Queira, até muito, mas espere pouco, e não desanime com a parte que lhe
sobrar. É bom lembrar que 2020 também acabará – e aí tudo recomeça. J.
R. Guzzo, em sua coluna no portal Metrópoles:
Eis aí: 2020 está começando, e mais uma vez uma porção de pessoas,
talvez até a maioria, carrega de novo suas baterias na tomada da
esperança e imagina um ano melhor. Melhor assim, é claro – sem um mínimo
de esperança o sujeito não consegue nem sair de casa para tomar um
guaraná zero.
Mas o mais prático, nos dias de hoje, é trabalhar com o que os
técnicos chamariam de “esperança controlada”. Ou seja: queira, até
queira muito, mas espere pouco, e não desanime com a parte que lhe
sobrar. É bom lembrar também que 2020 vai acabar, e que em 2021 vai ser
preciso começar de novo.
Nessa época, antigamente, era uma espécie de praxe para muito
jornalista receber dos editores (que então se chamavam “chefes”, apenas,
e faziam as mesmas coisas) a instrução de escrever “alguma coisa” sobre
as “perspectivas do ano”, ou algo assim. Parece, hoje, que os editores,
os jornalistas e sobretudo o público se cansaram um pouco dessa
ladainha.
Os prognósticos acabavam não tendo muito mais valor que o horóscopo
e, no fim, não adiantavam para nada, mesmo porque já estavam esquecidos
entre os dias 2 e 3 de janeiro. Fique em paz, portanto: ninguém, pelo
menos neste artigo, vai ficar tentando adivinhar o que o no de 2020
trará para o público em geral. O que será, será.
Mas talvez seja possível comemorar discretamente uma pequena vitória,
aqui e ali, junto aos parasitas que vivem do seu dinheiro; talvez, por
medo das “redes sociais” (é a moda, hoje), larguem um pedacinho do osso.
Tipo o que, por exemplo? Os R$ 3,8 bilhões que querem roubar com o
pé-de-cabra do “Fundo Eleitoral” talvez fiquem só em R$ 2 bilhões.
A nossa “democracia”, assim, terá os recursos indispensáveis para
manter o seu vigor. A “igualdade financeira” entre os candidatos estará
assegurada. “As instituições”, mais uma vez, sairão vitoriosas. E, veja
só, vai dar para você receber todos esses presentes da sua Câmara e do
seu Senado por R$ 1,8 bi a menos. Beleza, não é? “Esperança controlada” é
isso aí. Feliz Ano Novo
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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