O filósofo francês Joseph Marie de Maistre deixou imortalizada a frase “cada povo tem o governo que merece”.
Porventura essa sábia concepção do filósofo aplicar-se-ia também aos “militares”? Cada
povo teria os “militares” que merece? Os brasileiros merecem ter os militares
que têm?
Quem teveoportunidade de conviver ou acompanhar mais de
perto ,mesmo que através dos meios de comunicação, especialmente a postura
dos Presidentes do Regime Militar, Humberto Castello Branco,Arthur da Costa e
Silva, Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel,todos militares e extremamente
reservados,até circunspectos,deve levar
um “choque” se compará-los com o grupo
de militares que hoje comandao Governo
Federal, convidados pelo capitão JairBolsonaro,que foi deputado federal durante
28 anos, e acabou sendo eleito Presidente da República em outubro de 2018.
Enquanto os generais-presidentes “fugiam” dos
fotógrafos,jornalistas,e câmeras de
televisão ,por terem pesonalidades significativamente
“reservadas”,a grande maioria da “tchiurma” de militares que passou a
ajudar o Presidente Bolsonaro a governar ,bem como o próprio Presidente,vive se
oferecendo,se “prontificando”,junto à
mídia, para serem fotografados efilmados
, dando “declarações” de todo o tipo. No geral, são extremamente mais “extrovertidos” que os
generais de 64.
Portanto ,uns eram “avessos” à mídia,outros a
“adoram”,assumindo posturas de borboletas deslumbradas sempre se deparam com ela.A exceção fica por conta de
poucos generais que mantém posturas parecidas com seus colegas da “antiga”.
Na verdade,”antes” os militares que governavam o país se
“davam mais ao respeito” . E se faziam
respeitar pela imprensa. “Brincando” nessa democracia que os políticos acabaram deturpando, mesmo ”avacalhando”,
os militares de hoje deram muita “confiança” à
Imprensa,em grande parte “prostituída” pelos “esquerdopatas”, que não
raras vezes agem abusiva e
desrespeitosamente com as autoridades públicas,tudo ficando por isso mesmo
quando invocam o pretenso (e falso) direito
“sagrado” à plena “liberdade de
imprensa”,que muitas vezes confundem com “libertinagem” e ” abuso-exacerbado-de-imprensa”.
Mas não há como deixar de considerar que também as pessoas mudaram
bastante nesses mais cinquenta anos, do
Regime Militar de 64,até hoje. Parece que os valores pregados
intensivamente pela esquerda desde 1985
acabaram surtindo os seus efeitos nocivos e deixaram as pessoas bem mais
“descontraídas”, menos “circunspectas”, mais “tolerantes” com os absurdos e
destruição dos valores da própria sociedade,exatamente dentro da programação
gramscista de instituir o comunismo
“corroendo” por dentro e por fora os valores da família e da sociedade.
Parece,por conseguinte,que seria necessário uma meia dúzia
desses generais “estilo 64” para encabeçarem algum movimento efetivamente “revolucionário”, “renovador”,“atropelando”
essa democracia corrompida, e ao mesmo tempo estabelecendo um novo “Estado-Democrático-de-Direito”, dando um” basta” definitivo nessa caminhada do Brasil rumo a um abismo imprevisível.
Mas não consigo definir com precisão se essa mudança de
hábitos dos brasileiros e , por
conseguinte ,também dos militares ,nesses últimos 50 anos , teria sido
uma “evolução”,ou “involução”,especialmente no aspecto de caráter.
Mas no mínimo de uma coisa podemos ter absoluta certeza: os
militares de 64 eram bem mais “machos”que os de hoje. A “coragem” dos modernos
se restringe mais às suas falas e “línguas”,que em muitas ocasiões tomam o
lugar do cérebro para “pensar”.
Tanto isso é verdade que
um só general, de “2º escalão”, Olimpio Mourão Filho, lá de Juiz de Fora/MG,então
comandando a 4ª Divisão de Infantaria, em março de 64, teve o “peito”de colocar,”no
escuro”, as suas tropas na rua, com manifesto objetivo de derrubar o então
Governo Goulart,só recebendo “aderência” de outros generais durante a sua
marcha vitoriosa para o Rio de Janeiro.
Ele foi o “estopim” e o maior herói de 64,embora jamais tenha sido reconhecido como tal no seu próprio “meio”.
Talvez seja esse o principal motivo pelo qual os “políticos”
atuais ,de baixa categoria, fabricados por “encomenda” de Antônio Gramsci ,simplesmente se “arrepiam” e
ficam “nervosinhos” frente a qualquer menção a “64”,que efetivamente jamais os tolerou.
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado e Sociólogo
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