segunda-feira, 2 de março de 2020

Deputado acusa possível sucessor de Maia de criar ‘blocão’ para controlar os 30 bilhões do orçamento


Em sua live, Moraes afirmou também que, se o Parlamento conseguir pôr a mão nesse montante de R$ 30,1 bilhões, o dinheiro vai para “coronéis políticos”

Tribuna da Bahia, Salvador
02/03/2020 17:55 | Atualizado há 1 hora e 29 minutos
   
Foto: Reprodução

O novo líder do Podemos na Câmara, deputado Léo Moraes, associou o recém-criado “megablocão” comandado por Arthur Lira — expoente do Centrão e cotado para suceder Rodrigo Maia no comando da Câmara — à ânsia do Congresso em garantir o controle de R$ 30,1 bilhões em emendas neste ano.
Em live publicada em suas redes sociais há pouco, o deputado afirmou que “manobras” estão em andamento no Congresso para assegurar que o Parlamento derrube o veto 52 — entenda aqui — e, assim, permita que um grupo específico decida onde toda essa dinheirama será alocada às vésperas das eleições municipais.
“Não à toa criaram um megablocão, com vários partidos políticos. Para terem a maioria dos assentos na CMO, na Comissão Mista do Orçamento.”
Ele continuou: “Vamos entregar 30 bilhões para um relator e [para] a maioria dos partidos do Centrão indicarem onde deve ser gasto esse dinheiro, em ano eleitoral? Me parece [sic] que é um comportamento antirrepublicano.”
Moraes se referia ao bloco criado por Arthur Lira no início deste ano legislativo, com 351 deputados de 14 partidos diferentes: PSL, PL, PP, MDB, PSDB, Republicanos, DEM, Solidariedade, PTB, PROS, PSC, Avante, Patriota e o PSD, partido do relator do orçamento de 2020, deputado Domingos Neto.
Em uma articulação silenciosa, Lira conseguiu agrupar boa parte dos colegas em torno de um bloco que representa 68% da Câmara. Até aqui, essa foi a principal investida do deputado do PP de Alagoas na busca de se impor como favorito à sucessão de Rodrigo Maia.
Em sua live, Moraes afirmou também que, se o Parlamento conseguir pôr a mão nesse montante de R$ 30,1 bilhões, o dinheiro vai para “coronéis políticos”.
“Um recurso a mais, que certamente vai ficar nas mãos dos caciques, dos coronéis políticos que estão há muito tempo no Congresso, muitas vezes encalacrados. Vão colocar [esses recursos] nos seus redutos e, aí sim, [vão] fazer, mais uma vez, curral eleitoral com o dinheiro do povo, da população.”
A votação dos vetos à lei orçamentária está marcada para amanhã, mas, se não houver acordo, pode haver novo adiamento.
O Antagonista antecipou esse valor de R$ 30,1 bilhões aqui e mostrou que, obviamente, se derrubarem o veto 52, o controle desses recursos não será apenas do relator — como ficará previsto formalmente –, mas de grupos políticos. No mês passado, mostramos, com exclusividade, como R$ 3,8 bilhões de verba extra do Ministério do Desenvolvimento Regional foram direcionados, principalmente, para Davi Alcolumbre e aliados do DEM e do MDB.

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