Durante o nem tão distante século passado, três gaúchos
despontaram como líderes nacionais de esquerda à frente de movimentos
que marcaram a história do país: Luiz Carlos Prestes (1898-1990), João
Goulart (1919-1976) e Leonel Brizola (1922-2004), que foram admirados na
mesma medida que combatidos. Seus grupos podiam tanto ser aliados,
superando as inúmeras divergências, como ser opositores entre si,
tensionando suas discordâncias. Dependia da “conjuntura”, termo que a
esquerda ainda utiliza para se referir aos contextos políticos. Agora,
os herdeiros políticos dessas figuras estão filiados no mesmo partido.
Desde o final do ano passado, João Vicente Goulart, filho de Jango,
Carlos Brizola, neto de Brizola, e Ana Maria Prestes, neta de Prestes,
fazem parte da direção nacional do PC do B, o Partido Comunista do
Brasil. Identificados como trabalhistas, Goulart Filho, que concorreu à
Presidência em 2018 e obteve 30.176 votos (0,03%), e Brizola Neto, que
foi ministro do Trabalho do governo Dilma Rousseff (2012-13), eram
filiados ao PPL, o Partido Pátria Livre. A sigla, porém, não conseguiu
ultrapassar a cláusula de barreira das últimas eleições e foi
incorporada ao PC do B, legenda de Ana Maria desde 1997. A incorporação
foi aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na última
terça-feira (28). “Essa união demonstra a capacidade do PC do B, apesar
das diferenças, de absorver figuras que estão preocupadas com o Brasil”,
afirma a neta de Prestes. Entre as dissonâncias recentes, exemplifica:
no governo Dilma, enquanto o PC do B era base, o PPL era oposição; no
início da campanha Lula Livre, o PPL não aderiu ao movimento que pede a
libertação do ex-presidente Lula (PT) como fez o PC do B.
Agência Brasil
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