sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Após 8 anos, exportação de compensados de pinus e serrado de madeira deve ter retração pela primeira vez

Forest 2 Market

O especialista no setor, Marcelo Schmid da Forest2Market do Brasil, afirma que a expectativa para o fechamento de 2019 não é positiva e provavelmente será o primeiro ano de retração desde 2011
Embora a exportação brasileira de compensados de pinus e serrado de madeira entre 2011 e 2018 tenha sido crescente, a situação atual das exportações tem preocupado os especialistas.  Após 8 anos consecutivos de expansão, 2019 tende a ser o primeiro ano de retração.

Dois artigos de análise publicados pela Forest2Market do Brasil -  empresa que possui um banco de dados atual e exclusivo de transações entregues e uma abrangente infraestrutura de coleta de dados - em agosto e setembro de 2018, destacavam um momento positivo do mercado e um impulso no aumento das exportações de compensado de pinus e madeira serrada.

No entanto,  em maio de 2019, a equipe da Forest2Market do Brasil analisou novamente o mercado, focando na exportação de compensados de pinus, e percebeu uma queda de 31% no volume exportado nos meses de março e abril deste ano. Foi revelado, então, que o que havia causado a redução da demanda pelo produto brasileiro havia sido o efeito das condições climáticas negativas durante a temporada de construções nos Estados Unidos.

Entretanto, em um artigo mais recente - de agosto - escrito pela equipe da Forest2Market nos Estados Unidos, o mercado da construção civil norte-americano (grande driver da exportação de produtos madeireiros brasileiros) ganhou destaque por ter tido o melhor desempenho mensal desde 2007. Marcelo Schmid, sócio-diretor da Forest2Market do Brasil, afirma que: “esse pode ser um sinal que indica o início de uma temporada de construção tardia que traz ao mercado de construção norte-americano esperanças de um final de ano positivo”.

Sobre a indústria brasileira, Schmid alerta: “a situação atual das exportações do mercado de compensados de pinus tem preocupado bastante”. Apesar da tendência da exportação entre 2011 e 2018 ter sido crescente (como apresenta a figura 01), para alcançar o volume exportado em 2018, o Brasil teria que exportar mais de 105 mil toneladas por mês até o fim do ano. Porém, nos últimos três meses (agosto, setembro e outubro), a média mensal de exportação foi de 83 mil toneladas.

Figura 01. Evolução anual da exportação de compensados de pinus brasileiro

*Até o mês de outubro

Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil

Após um excelente crescimento no mês de maio, todos os meses seguintes tiveram retração, quando comparados aos mesmos meses no ano passado, conforme demonstra a figura 02. Marcelo revela, ainda, que “a expectativa para o fechamento de 2019 não é positiva, provavelmente será o primeiro ano de retração desde 2011”.

Figura 02. Comparação mensal do volume de compensados de pinus exportado em 2018 e 2019


Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil

Madeira Serrada

“No caso da madeira serrada, o caminho parece ser o mesmo”, diz Schmid. Para alcançar o volume exportado em 2018, o Brasil teria que exportar mais de 115 mil toneladas por mês até o fim do ano, conforme apresenta a figura 03. Entretanto, nos últimos três meses, a média mensal foi de apenas 79 mil toneladas.

Figura 03. Evolução anual da exportação de madeira serrada de pinus pelo Brasil


*Até o mês de outubro
Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil

Embora o saldo da comparação das exportações de 2019 com 2018 ainda seja positivo, o ritmo vem caindo desde junho. Marcelo ressalta que “nos meses de agosto, setembro e outubro o Brasil exportou 79% a menos que nos mesmos meses de 2018”. O fato é demonstrado na figura 04.


Figura 04. Comparação mensal do volume de madeira serrada de pinus exportado em 2018 e 2019

Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil


Mercado global e suas consequências no futuro

“Embora o mercado norte-americano seja um importante driver das exportações de produtos de pinus pelo Brasil, problemas em outros mercados irão afetar a retomada das exportações brasileiras no curto prazo”, afirma Marcelo Schmid. 

Segundo ele, desde meados de 2018, milhões de metros cúbicos de madeira serrada e toras oriundos de países do centro europeu têm inundado o mercado, como resultado do corte prematuro de florestas danificadas por fenômenos climáticos e fitopatológicos. Até o mês de agosto, a Alemanha, um dos principais países afetados, havia exportado mais de 1,3 milhões de toneladas de toras de coníferas para a China (o Brasil exportou 19 mil toneladas de toras de pinus durante todo ano de 2018).

Marcelo revela que o fenômeno observado na Europa não é pontual e parece ter aumentado nos últimos anos gradativamente. Ele afirma que “não é possível prever por quanto tempo esta madeira afetará as relações de oferta e demanda no mercado global, porém acredita-se que pelo menos 2-3 anos”.

EUA

Neste momento, que poderia ser de recuperação das exportações brasileiras, surge uma nova preocupação aos produtores do Brasil: um grupo de dez produtores de compensado norte-americanos entrou com uma ação na justiça alegando que os compensados brasileiros possuem defeito devido à “uma falha generalizada no controle de qualidade”, destacando ainda que a competição de preços seria injusta, o que teria feito com que muitos produtores norte-americanos operassem com prejuízo, desde setembro de 2017.

A ação tem como réus as agências que atestaram e certificaram a conformidade do compensado brasileiro (à norma americana PS 1-09) e dezenas de empresas brasileiras, todas dos estados do Paraná e Santa Catarina. Os autores da ação alegam que o compensado brasileiro enviado para os Estados Unidos falhou em 75 a 100% das vezes em que foi testado durante os anos de 2018 e 2019.

As certificadoras e algumas das empresas envolvidas se pronunciaram alegando que o Brasil exporta compensados de alta qualidade há cerca de 20 anos para os Estados Unidos e que a alegação da ação judicial não é verdadeira. Entretanto, mesmo não havendo plausibilidade na ação judicial, Marcelo Schmid conclui que: “é provável que o fato possa vir a trazer algum dano à imagem da indústria brasileira pela sua própria repercussão, sendo que isso viria justamente em um momento em que os produtores de compensado no Brasil vislumbram uma sonhada recuperação do mercado externo”.


Imagens relacionadas
Figura 01 - *Até o mês de outubro
Figura 01 - *Até o mês de outubro
Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil
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Figura 02
Figura 02
Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil
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Figura 03 - *Até o mês de outubro
Figura 03 - *Até o mês de outubro
Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil
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Figura 04
Figura 04
Fonte: Comex, adaptado por Forest2Market do Brasil
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