O presidente da American Conservative Union, Matt Schlapp. |
Um grande exemplo da força e maturidade que a direita vem conquistando
no mundo é o evento Conservative Political Action Conference (CPAC), que
será realizado pela primeira vez no Brasil entre os dias 11 e 12 de
outubro, na cidade de São Paulo. Reportagem do caderno Ideias, da Gazeta do Povo:
O Brasil passou por uma drástica mudança política após a vitória
eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018. Ocupando a Presidência da
República, o presidente redirecionou as ações do governo nas áreas de
sua responsabilidade, como economia, justiça, educação, meio ambiente e
outras. Mas ainda que venha liderando uma concreta mudança política,
Bolsonaro também é fruto de uma mudança cultural que se desenha, ao
menos, desde o ano de 2014.
A "guerra cultural" — termo utilizado para mostrar que as mudanças
políticas ocorrem conforme os valores sociais se transformam — se tornou
familiar entre a direita, que aos poucos busca também ocupar seu espaço
no debate público. Ao longo dos últimos anos, foram diversos exemplos
disso, com autores de pensamento liberal e conservador publicando
livros, participando de debates, produzindo filmes e documentários. Um
grande exemplo, portanto, da força e maturidade que a direita vem
conquistando é o evento Conservative Political Action Conference (CPAC),
que será realizado pela primeira vez no Brasil entre os dias 11 e 12 de
outubro, na cidade de São Paulo.
História e valores
Criado no ano de 1973 pelos grupos American Conservative Union (ACU) e
Young Americans for Freedom (YAF), o CPAC é atualmente o maior evento
conservador dos EUA. Os valores defendidos por ambas as entidades, como o
fortalecimento da soberania nacional, a defesa da constituição de 1787 e
a crença de que apenas governos com poder limitado são capazes de
garantir a liberdade individual, estão no cerne do evento que busca
reunir "agentes públicos eleitos, lideranças conservadoras e milhares de
ativistas (...) para que aprofundem e ampliem o conhecimento enquanto
capacitam conservadores com habilidades para se tornarem ativistas mais
eficazes".
Com esta finalidade, o CPAC reuniu ao longo de sua história grandes
personagens da direita como os ex-presidentes Ronald Reagan e George W.
Bush, o ex-vice-presidente Dick Cheney e o ex-candidato republicano à
Presidência da República no ano de 2012, Mitt Romney. Recentemente, o
evento recebeu importantes nomes como o atual presidente Donald Trump e o
britânico Nigel Farage que, em 2016, liderando o partido UK
Independence Party (UKIP), articulou uma forte campanha favorável à
saída do Reino Unido da União Europeia (BREXIT).
Para 2020, em sua 47ª edição, o evento tem como seu slogan ser "o
maior encontro de formação conservadora do mundo". E de fato, ao
discursar na edição deste ano, o atual presidente Donald Trump afirmou
para uma multidão de pessoas que, provavelmente, ali havia realizado seu
primeiro discurso político. “E eu gostei tanto”, continuou, “que voltei
para discursar uma segunda vez, e então uma terceira vez. E então eu
disse, vamos concorrer à presidência, certo?”.
Expansão
Atualmente, o CPAC tem se expandido para outros países. Além da
tradicional edição americana — realizada neste ano entre os meses de
fevereiro e março -, o CPAC teve ainda uma programação de 3 dias no
último mês de agosto, em Sydney, Austrália, expandindo ainda mais a
força política conservadora.
No Brasil, o CPAC será realizado graças a uma parceria entre a
American Conservative Union (ACU), que organiza o evento americano, e a
Fundação Indigo (Instituto de Inovação e Governança criado pelo grupo
Livres quando este ainda estava vinculado ao PSL, sendo atualmente
presidido por Sérgio de Petribu Bivar, filho do atual presidente da
sigla Luciano Bivar). O contato entre as duas instituições foi
intermediado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, segundo os
organizadores do CPAC Brasil, possui uma boa relação com o presidente da
ACU, Matt Schlapp, que também virá ao Brasil palestrar no evento.
Com nomes que se destacaram nos últimos anos por fortes posições
conservadoras e liberais, o evento terá uma agenda cheia. Além de
receber os ministros do atual governo Abraham Weintraub (Educação),
Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Damares Alves (Mulher, Família e
Direitos Humanos), o evento contará ainda com o próprio presidente Jair
Bolsonaro e seu filho Eduardo.
Fechando os nomes que compõem o atual governo, o CPAC Brasil terá
ainda como palestrante Filipe Garcia Martins, assessor especial da
Presidência da República para assuntos internacionais e um dos nomes
mais conhecidos nos círculos da direita por suas análises políticas, e
Arthur Weintraub, irmão do Ministro Abraham Weintraub e também assessor
especial da Presidência da República.
Resgate
Um tema que tem sido frequente nos discussões conservadoras do
Brasil, e que nesta edição do CPAC deve se repetir, é o resgate da
história do Brasil. Além de contar com a participação do deputado
federal pelo PSL e membro da Casa Imperial Brasileira, Luiz Philippe de
Orleans e Bragança, o evento trará ainda Dom Bertrand de Orleans e
Bragança, que seria o atual Príncipe Imperial do Brasil. Dom Bertrand
tem sido uma forte liderança do movimento de restauração da monarquia
brasileira e em suas palestras costuma abordar a importância de se
preservar a história e seus "mitos fundadores" — aqueles que colaboraram
para a formação do país.
Segundo a organização do evento, além das palestras programadas,
haverá um segundo espaço onde o público poderá interagir com os
convidados que irão participar de bate papos e rodadas de debate.
No total, estão confirmados 18 palestrantes até o momento. Entre os
já mencionados, há também Rafael Nogueira (pesquisador e historiador);
Bernardo Kuster (jornalista e youtuber); Fernando Francischini (deputado
estadual pelo PSL e delegado de polícia); Nando Moura (músico e
produtor de conteúdo); Ana Caroline Campagnolo (deputada estadual e
vice-presidente do PSL Jovens); Mercedes Schlapp (estrategista da
campanha de reeleição de Donald Trump à Presidência da República); James
Roberts (pesquisador da Heritage Foundation); Ana Paula Henkel
(medalhista olímpica e analista de política e esportes); Bene Barbosa
(especialista em segurança pública, ativista e autor do best-seller
'Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento'); e Kassy Dillon (comentarista
política e criadora do movimento Lone Conservative).
Lista de espera
Assim que as inscrições para o CPAC Brasil foram abertas no dia 18 de
setembro, os servidores do site tiveram dificuldades de lidar com o
alto número de acessos, fazendo com que as inscrições fossem encerradas
já no dia seguinte com todas as vagas preenchidas. No entanto, ainda é
possível se inscrever pelo site do evento para uma lista de espera. Com
capacidade para 1.200 pessoas, o CPAC Brasil será realizado no Hotel
Grand Hyatt de São Paulo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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