sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Com a volta do Integralismo, a extrema direita tenta sobreviver como doutrina nacional


Os novos grupos integralistas já estão se espalhando pelo país
Pedro do Coutto
No espaço que brilhantemente ocupa em O Globo, Luis Fernando Veríssimo focaliza etapas históricas do Integralismo, que tenta sobreviver através de esforço para representar a radical extrema direita. Parte dos fatos, como a existência de uma organização que assim se denomina, mas tal associação não assumiu o ataque ao estúdio da produtora Porta dos Fundos.
Em seu artigo, Luis Fernando Veríssimo acentua que muita gente se espantou ao saber que o Integralismo ainda existe.  
CÓPIA DO FASCISMO – O movimento surgiu dos anos 20 para a década de 30 como uma facção fascista. Apoiou o ato de Vargas em novembro de 37 quando rasgou a Constituição de 34 e implantou uma ditadura chamada Estado Novo que viveu de 37 a 1945.
Plínio Salgado era o líder integralista, cópia do Fascismo de Mussolini e do Nazismo de Hittler. Em 38 organizou um desfile em frente ao Palácio Guanabara a que esteve presente Vargas. Os integralistas reivindicavam o Ministério da Educação para Salgado. Não sendo atendido, desfechou ataque armado ao Palácio Guanabara com a intenção de matar Getúlio Vargas. O atentado fracassou e Plínio Salgado conseguiu fugir e obter asilo em Portugal. Os principais dirigentes do movimento foram presos.
AUTONOSTALGIA – Mas Veríssimo afirma que há no Brasil um fenômeno que qualifica como nostalgia de si mesmo e que abriga correntes de opinião e figuras políticas. E Indaga qual a faixa de pensamento que esse movimento ocupa. Na minha opinião, ocupava algo em torno de 10% da opinião pública, de acordo com o resultado das eleições presidenciais de 1955. Foi esse percentual de votos que Plínio Salgado obteve na legenda que criou o PRP, partido de representação popular. As urnas revelaram os resultados: Juscelino Kubitschek, 33%; Juarez Távora, 27%; Adhemar de Barros, 20%, num cenário que se completa com 10% de votos brancos e nulos.
ESTACIONÁRIOS – Acredito que o pensamento integralista e discricionário permanece na escala dos 10%. Mas existe um fato curioso em torno dessa identificação. Há correntes de pensamento integralista que não têm noção da posição que verdadeiramente ocupam. São os fanáticos da extrema direita que acham que os desafios sociais possam ser resolvidos pela força, o que representa um desastre total na vida contemporânea, porque não somente no Brasil, como também em vários países já surgiram, além de extremistas, os que se nomeiam tragicamente de neonazistas.
O radicalismo é uma catástrofe. Procura sempre resolver os problemas pela força bruta e também armada. Mas é um enigma seu ressurgimento, porque, como dizia Santiago Dantas, tal posição ideológica foi derrotada totalmente no final da Segunda Guerra Mundial. Portanto, para se explicar a sobrevivência do Integralismo, só podemos considerar como causas o fanatismo e a intolerância.

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