O Globo e a Folha de São Paulo, edições desta segunda-feira, dia 30, publicaram em suas manchetes principais a atitude do presidente Jair Bolsonaro em contrariar as recomendações do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, do isolamento social e da lógica de evitar aglomerações. O presidente da República fez exatamente o contrário, foi a Ceilândia, cidade satélite de Brasília e fez selfies entre várias pessoas, uma delas com uma criança no colo.
Repetiu assim o que havia feito recentemente no domingo dia 15, na manifestação diante do Palácio do Planalto.
ISOLADO DA REALIDADE – Não há como explicar essa atitude de Bolsonaro, sobretudo porque ele se isolou da realidade de hoje e colidiu com os princípios e providências tomadas por todos os países atingidos pela circulação do coronavírus.
Por falar em todos os países, os grandes jornais do mundo condenaram e se demonstraram surpresos com o comportamento de um presidente da República que, por inciativa própria, se expõe ao risco de uma contaminação, não só a dele como a dos outros que o rodeavam.
Havia um grande número de pessoas em torno do presidente. Percorreu também várias outras localidades da capital. Foi um desastre em matéria de comentários internacionais.
UM ERRO GROTESCO – O reflexo na imprensa estrangeira quanto à atitude de Bolsonaro ressalta com bastante nitidez o erro cometido, capaz até de aumentar a contaminação do vírus na capital do país.
Assim, o presidente Jair Bolsonaro isolou-se ainda mais, ficando absolutamente desgastado com as manifestações repetidas e desaconselhadas pelo ministro Henrique Mandetta.
Ontem, em entrevista coletiva da qual participaram vários ministros, inclusive o general Braga Neto, Chefe da Casa Civil, o ministro da Saúde reafirmou sua recomendação no sentido do isolamento das pessoas e acentuou que suas providências inspiram-se em critérios científicos e técnicos, os quais estão distantes de comportamentos políticos.
No meio da entrevista diante de uma pergunta da jornalista Delis Ortiz, da Rede Globo, sobre sua permanência no cargo que ocupa, o general Braga Neto entrou em ação dizendo que esta hipótese é absolutamente rejeitada.
NOVA REALIDADE – Dessa forma, estabeleceu-se uma nova realidade, esta política, revelando que o governo necessita da presença de Mandetta, da mesma forma que necessita de Sérgio Moro e Paulo Guedes.
O titular da Economia reviu a posição que adotara inicialmente, ao colocar o funcionamento do Economia acima da exigência fundamental das ações do Ministério da Saúde. Agora, passou a admitir que sem saúde a economia não pode funcionar.
Com a entrevista de ontem formou-se um novo panorama que tanto poderá ser marcado pelo recuo de Jair Bolsonaro, ou então por uma nova atitude descontrolada. Temos que aguardar. Porém, de qualquer forma, o presidente da República se expôs como personagem principal de uma situação de absurdo. O ministro Henrique Mandetta não recuou. Seria inclusive um absurdo na sua orientação traçada para combater o vírus que ameaça a vida humana.
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