quinta-feira, 31 de outubro de 2019

O porteiro desconhecido pode ser a nova versão do caseiro Francenildo, do caso Palocci?


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Somente a perícia pode atestar que o porteiro mentiu…
Carlos Newton
Em tradução simultânea, o que fez a TV Globo? Ora, apenas cumpriu seu dever de informar que o porteiro das “Vivendas da Barra” afirmou duas vezes que um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco entrou no condomínio, horas antes do homicídio, com autorização de um homem da intimidade do presidente Jair Bolsonaro e que estava na casa dele, de nº 58,  e atendeu ao interfone.
Agora vem o Ministério Público e desmente o porteiro, revelando a existência de um áudio mostrando que a entrada do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz no condomínio teria sido autorizada pelo sargento reformado Ronnie Lessa, morador da casa de nº 65.
MUITAS DÚVIDAS– Estará o porteiro mentindo, como alegam o presidente e seu filho Carlos Bolsonaro (o Zero Dois), e a Promotoria? Na minha opinião, acho apressado dizer que o porteiro mentiu, como fez a promotora Simone Sibilio nesta quarta-feira e logo depois voltou atrás, ao perceber ter dado uma tremenda mancada, pois está mais do que óbvio que houve manipulação na planilha de registro da chegada de visitantes no dia da morte de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
Recorde-se que, nesta terça-feira, a reportagem do Jornal Nacional exibiu a anotação original do porteiro, que agiu de forma rotineira e anotou todos os nomes, o tipo de carro (Logan), a placa, e o número da casa, que seria a 58. E escreveu o nome JB como responsável pela autorização. por ter julgado que falara com Jair Bolsonaro ao ligar para a casa dele, por duas vezes. A anotação do porteiro não registra o horário de saída, porque o ex-PM e o sargento saíram em outro carro, um Chevrolet Cobalt.
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O porteiro anotou tudo certinho, como era sua obrigação
Na entrevista, as promotoras revelaram que as planilhas registrando as presenças do condomínio foram apreendidas em 5 de outubro deste ano. Quando recolhido, o material mostrou a existência de uma anotação referente às 17h10 do dia 14 de março de 2018, mas com o campo referente à autorização em branco. Se a anotação do porteiro tivesse sido copiada, o nome seria JB. Ou seja, existe indicação firme de que a planilha foi manipulada, inclusive a mulher de Ronnie Lessa enviou para ele, pelo celular, a imagem dessa planilha.
MUITAS LACUNAS – A investigação ainda está cheia de brechas e as informações da TV Globo estão incompletas. Nos depoimentos, o porteiro disse ter feito duas ligações para o interfone da casa de Bolsonaro – a primeira, para autorizar a entrada do ex-PM; e a segunda, ao constatar que ele não fora para a casa 58 e se dirigira para a 65, onde mora o sargento reformado Ronnie Lessa.
Não ficou claro se houve uma terceira ligação para a casa 65, que o porteiro obrigatoriamente deveria ter feito, para confirmar a autorização de ingresso. Mas o audio que existe é de uma ligação para a casa 65, atendida pelo próprio Ronnie Lessa. 
MAIS FRAUDE? –  Se no áudio não aparecem as duas ligações para a casa 58 de Bolsonaro e consta uma ligação para a casa 65 de Lessa, há duas hipóteses: 1) O porteiro mentiu; 2) a gravação foi editada, uma possibilidade que não se pode afastar, porque, se a planilha foi fraudada, porque a gravação não pode também ter sido manipulada?
A perícia, se não for feita por aquele técnico psicodélico que depôs inocentando Michel Temer (“Tem de manter isso, viu”), vai revelar a verdade – a manipulação da planinha, já mais do que comprovada, pois a mulher do sargento enviou para ele a imagem da planilha já adulterada, antes de serem presos, e a perícia vai comprovar também se houve também a edição do áudio.
UM HOMEM DECENTE – Posso estar errado, mas estou apostando que o porteiro desconhecido é um homem decente e tudo o que disse é verdade, como ocorreu com Francenildo Costa, o caseiro que mostrou a este país quem era na realidade o ministro Antonio Palocci.
É claro que isso não prova o a participação direta de Bolsonaro ou de algum de seus filhos na morte de Marielle e Anderson. Mas evidencia que o envolvimento da família com os milicianos é uma realidade verdadeiramente constrangedora.

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