POLITICA LIVRE
Foto: Dida Sampaio/Estadão
O presidente Jair Bolsonaro
Durante almoço com caminhoneiros em Anápolis -a 50 km de
Goiânia- o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta sexta-feira (31)
estar “comendo o pão que o diabo amassou” no governo, mas que só muda se
cassarem seu mandato. “Meu cabra, eu estou comendo o pão que o diabo
amassou, tá? Não loteamos ministérios, bancos oficiais, estatais. Só
muda se alguém cassar meu mandato”, disse em tom de desabafo quando um
dos participantes falou que estava faltando “boa vontade em Brasília”.
Depois de cumprir uma agenda em Goiânia, onde participou de um encontro
da igreja evangélica Assembleia de Deus, Bolsonaro parou em uma
churrascaria que fica em Anápolis, na estrada que liga Goiânia a
Brasília. Ele chegou ao local acompanhado do ministro Tarcísio de
Freitas (Infraestrutura) – escalado para responder as dúvidas dos
caminhoneiros – do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do líder do
governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) e do porta-voz da
Presidência, general Otávio Rêgo Barros. Ao falar sobre as dificuldades
em governar, Bolsonaro ouviu palavras de incentivos dos caminhoneiros.
“Estamos com o senhor”, disse um deles. O local escolhido para o
encontro se chama “Presidente posto e churrascaria – um amigo na
estrada”, onde Bolsonaro chegou por volta de 12h30 e permaneceu por 45
minutos. Embora tenha dito que a escolha do restaurante foi “aleatória”,
ao deixar o local, ele disse que sua equipe fez um levantamento sobre a
presença de caminhoneiros na região. “Foi aleatória [a ida para o
restaurante]. Foi feito levantamento de ontem para hoje de onde teria
mais caminhões neste horário, eu estava vindo de Goiânia e paramos aqui
para conversar com os caminhoneiros”, disse. O almoço com os
caminhoneiros não estava previsto na agenda do presidente. Segundo sua
assessoria de imprensa, ele decidiu de última hora e os caminhoneiros
não pertencem a nenhuma associação ou grupo organizado. O deslocamento
foi feito por Bolsonaro e sua equipe de helicóptero e exigiu um reforço
na segurança. O presidente passou a maior parte do tempo em silêncio,
enquanto comia churrasco e bebia coca-cola. Coube a Tarcísio esclarecer
as principais dúvidas sobre preço dos combustíveis, frete e outras
dificuldades enfrentadas pela categoria. Nas poucas intervenções que
fez, Bolsonaro incentivou os caminhoneiros a darem entrada no pedido
para porte de arma de fogo, se comprometeu a acabar com radares móveis e
repetiu que vai prorrogar o tempo de validade da carteira de motorista
de 5 para 10 anos, além de dobrar o limite de pontos de 20 para 40.
Questionado sobre se existia alguma iniciativa do governo para baixar o
preço do diesel, Bolsonaro disse que isso dependia de um imposto
estadual. “O que mais pesa no combustível é o ICMS, que é do estado. Não
é a gente. Por isso que eu trabalho para privatizar o refino. Quanto
mais tiver concorrência, melhor. Tá ok?”. O grupo de cerca de 30
caminhoneiros dirigiu uma série de dúvidas ao presidente e ao ministro.
Quando um deles falou sobre dificuldades em rodovias não privatizadas,
com pouca manutenção e segurança, o presidente citou como solução um
decreto assinado por ele. “No decreto, eu acabei com comprovar a efetiva
necessidade. Por enquanto está um pouco caro ai, mas a gente vai
diminuir isso ai, mas já abriu as portas, dá entrada. Tem um tempo de
dois ou três meses que eu botei no decreto para conceder o porte”,
disse. Ao falar sobre o tema, o presidente perguntou se a questão de
armas tinha o apoio do grupo. Três presentes levantaram os braços.
“Quanto mais arma, mais segurança. Se tiver arma de fogo é para usar”,
disse Bolsonaro. Um dos participantes perguntou sobre a idade de
aposentadoria para caminhoneiros, se a categoria entrará na idade mínima
de 65 anos, como prevê a proposta de reforma da Previdência enviada
pelo governo ao Congresso. Bolsonaro brincou com o fato de Caiado, que
estava ao seu lado, ter 70 anos. Ele pediu que o líder do governo
respondesse à pergunta. Major Vitor Hugo disse que não havia categoria
especial para caminhoneiros, mas disse que a reforma da Previdência
prevê um período de transição. O presidente não quis responder a
questionamentos sobre protestos realizados na quinta (30) contra o
bloqueio de verbas para Educação. “Ah, vamos falar sobre caminhoneiros,
vai…”, disse, demonstrando irritação e interrompendo sua fala.
Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário