domingo, 29 de setembro de 2019

Raciocínio catastrófico sem soluções


Só dá reclamação, insuflada também pelo elefante branco que é a ONU, mas soluções ninguém aponta. Artigo de Ben Shapiro, editor de hirbak e apresentador de programa na TV norte-americana, publicado pela Gazeta:

Em julho, Adam Grant, psicólogo da Wharton Business School, tuitou: “Pautas políticas não são motivadas por problemas. Elas são motivadas por soluções. Dizer o que está errado sem propor formas de solucionar [o problema] nada mais é do que reclamar”.
Nesta semana, a reclamação esteve em alta.

As reclamações foram feitas sobretudo por menores entusiasmados, sob o aplauso barulhento dos políticos democratas e da imprensa.
Greta Thunberg, ativista sueca de 16 anos, apareceu diante do comitê climático da ONU para repreender os adultos usando termos catastróficos geralmente reservados a filmes B de desastres: “Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias. (...) É o começo de uma extinção em massa e vocês só falam em dinheiro e contos de fada de crescimento econômico eterno. Como vocês ousam?”
Numa manifestação no fim de semana, um estudante disse: “Nosso futuro corre perigo”. Outro estudante disse: “Seremos a última geração a sobreviver”.
Claro que isso é uma bobagem. Não seremos a última geração a sobreviver. O mundo continuará girando. Os danos das mudanças climáticas são incertos – podem ser moderados e podem ser graves. Mas sugerir, como fizeram os manifestantes, que o mundo acabará se não AGIRMOS! (sem que nenhuma ação específica seja recomendada) é uma mentira factual.
Todo esse “ativismo” levou o ex-presidente Barack Obama a tuitar suas palavras de sabedoria: “um problema definirá o futuro dos jovens de hoje de uma forma dramática: as mudanças climáticas. Os milhões de jovens que se organizaram e participaram da #Grevepeloclima exigem que se tome uma atitude para proteger nosso planeta, e eles merecem isso”.
De que atitude ele está falando? E por que a esquerda quer tanto estar por trás de crianças para apoiar sua causa, da mesma forma que fizeram quanto ao controle de armas depois do massacre de Parkland, na Flórida?
Talvez seja porque não esperamos que as crianças tenham as soluções. Afinal, elas são crianças. Mas adultos que se escondem por trás de crianças para evitar discussões difíceis que precisam ocorrer para que se encontre soluções nada mais são do que covardes morais.

Ao mesmo tempo em que políticos de esquerda estão celebrando essas crianças e elogiando-as pela espontaneidade, as Nações Unidas não estão fazendo nada pelo problema das mudanças climáticas. Isso porque os principais poluentes do planeta não estão no Ocidente. Os maiores poluentes são a China e Índia. E, como relatou o New York Times, “apesar das manifestações nas ruas, a China não prometeu tomar nenhuma atitude para enfrentar as mudanças climáticas”.
Adolescentes ocidentais gritando diante das câmeras não convencerão o presidente chinês Xi Jinping a diminuir as emissões de carbono e a participar de uma tributação mundial sobre o carbono. Ora, os adolescentes de Hong Kong que fecham os aeroportos não são capazes nem de convencê-lo a não violar tratados internacionais.
O fato é que reclamar sem propor soluções é inútil – ao menos para quem está interessado em resolver os problemas. É apenas autoindulgência política, criada para tornar as soluções mais difíceis graças à união da condenação moral à impraticabilidade política. Isso apenas deixa as pessoas frustradas com o “sistema”, já que essa autoindulgência sugere, equivocadamente, que na essência do problema está uma apatia cruel – uma apatia direcionada às crianças — e não um sério impasse político. É algo que divide, e não une, que polariza e não age.
Mas talvez este seja o objetivo, ao menos para os adultos que se aproveitam de crianças para esconderem sua própria indisposição em reconhecer a difícil realidade daqueles que buscam soluções.
Ben Shapiro é apresentador do "The Ben Shapiro Show" e editor-chefe do DailyWire.com.



BLOG ORLANDO TAMBOSI

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