sexta-feira, 1 de novembro de 2019

PF cumpriu mandados contra navio grego suspeito de vazar óleo no Nordeste


Investigação via satélite indica que este cargueiro grego vazou o óleo
Deu na Folha
A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (1º), mandados de busca e apreensão em uma agência marítima e na sede de representantes de uma empresa no Rio de Janeiro. Os dois alvos são ligados à empresa Delta Tankers Ltd., proprietária do navio mercante Bouboulina, de bandeira grega, indicado como origem do derramamento de óleo na costa do Nordeste brasileiro. ​
Segundo o delegado de Polícia Federal Agostinho Cascardo, um dos responsáveis pela investigação no Rio Grande do Norte, as duas empresas no Rio de Janeiro ligadas à dona do navio petroleiro — Lachman Agência Marítima e Witt O Brien’s — não são, a princípio, suspeitas de crime, mas podem ter informações e dados úteis para a PF.  A Lachman representa a empresa no Brasil, e a Witt O Brien’s faz recomendações e planos para ela em casos de desastre no mar.
NA ÁFRICA – Segundo Cascardo, o navio está agora na costa da África. Ele afirma que ainda não se sabe se foi um vazamento acidental ou um descarte intencional.
O Ministério Público Federal concordou com a manifestação da PF e pediu à Justiça Federal a expedição dos mandados, emitidos pelo juiz da 14ª vara criminal do Rio Grande do Norte.
O inquérito policial sobre o caso, no Rio Grande do Norte, teve acesso a imagens de satélite que partiram das praias atingidas até o ponto de origem de forma retrospectiva.
AÇÃO CONJUNTA – Segundo a Marinha e o Ministério da Defesa, a investigação contou com esforços em diferentes áreas de conhecimento, como o estudo da influência das correntes oceânicas, a análise do tráfego marítimo, o uso de geointeligência e a análise química dos resíduos.
Análises feitas pela Petrobras e pela Universidade Federal da Bahia apontaram, primeiro, que o óleo que chegou à costa do Nordeste tinha sido produzido na Venezuela.
Estudos realizados pelo Centro de Hidrografia da Marinha junto a universidades e instituições de pesquisa depois conseguiram determinar uma área inicial de possível ocorrência do descarte de óleo.
TRIAGEM – A partir dessa área inicial, e com dados sobre o tráfego marítimo obtidos pelo Centro Integrado de Segurança Marítima (CISMAR), a Marinha chegou a um número de 1100 navios e depois refinou para 30.
Paralelamente, uma empresa privada especializada em geointeligência indicou uma mancha de óleo no dia 29 de julho a 733 km a leste da Paraíba (primeiro estado a registrar as manchas) e fragmentos se movendo em direção à costa brasileira.
Os procuradores Cibele Benevides e Victor Mariz afirmam que há fortes indícios de que a empresa, o comandante e tripulação do navio deixaram de comunicar às autoridades competentes acerca do vazamento/lançamento de petróleo cru no oceano Atlântico.

DESASTRE AMBIENTAL -O MPF classifica o impacto do derramamento de óleo como de “proporções imensuráveis”. O desastre ambiental atingiu estuários, manguezais e foz de rios em todo o Nordeste brasileiro, com prejuízos para as atividades de pesca, de maricultura e de turismo.
A última atualização do Ibama, divulgada nesta quinta (31), indica que 286 locais em 98 cidades de todos os estados do Nordeste foram atingidos pelas manchas de óleo.
Segundo o MPF, os responsáveis devem responder nas esferas cível (com o pagamento de multa e indenização por danos morais, materiais e sociais) e penal, tipificado na Lei de Crimes Ambientais, artigo 54 (pena de um a cinco anos de reclusão) e artigo 68 (pena de um a três anos de detenção).

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