domingo, 29 de setembro de 2019

Peça da "guerra cultural", maior evento conservador dos EUA vem pela primeira vez ao Brasil.


O presidente da American Conservative Union, Matt Schlapp.
Um grande exemplo da força e maturidade que a direita vem conquistando no mundo é o evento Conservative Political Action Conference (CPAC), que será realizado pela primeira vez no Brasil entre os dias 11 e 12 de outubro, na cidade de São Paulo. Reportagem do caderno Ideias, da Gazeta do Povo:

O Brasil passou por uma drástica mudança política após a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018. Ocupando a Presidência da República, o presidente redirecionou as ações do governo nas áreas de sua responsabilidade, como economia, justiça, educação, meio ambiente e outras. Mas ainda que venha liderando uma concreta mudança política, Bolsonaro também é fruto de uma mudança cultural que se desenha, ao menos, desde o ano de 2014.
A "guerra cultural" — termo utilizado para mostrar que as mudanças políticas ocorrem conforme os valores sociais se transformam — se tornou familiar entre a direita, que aos poucos busca também ocupar seu espaço no debate público. Ao longo dos últimos anos, foram diversos exemplos disso, com autores de pensamento liberal e conservador publicando livros, participando de debates, produzindo filmes e documentários. Um grande exemplo, portanto, da força e maturidade que a direita vem conquistando é o evento Conservative Political Action Conference (CPAC), que será realizado pela primeira vez no Brasil entre os dias 11 e 12 de outubro, na cidade de São Paulo.
História e valores

Criado no ano de 1973 pelos grupos American Conservative Union (ACU) e Young Americans for Freedom (YAF), o CPAC é atualmente o maior evento conservador dos EUA. Os valores defendidos por ambas as entidades, como o fortalecimento da soberania nacional, a defesa da constituição de 1787 e a crença de que apenas governos com poder limitado são capazes de garantir a liberdade individual, estão no cerne do evento que busca reunir "agentes públicos eleitos, lideranças conservadoras e milhares de ativistas (...) para que aprofundem e ampliem o conhecimento enquanto capacitam conservadores com habilidades para se tornarem ativistas mais eficazes".
Com esta finalidade, o CPAC reuniu ao longo de sua história grandes personagens da direita como os ex-presidentes Ronald Reagan e George W. Bush, o ex-vice-presidente Dick Cheney e o ex-candidato republicano à Presidência da República no ano de 2012, Mitt Romney. Recentemente, o evento recebeu importantes nomes como o atual presidente Donald Trump e o britânico Nigel Farage que, em 2016, liderando o partido UK Independence Party (UKIP), articulou uma forte campanha favorável à saída do Reino Unido da União Europeia (BREXIT).
Para 2020, em sua 47ª edição, o evento tem como seu slogan ser "o maior encontro de formação conservadora do mundo". E de fato, ao discursar na edição deste ano, o atual presidente Donald Trump afirmou para uma multidão de pessoas que, provavelmente, ali havia realizado seu primeiro discurso político. “E eu gostei tanto”, continuou, “que voltei para discursar uma segunda vez, e então uma terceira vez. E então eu disse, vamos concorrer à presidência, certo?”.
Expansão

Atualmente, o CPAC tem se expandido para outros países. Além da tradicional edição americana — realizada neste ano entre os meses de fevereiro e março -, o CPAC teve ainda uma programação de 3 dias no último mês de agosto, em Sydney, Austrália, expandindo ainda mais a força política conservadora.
No Brasil, o CPAC será realizado graças a uma parceria entre a American Conservative Union (ACU), que organiza o evento americano, e a Fundação Indigo (Instituto de Inovação e Governança criado pelo grupo Livres quando este ainda estava vinculado ao PSL, sendo atualmente presidido por Sérgio de Petribu Bivar, filho do atual presidente da sigla Luciano Bivar). O contato entre as duas instituições foi intermediado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, segundo os organizadores do CPAC Brasil, possui uma boa relação com o presidente da ACU, Matt Schlapp, que também virá ao Brasil palestrar no evento.
Com nomes que se destacaram nos últimos anos por fortes posições conservadoras e liberais, o evento terá uma agenda cheia. Além de receber os ministros do atual governo Abraham Weintraub (Educação), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), o evento contará ainda com o próprio presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo.
Fechando os nomes que compõem o atual governo, o CPAC Brasil terá ainda como palestrante Filipe Garcia Martins, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais e um dos nomes mais conhecidos nos círculos da direita por suas análises políticas, e Arthur Weintraub, irmão do Ministro Abraham Weintraub e também assessor especial da Presidência da República.
Resgate

Um tema que tem sido frequente nos discussões conservadoras do Brasil, e que nesta edição do CPAC deve se repetir, é o resgate da história do Brasil. Além de contar com a participação do deputado federal pelo PSL e membro da Casa Imperial Brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o evento trará ainda Dom Bertrand de Orleans e Bragança, que seria o atual Príncipe Imperial do Brasil. Dom Bertrand tem sido uma forte liderança do movimento de restauração da monarquia brasileira e em suas palestras costuma abordar a importância de se preservar a história e seus "mitos fundadores" — aqueles que colaboraram para a formação do país.
Segundo a organização do evento, além das palestras programadas, haverá um segundo espaço onde o público poderá interagir com os convidados que irão participar de bate papos e rodadas de debate.
No total, estão confirmados 18 palestrantes até o momento. Entre os já mencionados, há também Rafael Nogueira (pesquisador e historiador); Bernardo Kuster (jornalista e youtuber); Fernando Francischini (deputado estadual pelo PSL e delegado de polícia); Nando Moura (músico e produtor de conteúdo); Ana Caroline Campagnolo (deputada estadual e vice-presidente do PSL Jovens); Mercedes Schlapp (estrategista da campanha de reeleição de Donald Trump à Presidência da República); James Roberts (pesquisador da Heritage Foundation); Ana Paula Henkel (medalhista olímpica e analista de política e esportes); Bene Barbosa (especialista em segurança pública, ativista e autor do best-seller 'Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento'); e Kassy Dillon (comentarista política e criadora do movimento Lone Conservative).
Lista de espera

Assim que as inscrições para o CPAC Brasil foram abertas no dia 18 de setembro, os servidores do site tiveram dificuldades de lidar com o alto número de acessos, fazendo com que as inscrições fossem encerradas já no dia seguinte com todas as vagas preenchidas. No entanto, ainda é possível se inscrever pelo site do evento para uma lista de espera. Com capacidade para 1.200 pessoas, o CPAC Brasil será realizado no Hotel Grand Hyatt de São Paulo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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