Filme indicado a seis estatuetas do Oscar mostra outro lado do movimento nacionalista de Hitler
Jojo Rabbit (Taika Waititi) é uma comédia dramática lançada no fim de 2019 que trata sobre o contexto da Segunda Guerra Mundial, com foco na história de um menino alemão nazista que deseja fazer parte da Juventude Hitlerista, mas descobre que sua mãe está escondendo uma garota judia no porão de sua casa. A produção americana foi indicada a seis categorias do Oscar 2020: melhor filme, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro adaptado, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor montagem.
Por ser uma narrativa que tenta apresentar um diferente ponto de vista à Alemanha Nazista, retratando acontecimentos que de fato estiveram na história, o filme pode ser utilizado para fins de aprendizagem, porém, com ressalvas. Segundo as assessoras de História, Filosofia e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Adriana Ralejo e Daniela Silva, a História é uma ciência que, a partir de suas interpretações teórico-metodológicas, possibilita diferentes narrativas de um mesmo período, com isso, elas comentam algumas características de destaque no filme, que devem ser vistas com maior atenção ou podem ser bem aproveitadas:
Produção alemã ou norte-americana?
Na obra, há algumas incompatibilidades com o período retratado. “O filme inicia com imagens da Juventude Hitlerista, porém, a música de fundo utilizada (I wanna hold you hand – Beatles, 1964) é proveniente de um período posterior ao retratado e valorizada pela juventude americana mais do que a alemã”, expõe Adriana Ralejo. Para a historiadora, é preciso analisar quais as intencionalidades e efeitos que essa combinação provoca, “como confundir as realidades da juventude norte-americana com a germânica, ocasionando o que chamamos de anacronismo histórico”.
“Além disso, um dos equívocos - do ponto de vista didático - mais recorrentes nesse tipo de produção é a utilização da língua inglesa como universal; falariam os alemães em inglês?”, questiona ela, ressaltando que isso acontece em diferentes produções cinematográficas produzidas por americanos e que retratam diferentes culturas. Esses exemplos, segundo a professora, entram em contradição com uma sociedade que se constrói sob a ideologia da hegemonia da cultura nazista, conhecidamente nacionalista fanática.
Romantização do nazismo
Um dos perigos do uso da comédia para representação dos fatos históricos é a romantização da História. “Ao retratar Hitler como um personagem imaginário e caricato, o autoritarismo assume uma faceta amenizada presente na juventude alemã, representando o processo de treinamento para as forças armadas como um momento de prazer e diversão”, alerta Daniela Silva, lembrando que não é por conta dos perigos do uso do gênero humorístico que devem ser excluídas suas possibilidades narrativas. “Um exemplo do uso bem equilibrado do humor, sem deixar de transmitir sua mensagem de alerta aos regimes autoritários, é o filme A vida é bela (1997), que retrata os campos de concentração na Itália balizado pela comédia, mas despertando a reflexão sobre o terror e a violência nesse cenário”, comenta.
Educação de jovens nazistas
A representação da educação dos jovens no filme demonstra a valorização do treinamento militar e o culto à personalidade de Hitler, que era uma inspiração a ser seguida para o alcance de posições de poder na sociedade alemã da época. “Nesse modelo de educação, a cultura considerada degenerada - judia - é alvo de destruição, representada principalmente pela cena da queima dos livros”, expõe Daniela. Esse incentivo à cultura apenas nazista é reforçado em vários momentos do longa-metragem, inclusive no uso de propagandas nazistas.
Demonização de judeus
“A construção demonizada dos judeus como uma ameaça à raça ariana é representada pelo livro feito pelo personagem principal, utilizando da arte como um meio de legitimar a violência frente aos judeus”, destaca Adriana. Em contraposição, o filme mostra um diálogo entre o alemão e a judia, que problematiza esse olhar cultural hegemônico, apresentando as produções intelectuais dos judeus. Para a professora, “nessa perspectiva, é possível pensar pelo viés do documentário Arquitetura da Destruição (1989), o qual apresenta as destruições realizadas pelos nazistas no que se referia a conhecimentos que não fossem alemães em sua essência. Dessa forma, acreditamos que mais de uma narrativa histórica está presente no filme, lançando os diferentes olhares que o fazer científico proporciona”.
Figura feminina e tabus atuais
A comédia possibilitou a aparição de outras narrativas de forma mais ampla, sendo possível citar a questão de gênero, a homossexualidade dentro das forças armadas, o padrão físico cultuado pelo exército e a consequente marginalização dos que não se enquadravam aos parâmetros estabelecidos. “A figura da mulher é inicialmente retratada pelo olhar patriarcal, com suas funções sociais reduzidas à geração de soldados para a nação e a atuação na guerra voltada para o campo da enfermagem. Por outro lado, a personagem Rosie apresenta o empoderamento feminino ao tomar frente da gestão familiar na ausência da figura masculina e ser uma personificação da resistência à sociedade nazista”, ressalta Daniela.
Alemães contra o nazismo
Era possível se contrapor ao sistema nazista no centro dessa sociedade? Segundo Adriana, sim, existiam resistências e o filme retrata formas dessa resistência dentro da própria sociedade alemã, “apontando alemães que se mostram humanos frente à violência simbólica e física contra os judeus, como é o caso da própria mãe do personagem principal”. A professora lembra ainda que esse fato remete a episódios explorados dentro do ensino de História, como o caso de Anne Frank. “Contudo, cabe ressaltar que a resistência não é somente vista em sua beleza, mas também são apresentadas as consequências a quem se coloca contra esse sistema, tal qual os enforcamentos em praça pública”, salienta.
Além desses pontos, é possível citar outros fatos históricos presentes no filme, como a coleta de doações para fundos de guerra; a atuação investigativa da Gestapo; o suicídio de Hitler e a vitória das forças aliadas – todos temas que podem ser explorados por pais e professores ao apresentar a obra cinematográfica para adolescentes e jovens. Ainda é importante destacar que a classificação indicativa do filme é de 14 anos.
Sobre o Sistema Positivo de Ensino
É o maior e mais tradicional sistema voltado ao ensino particular no Brasil. Com um projeto sempre atual e inovador, ele oferece às escolas particulares diversos recursos que abrangem alunos, professores, gestores e também a família do aluno com conteúdo diferenciado. Para os estudantes, são ofertadas atividades integradas entre o livro didático e plataformas educacionais que o auxiliam na aprendizagem. Os professores recebem propostas de trabalho pedagógico focadas em diversas disciplinas, enquanto os gestores recebem recursos de apoio para a administração escolar, incluindo cursos e ferramentas que abordam temas voltados às áreas de pedagogia, marketing, finanças e questões jurídicas. A família participa do processo de aprendizagem do aluno recebendo conteúdo específico, que contempla revistas e webconferências voltados à educação.
Por ser uma narrativa que tenta apresentar um diferente ponto de vista à Alemanha Nazista, retratando acontecimentos que de fato estiveram na história, o filme pode ser utilizado para fins de aprendizagem, porém, com ressalvas. Segundo as assessoras de História, Filosofia e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Adriana Ralejo e Daniela Silva, a História é uma ciência que, a partir de suas interpretações teórico-metodológicas, possibilita diferentes narrativas de um mesmo período, com isso, elas comentam algumas características de destaque no filme, que devem ser vistas com maior atenção ou podem ser bem aproveitadas:
Produção alemã ou norte-americana?
Na obra, há algumas incompatibilidades com o período retratado. “O filme inicia com imagens da Juventude Hitlerista, porém, a música de fundo utilizada (I wanna hold you hand – Beatles, 1964) é proveniente de um período posterior ao retratado e valorizada pela juventude americana mais do que a alemã”, expõe Adriana Ralejo. Para a historiadora, é preciso analisar quais as intencionalidades e efeitos que essa combinação provoca, “como confundir as realidades da juventude norte-americana com a germânica, ocasionando o que chamamos de anacronismo histórico”.
“Além disso, um dos equívocos - do ponto de vista didático - mais recorrentes nesse tipo de produção é a utilização da língua inglesa como universal; falariam os alemães em inglês?”, questiona ela, ressaltando que isso acontece em diferentes produções cinematográficas produzidas por americanos e que retratam diferentes culturas. Esses exemplos, segundo a professora, entram em contradição com uma sociedade que se constrói sob a ideologia da hegemonia da cultura nazista, conhecidamente nacionalista fanática.
Romantização do nazismo
Um dos perigos do uso da comédia para representação dos fatos históricos é a romantização da História. “Ao retratar Hitler como um personagem imaginário e caricato, o autoritarismo assume uma faceta amenizada presente na juventude alemã, representando o processo de treinamento para as forças armadas como um momento de prazer e diversão”, alerta Daniela Silva, lembrando que não é por conta dos perigos do uso do gênero humorístico que devem ser excluídas suas possibilidades narrativas. “Um exemplo do uso bem equilibrado do humor, sem deixar de transmitir sua mensagem de alerta aos regimes autoritários, é o filme A vida é bela (1997), que retrata os campos de concentração na Itália balizado pela comédia, mas despertando a reflexão sobre o terror e a violência nesse cenário”, comenta.
Educação de jovens nazistas
A representação da educação dos jovens no filme demonstra a valorização do treinamento militar e o culto à personalidade de Hitler, que era uma inspiração a ser seguida para o alcance de posições de poder na sociedade alemã da época. “Nesse modelo de educação, a cultura considerada degenerada - judia - é alvo de destruição, representada principalmente pela cena da queima dos livros”, expõe Daniela. Esse incentivo à cultura apenas nazista é reforçado em vários momentos do longa-metragem, inclusive no uso de propagandas nazistas.
Demonização de judeus
“A construção demonizada dos judeus como uma ameaça à raça ariana é representada pelo livro feito pelo personagem principal, utilizando da arte como um meio de legitimar a violência frente aos judeus”, destaca Adriana. Em contraposição, o filme mostra um diálogo entre o alemão e a judia, que problematiza esse olhar cultural hegemônico, apresentando as produções intelectuais dos judeus. Para a professora, “nessa perspectiva, é possível pensar pelo viés do documentário Arquitetura da Destruição (1989), o qual apresenta as destruições realizadas pelos nazistas no que se referia a conhecimentos que não fossem alemães em sua essência. Dessa forma, acreditamos que mais de uma narrativa histórica está presente no filme, lançando os diferentes olhares que o fazer científico proporciona”.
Figura feminina e tabus atuais
A comédia possibilitou a aparição de outras narrativas de forma mais ampla, sendo possível citar a questão de gênero, a homossexualidade dentro das forças armadas, o padrão físico cultuado pelo exército e a consequente marginalização dos que não se enquadravam aos parâmetros estabelecidos. “A figura da mulher é inicialmente retratada pelo olhar patriarcal, com suas funções sociais reduzidas à geração de soldados para a nação e a atuação na guerra voltada para o campo da enfermagem. Por outro lado, a personagem Rosie apresenta o empoderamento feminino ao tomar frente da gestão familiar na ausência da figura masculina e ser uma personificação da resistência à sociedade nazista”, ressalta Daniela.
Alemães contra o nazismo
Era possível se contrapor ao sistema nazista no centro dessa sociedade? Segundo Adriana, sim, existiam resistências e o filme retrata formas dessa resistência dentro da própria sociedade alemã, “apontando alemães que se mostram humanos frente à violência simbólica e física contra os judeus, como é o caso da própria mãe do personagem principal”. A professora lembra ainda que esse fato remete a episódios explorados dentro do ensino de História, como o caso de Anne Frank. “Contudo, cabe ressaltar que a resistência não é somente vista em sua beleza, mas também são apresentadas as consequências a quem se coloca contra esse sistema, tal qual os enforcamentos em praça pública”, salienta.
Além desses pontos, é possível citar outros fatos históricos presentes no filme, como a coleta de doações para fundos de guerra; a atuação investigativa da Gestapo; o suicídio de Hitler e a vitória das forças aliadas – todos temas que podem ser explorados por pais e professores ao apresentar a obra cinematográfica para adolescentes e jovens. Ainda é importante destacar que a classificação indicativa do filme é de 14 anos.
Sobre o Sistema Positivo de Ensino
É o maior e mais tradicional sistema voltado ao ensino particular no Brasil. Com um projeto sempre atual e inovador, ele oferece às escolas particulares diversos recursos que abrangem alunos, professores, gestores e também a família do aluno com conteúdo diferenciado. Para os estudantes, são ofertadas atividades integradas entre o livro didático e plataformas educacionais que o auxiliam na aprendizagem. Os professores recebem propostas de trabalho pedagógico focadas em diversas disciplinas, enquanto os gestores recebem recursos de apoio para a administração escolar, incluindo cursos e ferramentas que abordam temas voltados às áreas de pedagogia, marketing, finanças e questões jurídicas. A família participa do processo de aprendizagem do aluno recebendo conteúdo específico, que contempla revistas e webconferências voltados à educação.
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