Foto: Fabio Motta/Estadão
Petrobras
A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) afirmou nesta sexta
(27) estar disposta a negociar com a Petrobras mas reforçou ameaça de
paralisação caso a empresa não prorrogue a vigência do acordo coletivo
de trabalho até que haja um acordo. As negociações entre a categoria e a
estatal estão sendo mediadas pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho).
As duas partes têm que responder até o dia 30 se aceitam proposta de
acordo apresentada pelo tribunal. Nesta sexta, a FNP enviou ofício ao
TST afirmando que não levará a proposta do mediador a assembleia
enquanto os termos não forem confirmados pela Petrobras e pedindo mais
prazo para negociar, repetindo estratégia adotada pela FUP (Federação
Única dos Petroleiros) na quinta (26). No tribunal, existe a preocupação
de que os sindicatos estejam forçando o impasse para justificar uma
greve com motivação política contra a venda de refinarias da empresa. O
caso foi levado para apreciação do Ministério Público do Trabalho.
“Faz-se necessário que a empresa indique se aceita ou não a proposta
desta vice-presidência para que as entidades sindicais considerem
movimentar toda a estrutura necessária para a realização de assembleias
e, também, assegurar o comparecimento da categoria”, diz o documento
entregue pela FNP. O tribunal entende que as assembleias deveriam ter
sido realizadas antes do prazo para resposta. A FNP pede ainda mudança
no cronograma proposto pelo tribunal, que dá aos sindicatos a
responsabilidade de decidir primeiro. “A proposta do TST não atende à
categoria”, afirmou, em vídeo, o secretário-geral da FNP, Adaedson
Costa. “Sempre estamos dispostos a manter a negociação do acordo,
diferentemente da Petrobras, que não mudou uma vírgula na proposta”,
continuou. Ele reforça, porém, que a categoria já aprovou paralisação em
caso de perda de benefícios concedidos no acordo atual. A Petrobras diz
que não prorrogará novamente o prazo do acordo, retirando os benefícios
a partir de 1º de outubro. “Se a Petrobras não quiser continuar, não
teremos outra alternativa a não ser lutar pelos nossos direitos”,
convocou Costa. No vídeo, ele diz que a campanha contra a venda de
ativos continua e que um ato será realizado no dia 3 de outubro, quando a
estatal completa 66 anos. A FNP representa cinco sindicatos de
petroleiros no país. A FUP representa outros treze. Normalmente
antagônicas, as duas se uniram para negociar o acordo este ano. O
impasse é acirrado pelo plano de venda das refinarias. Protagonista de
vídeo convocando os petroleiros para greve em meio a negociações com a
Petrobras no TST (Tribunal Superior do Trabalho), o sindicalista Eduardo
Henrique Soares da Costa disse à Folha que a resistência à privatização
de ativos da estatal independe do resultado da mediação do tribunal a
respeito do acordo trabalhista. O vídeo, em que Costa convoca os
petroleiros a uma greve “mais forte do que a de 1995 [última paralisação
da categoria que afetou o abastecimento de combustíveis no país]”,
aumentou a preocupação no TST com relação à estratégia dos petroleiros.
“É um processe de luta que a gente vem desenvolvendo por toda a nossa
vida”, disse o sindicalista, que é dirigente da FNP e do Sindipetro-RJ.
“São coisas independentes”. Os petroleiros alegam que negociações dos
Correios e da Eletrobras também no TST foram prorrogadas em busca de
maior consenso. Eles dizem entender que o prazo estabelecido pelo
tribunal define o limite para definir se a proposta será levada a
assembleias ou não. O cronograma estabelecido prevê que os trabalhadores
se manifestem primeiro, até as 20h. A Petrobras tem até as 22h para se
manifestar. Para os sindicatos, o sistema dá vantagens negociais à
estatal.
Folhapress
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