Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Ernesto Araújo
A troca de farpas entre chefes de Estado de Brasil, França e
Alemanha aumentou a tensão sobre as negociações dos detalhes finais do
acordo entre Mercosul e União Europeia, discutido há duas décadas. Havia
expectativa de que um consenso entre os ministros dos dois blocos
pudesse ser alcançando ainda ontem, mas as conversas avançaram a noite
em Bruxelas sem que um anúncio final fosse feito. A decisão sobre o
futuro do tratado ficou para esta sexta-feira, 28. Os impasses sobre
alguns termos do acordo ainda não foram totalmente solucionados, mas foi
o clima político que pesou. O presidente francês, Emmanuel Macron,
afirmou ontem, antes da reunião de cúpula do G-20 em Osaka, no Japão,
que não assinaria um acordo com o Mercosul se o presidente Jair
Bolsonaro levasse adiante a promessa de retirar o Brasil do acordo
climático de Paris. Ele fizera ameaça similar no ano passado. Em meio a
esse clima tenso, sem uma justificativa oficial, na manhã desta
sexta-feira (horário de Osaka), 28, a assessoria de Bolsonaro, que está
no Japão para participar do G-20, informou o cancelamento de um encontro
bilateral que o presidente teria à tarde com o líder francês. Ainda na
quinta-feira, 27, antes de seguir para o encontro de líderes mundiais, a
chanceler alemã, Angela Merkel, também já havia dito que queria ter uma
“conversa clara” com Bolsonaro sobre desmatamento e que via com
preocupação a posição do brasileiro. Os europeus estão sendo
pressionados por ONGs a questionar o acordo entre Mercosul e União
Europeia. Apesar disso, Merkel se disse favorável à conclusão do
tratado. O governo brasileiro reagiu às criticas e mirou em Merkel,
justamente uma aliada no acordo. O general Augusto Heleno, ministro do
Gabinete de Segurança Institucional, disse que ninguém tem “moral” para
falar sobre preservação com o Brasil e que a Alemanha deveria “procurar
sua turma”.
Estadão
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