domingo, 3 de novembro de 2019

Com sua inabilidade, Eduardo Bolsonaro conseguiu congelar a corrente radical do bolsonarismo


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Eduardo perdeu uma boa oportunidade de ficar calado
Pedro do Coutto
Na minha opinião, foi isso que aconteceu quando o deputado Eduardo Bolsonaro fez afirmações sobre confrontos políticos e ideológicos e, no caso de nosso país, admitindo várias formas de desfecho, entre elas o retorno do Ato Institucional nº 5 de dezembro de 1968. Provocou intensa revolta, como seria de prever na sociedade brasileira de modo geral, com destaque e reflexos maiores nas áreas políticas e jurídicas.
A impressão deixada pelo episódio foi uma forte tempestade na área política e também, como não poderia deixar de ser, na opinião pública.
DEU EXEMPLOS – O deputado Eduardo Bolsonaro, inclusive, reuniu vários exemplos de poder em países da América do Sul, referência que fez para mostrar na sua opinião um hipotético risco capaz de contaminar a democracia brasileira. Citou vários exemplos de radicalismo, acentuando como exemplos a Argentina e o Chile. Para erguer uma espécie de cordão sanitário contra ideologias da esquerda, ele se referiu a uma hipótese de acontecimentos populares no Brasil.
Causou também uma sensação de perplexidade, já que nosso país tem um governo eleito democraticamente, não se encontra em véspera de eleição, e tampouco há risco de qualquer subversão constitucional e institucional.
Se o deputado considera de esquerda o presidente eleito da Argentina Alberto Fernandes, enganou-se totalmente. O peronismo e qualquer outro populismo são, na realidade, antítese de um governo de esquerda.
NEM APOIO TINHA – Ao longo da história inclusive sucederam longos períodos peronistas sem que qualquer um deles tivesse sido apoiado pelo comunismo. Pelo contrário. O comunismo nunca transitou pelo Rio da Prata. Assim, trata-se de uma radicalização considerar o nascimento de uma força política que jamais pontuou sua presença na Argentina. Mas não é esta a questão.
A questão essencial é que a fala de Eduardo Bolsonaro foi ao encontro de uma corrente de pensamento liderada pela extrema direita, a mesma que foi testemunha e sobrevivente do desfecho trágico de dezembro de 68. Muito bem. O que aconteceu então?
Em primeiro lugar, uma onda colossal de rejeição à hipótese; em segundo lugar, por ação tácita, o deputado mais votado no Brasil em 2018 deslocou o problema para o estágio evidentemente no qual se encontra o saudosismo da ditadura que se alongou por 21 anos.
DEU TUDO ERRADO – Essa corrente certamente não esperava uma repercussão tão intensa contra seu pensamento e seu projeto de ação. Assim, Eduardo Bolsonaro congelou e, ao mesmo tempo, imobilizou qualquer hipótese de um movimento político militar inspirado na dramática reunião no Palácio da Laranjeiras em que foi editado o Ato Institucional nº 5.
Ao longo do tempo, o grupo mais radical do bolsonarismo não encontrou qualquer reação favorável ao retorno da ditadura. E a estrada da democracia continua aberta aos passageiros da liberdade.

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