais e legais Creio que muitos desses jovens só tomaram conhecimento do Ato 5 no momento de receber os cartazes e as faixas pedindo nova longa noite de arbítrio e violação dos direitos humanos.
Em matéria de memória, título de um livro de Carlos Heitor Cony, os jovens militantes do golpe frustrado revelaram não ter conhecimento algum da história recente do país.
Mas vamos mudar de assunto, porque o artigo de hoje vai focalizar também duas outras questões.
GENERAL NA SAÚDE – O presidente Bolsonaro fez questão de escalar pessoalmente a equipe que ocupará cargos de confiança do Ministro Nelson Teich. Escolheru o general Eduardo Pasuello vai para a Secretaria Executiva do Ministério, e o ministro da Pasta nem foi consultado, apenas recebeu a informação.
Pasuello tem o apoio da ala militar do governo, segundo informação de Renata Mariz, Naira Trindade e Natalia Portinari, O Globo. O general deve cuidar da parte logística contra o coronavírus. Bolsonaro também já indicou um assessor especial para a Pasta da Saúde, o almirante Flávio Rocha. Na entrevista de ontem, Nelson Teich sustentou a necessidade de informações, uma vez que a virose não é totalmente conhecida.
CONGELAR SALÁRIOS – Na Folha de São Paulo de ontem, Iara Lemos, Júlia Chaib e Thiago Resende publicaram reportagem focalizando a proposta do ministro Paulo Guedes ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, visando mudar o projeto aprovado pela Câmara sobre o apoio financeiro aos estados e municípios como forma de compensar suas perdas de receita.
Paulo Guedes propõe que em troca da liberação de recursos aos governos estaduais e municipais seja compensada por uma lei que suspenda reajustes salariais ao funcionalismo público federal.
Este projeto não diz nada a respeito do congelamento de preços. Afinal de contas, se o salário vai para a geladeira e os preços flutuam no espaço, o poder de consumo dos funcionários será progressivamente rebaixado. 

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