quinta-feira, 30 de abril de 2020

AGU desiste de recorrer, mas Bolsonaro insiste em querer nomear Ramagem na PF


O presidente Jair Bolsonaro ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro na posse do novo ministro da Justiça e do AGU Foto: Pablo Jacob/ Agência O GLOBO
Ao lado da primeira-dama, Bolsonaro empossou Mendonça e Levi
Daniel Gullino, Gustavo Maia e Marco Grillo
O Globo

O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quarta-feira a independência entre os Poderes, horas após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), barrar a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal (PF). Bolsonaro também indicou que irá insistir na nomeação, mesmo após a Advocacia-Geral da União (AGU) ter anunciado que não irá recorrer da decisão de Moraes.
A declaração ocorreu na cerimônia de posse de André Mendonça no Ministério da Justiça e de José Levi Mello na AGU. O presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro Gilmar Mendes estavam presentes no evento.
INDEPENDENTES ENTRE SI – Bolsonaro leu o artigo da Constituição que diz que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário são “independentes e harmônicos entre si”, dando ênfase na palavra “independentes”, repetida duas vezes por ele.
— Não posso admitir que ninguém ouse desrespeitar ou tentar desbordar a nossa Constituição. Esse é o meu papel, esse é o papel não só dos demais Poderes, bem como de qualquer cidadão desse Brasil: harmonia, independência e respeito entre si – disse, acrescentando:
— Respeito o Poder Judiciário, respeito as suas decisões, mas nós, com toda a certeza, antes de tudo, respeitamos a Constituição.
HOMEM HONRADO – Bolsonaro classificou Ramagem como “homem honrado”, ressaltando que ele coordenou sua equipe de segurança entre a eleição de Bolsonaro e sua posse na Presidência.
— O senhor Ramagem, que tomaria posse hoje, foi impedido por uma decisão monocrática de um ministro do Supremo Tribunal Federal. É uma pessoa que eu conheci no primeiro dia após o fim do 2º turno, que foi escolhido pela Polícia Federal do governo anterior como homem de elite, um homem honrado, um homem com vasto conhecimento, um homem à altura de representar e de ser o chefe da segurança do chefe da Presidência da República.
O presidente disse que “brevemente” irá concretizar o “sonho” de ver Ramagem na direção da PF: — E eu gostaria de honrá-lo no dia de hoje dando-lhe posse como diretor-geral da Polícia Federal. Eu tenho certeza que esse sonho meu, mais dele, brevemente se concretizará, para o bem da nossa Polícia Federal e do nosso Brasil.
‘QUEM NOMEIA SOU EU’ – Bolsonaro afirmou ter certeza de que Mendonça irá desempenhar “mutíssimo bem” seu papel no novo ministério. Disse que ele poderá formar sua equipe, mas ressaltou que cabe ao presidente indicar o diretor-geral da PF. O ex-ministro Sergio Moro pediu demissão justamente acusando Bolsonaro de interferir na corporação.
— Tenho certeza, assim como os demais, formará a sua equipe de acordo com o seu entendimento e levando-se em conta os méritos de cada um de seus integrantes. Uma das posições importante, que quem nomeia sou eu, é o do diretor-geral da Polícia Federal. A nossa Polícia Federal não persegue ninguém, a não ser bandidos.
TOFFOLI E GILMAR – O presidente se disse honrado com a presença de Dias Toffoli e elogiou principalmente Gilmar Mendes, dizendo que ele “não se furtou de seu voto em prol do Brasil”:
— Prezado Dias Toffoli, também me sinto muito honrado com a sua presença. Senhor Gilmar Mendes, integrante do nosso Supremo Tribunal Federal, é uma satisfação tê-lo aqui. Um homem que por vezes que o Executivo precisou não se furtou de dar seu voto em prol do Brasil. Muito obrigado ao senhor.

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