sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Mourão diz que os mares estão agitados por causa dos vídeos e das redes sociais


Mourão em palestra em Sata Catarina — Foto: NSC TV/Reprodução
Mourão fez uma importante palestra em Florianópolis
Karollayne Rosa
G1 SC

Sem mencionar diretamente os dois vídeos compartilhados na terça-feira (25) pelo presidente Jair Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (28) que “mares não estão tranquilos, porque vídeos são divulgados, redes sociais se encandeiam”.
Mourão afirmou ainda que é necessário clareza, determinação e paciência para superar o “eterno turbilhão” e que “ninguém está atentando contra a democracia”.
DESAFIOS A SUPERAR – “Santa Catarina é o primeiro estado que visito no ano de 2020 para falar daquilo que é a realidade que estamos vivendo e quais são as propostas do nosso governo em fazer avançar ao longo deste ano. Nossa apresentação se destina a falar desses desafios que temos de superar e, mais uma vez, eu destaco que os mares não estão tranquilos”, afirmou o vice-presidente no início de uma palestra na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).
“Os mares não estão tranquilos, porque vídeos são divulgados, redes sociais se encandeiam, as pessoas, muitas vezes, não raciocinam sobre aquilo que estavam escrevendo, que estão discutindo, emoções são colocadas à flor da pele, e parece que nós vivemos num eterno turbilhão.”
Na terça, Bolsonaro compartilhou um vídeo em sua conta pessoal no WhatsApp convocando para manifestações organizadas por grupos de direita que o apoiam. O objetivo dos atos é protestar contra o Congresso e contra o Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente não citou os dois poderes em suas mensagens.
FORTES PROTESTOS – A publicação gerou fortes protestos de ministros do STF, de políticos e de entidades da sociedade civil. Na quarta-feira (26), Bolsonaro disse por meio de redes sociais que tem no WhatsApp “algumas poucas dezenas de amigos onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal”. E não contestou a hipótese de os vídeos se referirem a fatos atuais.
Já nesta quinta-feira (27), o presidente mudou a versão. Durante live distribuída pelo Palácio do Planalto, afirmou que o vídeo postado por ele, e revelado pela jornalista Vera Magalhães, do jornal “O Estado de S.Paulo”, é de 2015.
‘ETERNO TURBILHÃO’ – O evento do qual Mourão participou faz parte das comemorações do aniversário de 70 anos da Federação catarinense. No começo de seu discurso, o vice-presidente falou aos empresários sobre a necessidade de superar o “eterno turbilhão” vivido pelo país.
“Este eterno turbilhão tem de ser superado por uma tríade que desde o ano passado venho tentando demonstrar: É a tríade da clareza, da determinação e da paciência. É só com isso que vamos conseguir chegar aos objetivos que temos pela frente”, disse Mourão.
Para ele, a democracia é respeitada enquanto o governo busca atingir os objetivos, que são “restaurar e reerguer a pátria, libertá-la da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica”.
DEMOCRACIA LIBERAL – “Com a nossa visão de fazer do Brasil a mais vibrante e próspera, e ainda deixar muito claro, democracia liberal do Hemisfério Sul. Aqui ninguém está atentando contra a democracia, isso tem que ficar muito claro”, disse.
O presidente da Fiesc, Mario Aguiar, aproveitou para pedir apoio para solucionar problemas rodovias federais de Santa Catarina e também maior repasse de recursos federais. Ele disse que Santa Catarina contribuiu em R$ 66,3 bilhões com impostos e recebeu da União R$ 6,7 bilhões. “Estado de Santa Catarina está alinhado ao governo federal”, afirmou Mario no início de sua fala.
Segundo a Fiesc, 14,5 quilômetros de obras de ampliação e duplicação foram entregues nos últimos 10 anos das rodovias BR 163, 280 e 470. O presidente da Federação ainda mencionou atrasos de projetos ferroviários que podem auxiliar para escoar a produção catarinense.
OUTROS ASSUNTOS – Mourão falou sobre guerras mundiais, democracia e mencionou o leilão do 5G como essencial para o desenvolvimento da internet e economia do conhecimento no Brasil. “O capital anda para onde tem lucro. O capital não tem pátria”, disse.
Mourão ainda falou da expectativa para que o Congresso entregue a reforma tributária este ano, citou as concessões como um dos pilares da produtividade para a retomada do crescimento e falou sobre o que considera dificuldades no setor agrícola do país.
“Não podemos perder a guerra do ambiente porque nós possuímos a legislação mais avançada do mundo. Em nenhum outro local do mundo, o proprietário rural é obrigado a preservar parte da sua propriedade, só no Brasil. [Nos] Estados Unidos e [na] Europa os produtores são livres para plantar onde quiserem, aqui não”, afirmou Mourão.

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