O STF, que é uma vergonha, vai decidir no plenário sobre essa manobra
vergonhosa. E está fazendo questão de convidar o Brasil a mostrar de
novo nas ruas que não, usar toga não dá direito a passar a mão na...
retaguarda do povo, nem na da lei. Coluna de Guilherme Fiuza, via Gazeta do Povo:
Usando seu principal instrumento jurídico - a mão grande - o Supremo
Tribunal Federal (Segunda Turma) decidiu invalidar a sentença de Sergio
Moro que condenou o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine por
corrupção passiva no petrolão. Não há surpresa alguma nessa decisão
bizarra. Em se tratando do STF, bizarrice é coerência.
Os supremos companheiros embarcaram docemente na malandragem proposta
pela defesa do condenado. Sabe quando dizem que um time joga por
música? Pois é. As togas ungidas pela quadrilha jogam por música com os
sócios da quadrilha. Normal.
Vale assinalar que esse time também faz mágica. Ou seja: às vezes o
companheiro nem fez o lançamento, mas a bola aparece, do nada, na cara
do gol. Foi o que aconteceu na última tentativa do STF de soltar Lula na
mão grande: julgando um pedido de suspeição de Sergio Moro a partir de
material roubado por hackers e não periciado (!), as togas
superpoderosas ofereceram uma "liberdade provisória" a Lula que nem
estava no pedido da defesa - até pelo fato de que o providencial
recurso teria de ser inventado na hora. Contando ninguém acredita.
Naquela ocasião, o salto ornamental sobre a lei foi proposto pelos
zeladores da lei porque não ia dar tempo de julgar o habeas corpus de
Lula na sessão em curso - e eles tinham pressa.
Mas nem sempre eles têm pressa. Na famosa sessão anterior à prisão de
Lula - na qual cabia ao STF confirmar a lenda de que o chefe jamais
seria preso - aconteceu exatamente o contrário. A sessão que julgava o
habeas corpus preventivo para Lula foi suspensa porque Marco Aurélio
avisou que ia viajar e já tinha feito o check in. Aproveitamos para
exigir que esse evento épico seja incluído nos livros de História do
Brasil.
A coreografia do check in era a senha para a Corte amiga ganhar tempo
e ver se dava para dizer ao país, na cara dura, que ela tinha mudado de
ideia e a prisão após condenação em segunda instância não era mais
possível. Aí o Brasil tomou as ruas e "informou" aos supremos
companheiros que não, não seria possível passar a mão na... retaguarda
do povo com aquele escárnio.
Quem estava no comando da nave espacial togada naquele momento era
Carmen Lúcia, a mesma que agora deu o voto "surpreendente" na
SegundaTurma para aliviar Bendine. A quem Carminha surpreende?
Carminha surpreende só a quem quer. Foi ela também que escalou
Facchin no grito para decidir sobre a famigerada delação de Joesley
Batista - Facchin cuja sabatina no Senado para a vaga no Supremo contou
com o valoroso apoio de lobistas da JBS. A delação arranjada, fajuta e
criminosa foi homologada em tempo recorde - permitindo a conspiração
mais sórdida da história recente, que só não se consumou num golpe pelas
trapalhadas do próprio Joesley, que confessou tudo sem querer e foi
preso.
Carminha agora vota a favor da tese criativa de que a defesa de
Bendine tinha que ter lido as alegações finais dos delatores do processo
- réus como Bendine - antes da sentença. Cada um com seu privilégio - e
esse aí deve ser exclusividade de quem participou do maior assalto da
República.
O STF, que é uma vergonha, vai decidir no plenário sobre essa manobra
vergonhosa. E está fazendo questão de convidar o Brasil a mostrar de
novo nas ruas que não, usar toga não dá direito a passar a mão na...
retaguarda do povo, nem na da lei.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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