Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
Bolsonaro, se deixou convencer por auxiliares a fazer algumas concessões
Após desembarcar no Japão com o discurso de que o Brasil não
aceitaria ser advertido por outros países no G20, o presidente Jair
Bolsonaro (PSL) fez concessões durante sua participação no evento e
deixou Osaka com sentimento de missão cumprida ao ver Mercosul e União
Europeia chegarem a um consenso sobre o acordo de livre-comércio,
anunciado em Bruxelas. Na tarde de quinta-feira (27), o desembarque foi
turbulento: um militar integrante da equipe de apoio à comitiva
presidencial havia sido preso na Espanha com 39 kg de cocaína e líderes
europeus o cobravam por sua política ambiental, um dos principais temas
da cúpula.Aliado de primeira ordem, o general Augusto Heleno (GSI), comentou na ocasião que se tratava de “falta de sorte” a coincidência da prisão do sargento Manoel Silva Rodrigues com o início do G20. O clima desfavorável mudou ao longo dos três dias em que Bolsonaro esteve no Japão. Ele se deixou convencer por auxiliares a fazer algumas concessões como sentar para conversar sobre clima com o presidente francês, Emmanuel Macron, a quem convenceu que o Brasil permaneceria no Acordo de Paris. O encontro entre os dois se deu em meio a um vaivém nas agendas e versões divergentes das comitivas. Dias antes, Macron ameaçou não firmar o acordo entre a UE e o Mercosul se esse compromisso não fosse feito. No sábado, quando o G20 chegava ao fim, o francês disse em entrevista que o comprometimento do Brasil sobre clima foi “a verdadeira mudança” para conclusão das negociações.Ainda era madrugada em Osaka quando, em Bruxelas, a União Europeia e o Mercosul anunciavam que, após 20 anos de tratativas, tinham selado um acordo de livre-comércio. A notícia transmitida a Bolsonaro pela equipe de ministros que estavam na Bélgica mudou seu humor. Ele pediu que seus assessores organizassem uma entrevista coletiva logo para a manhã, na sua chegada ao G20. O presidente deixou para trás o tom ríspido com que respondeu aos questionamentos na sua chegada e disse ter “evoluído” e passado a gostar mais da imprensa. Mostrou-se aberto a perguntas e só saiu da sala porque assessores o lembraram que ele tinha uma agenda marcada. Durante a entrevista, Bolsonaro reconheceu que fez outra concessão: deixou de lado o plano de pedir que líderes dos Brics incentivassem uma mudança de governo na Venezuela.
Folhapress
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