Davi Alcolumbre é um politiqueiro desprezível. Acima de tudo, é ele próprio um demagogo. Carlos Júnior, via Instituto Liberal:
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), criticou o uso do
fundo eleitoral no combate ao coronavírus. O valor do referido fundo
gira em torno de R$ 2 bilhões – quase chegou nos R$ 3,7 bilhões, não
fosse a pressão do governo Bolsonaro e sua base de apoio. Para
Alcolumbre, destinar o dinheiro do povo a uma pandemia que atinge o
próprio povo é demagogia e utilizá-lo junto com políticos carreiristas
dos demais partidos é defender a democracia.
Não sei qual a formação política ou ideológica do sr. Alcolumbre, mas
vejo em suas declarações sobre o fundo eleitoral um exemplo típico da
mentalidade revolucionária, que tudo vê ao contrário do que realmente é.
Privar a população de usufruir o seu dinheiro como bem entender – no
caso de uma pandemia nem é usufruir – é uma ameaça à democracia, um
ataque ao parlamento, em suma, uma demagogia. É não ter senso da
realidade, muito menos do ridículo.
Alguém deveria lembrar ao sr. Alcolumbre como as coisas deveriam
funcionar em uma democracia liberal. Aliás, as próprias definições de
democracia e liberalismo servem muito bem para lançar luz à questão e
refutar as bobagens pomposas de um senador ligado ao velho estamento
burocrático.
Democracia é, a rigor, o regime de governo em que todo poder emana do
povo e em seu nome será exercido. A Constituição de 1988 deixa isso
muito claro: ‘’todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição’’.
Seja em uma República ou em uma Monarquia, todas as instituições
democráticas devem ter a vontade da população como um fundamento
irrevogável. Os parlamentares, o presidente da República ou o
primeiro-ministro que ocupam cargos eleitos não são nada além de
funcionários dos que lhes colocaram lá. Nos Estados Unidos há um
dispositivo constitucional chamado recall, no qual o eleitorado pode
cassar o mandato daquele parlamentar eleito que está atuando contra os
interesses de seus eleitores. Tudo isso serve para a clareza máxima do
que é democracia em sua essência mais cristalina: um regime que não deve
ser contrário às vontades daqueles que a construíram.
Liberalismo é, a rigor, uma doutrina que tem na liberdade individual a
base para as demais liberdades. O liberalismo político credita às
instituições a proteção às liberdades dos indivíduos e igualdade de
todos perante a lei, ao passa que o liberalismo econômico credita ao
mercado e à livre iniciativa a prosperidade material de uma sociedade.
Ambas as definições são pragmáticas e por muitas vezes podem estar em
oposição, mas o liberalismo carrega em si algo proeminente nas suas
características comuns: a oposição à tirania de Estado, a qualquer tipo
de autoritarismo e coerção de qualquer natureza. Nada de totalitarismo
das instituições ou dos donos temporários do poder. O império da lei não
pode e não deve ser convertido em instrumento de interesses
totalitários a contragosto dos interesses do povo. A Constituição
americana é um ótimo exemplo de liberalismo político, bem como a sua
economia – exceto nos períodos keynesianos e na era Obama, marcada por
iniciativas socialistas.
Com essas definições de democracia e liberalismo, é impossível
defender a posição de Davi Alcolumbre. Como negar o dinheiro do povo ao
uso que ele quer e defende? Isso não é defesa da democracia de maneira
nenhuma.
Mas o sr. Alcolumbre tem a sua própria noção de democracia. Afinal,
ele sentou em cima da CPI da Lava Toga – uma investigação que já defendi
neste Instituto Liberal como muito necessária para os devidos
esclarecimentos ao povo quanto aos atos nada republicanos dos ministros
do STF. Foi ele também que, junto com Rodrigo Maia, comandou a derrubada
dos vetos do presidente Bolsonaro ao famigerado projeto do abuso de
autoridade – uma reação clara da classe política a operações como a Lava
Jato, que mostraram a podridão do establishment. Em todas essas
ocasiões ele ficou contra a vontade e os anseios do povo brasileiro – e
ainda tem a coragem de posar de grande democrata.
Davi Alcolumbre é um politiqueiro desprezível. É um símbolo do seu
partido e prova maior de como a direita brasileira será feita de trouxa
ao confiar em partidos como o DEM. É o sujeito que altera a seu
bel-prazer os conceitos de democracia e liberalismo. É um exemplo
perfeito de como a mentalidade revolucionária se impregnou nos
brasileiros e até mesmo em um político tido como conservador. Acima de
tudo, é ele próprio um demagogo.
Referências:
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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