Memorial do Holocausto |
A onda de antissemitismo na Europa é provocada não pelos populistas de
direita, mas pelos muçulmanos antissionistas e acadêmicos de esquerda,
escreve Jonathan Tobin (artigo traduzido para a Gazeta do Povo):
As notícias mais
recentes sobre a onda antissemita na Europa talvez não surpreendam as
pessoas que temem a ascensão dos populistas europeus. A oposição dos
populistas à União Europeia e ao globalismo é facilmente identificada na
velha direita de vários países. Muitos dos apoiadores – sejam do AfD
[Alternativa para a Alemanha] na Alemanha; da Frente Nacional na França,
liderada por Marine Le Pen; ou dos partidos que governam países como a
Polônia e Hungria – também são identificados com posturas
tradicionalmente antissemitas.
Assim, quando
autoridades federais alemãs recentemente aconselharam judeus a evitar o
uso do quipá em público para que não se tornassem alvos de violência, a
maioria dos observadores estrangeiros concluiu que eram os antissemitas
da direita que estavam atacando judeus, já que direitistas têm
conquistado espaço nas eleições, incluindo na votação recente para o
Parlamento Europeu.
Felix Klein, primeiro
“comissário para a vida judaica na Alemanha e para a luta contra o
antissemitismo” alemão foi criticado por muitas pessoas, incluindo o
presidente israelense Reuven Rivlin, pode ceder ao ódio. A revolta levou
o jornal Der Bild a publicar uma versão de papel de um quipá para que
seus leitores usassem em solidariedade aos judeus.
No começo do mês, uma
matéria da New York Times Magazine intitulada “O novo antissemitismo
alemão” dizia que “as estatísticas policiais apontam que 89% de todos os
crimes antissemitas foram cometidos por extremistas de direita”.
Mas o mesmo artigo
questionava essa estatística. De acordo com o Times, quanto as
autoridades alemãs não conseguem atribuir um motivo direto para um
ataque a um alvo judaico (e geralmente não conseguem), elas o atribuem à
direita.
Uma pesquisa da União
Europeia feita ano passado mostrou que vários judeus que se diziam ter
sido vítimas de violência antissemita afirmavam que os perpetradores
eram extremistas muçulmanos. Ainda assim, ressaltou o Times, o governo
alemão insiste que o antissemitismo no país não é um problema importado
do Oriente Médio.
O governo alemão,
como a declaração controversa de Klein sobre os quipás deixou clara, não
está indiferente ao antissemitismo, seja lá qual for sua causa. O
Bundestag recentemente votou para condenar o movimento de boicote a
Israel. Mas o governo parece muito mais atento à ameaça da direita e ao
crescimento do que ele chama de islamofobia em reação à entrada em massa
de refugiados sírios que chegaram ao país depois que Merkel abriu as
portas para eles.
Como em muitos outros
países europeus, a onda recente de imigrantes de países muçulmanos e
árabes gerou um amplo eleitorado que demonstra ódio aos judeus. Há uma
longa tradição de desrespeito aos judeus na cultura islâmica que tem
sido exacerbado pelo ressentimento desses povos contra a criação do
estado de Israel.
As expressões de ódio
muçulmanas contra Israel e os judeus são hoje idênticas às investidas
antissemitas dos europeus. Isso gera uma aliança bizarra entre
muçulmanos, acadêmicos de esquerda e outras elites que buscam
deslegitimar Israel, o sionismo e os judeus.
A Alemanha não está
isolada. Como informou o New York Times, os judeus franceses temem ser
reconhecidos como tal em algumas partes de Paris. E alguns seguidores do
partido populista de Marine Le Pen usaram uma retórica antissemita
durante os protestos dos Coletes Amarelos contra o presidente Emmanuel
Macron. Mas a principal fonte de violência contra os judeus é a
população muçulmana imigrante.
Opositores de centro e
esquerda culpam os partidos nacionalistas e populistas na França e na
Alemanha pelo antissemitismo. Ironicamente, os judeus estão muito mais
seguros em países da Europa Oriental como Hungria e Polônia – cujos
governos são controlados por populistas de direita — do que na França ou
Alemanha.
A maioria dos judeus
não se sente à vontade defendendo partidos como o ADF ou a Frente
Nacional de Le Pen, apesar de demonstrarem a mesma preocupação com a
violência islâmica. Mas a ideia de que esses partidos, a despeito de sua
retórica complicada, sejam responsáveis pelo aumento do antissemitismo
não resiste a uma análise. No caso do AfD, o partido conquistou a
inimizade da comunidade judaica por sua resistência à “cultura da
memória” alemã, sob a qual aulas sobre o Holocausto se tornaram
obrigatórias e memoriais se proliferaram. Mas o AfD já se disse pró
Israel, deixando claro que ele gostaria de melhorar as relações com os
judeus alemães.
Tanto o governo
francês quanto o alemão se manifestam contrariamente ao antissemitismo.
Mas acadêmicos e outras elites ajudam a deslegitimar Israel e os judeus
em nome do antissionismo, e isso tem levado inevitavelmente à violência
contra judeus nas mãos de imigrantes muçulmanos.
Será admirável se os
alemães usarem o quipá de papel por um ou dois dias em solidariedade aos
seus vizinhos judeus encurralados. Mas o problema não é apenas uma
questão de cobrir a cabeça, e programas educacionais antiódio com
certeza fracassaram. É impossível separar a deslegitimação de Israel da
forma como os judeus são tratados. O que está acontecendo na Europa mais
uma vez prova que onde quer que o antissionismo seja legitimado, o
antissemitismo aumenta, assim como a violência antijudeus.
Jonathan S. Tobin é editor-chefe da Jewish News Syndicate e colaborador da National Review.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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