quarta-feira, 29 de maio de 2019

‘Vamos ver o que posso assinar’, afirma Maia sobre ‘pacto’ sugerido por Bolsonaro



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Rodrigo Maia pretende dar uma bela embromada em Bolsonaro
Eduardo Bresciani e Jussara Soares
O Globo

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia , reafirmou nesta quarta-feira que vai discutir com os líderes dos partidos algumas contribuições da Casa ao texto do “pacto republicano” que vem sendo debatido com o presidente Jair Bolsonaro , o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli .
— Vamos ver o que posso assinar. Tenho que representar a maioria da Casa — disse Maia, depois de tentar minimizar a frase de Bolsonaro de que teria mais poder “na caneta” .
Na véspera, Bolsonaro disse ter mais poder que o presidente da Câmara e prometeu usar sua caneta Bic para revogar decretos, portarias e instruções normativas que atrapalhem, na visão do governo, quem quer produzir e investir.
SEM AVANÇO – Nesta terça-feira, Maia se reuniu com Bolsonaro, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Depois do encontro, o chefe da Câmara relatou a parlamentares que não houve nenhum avanço efetivo na relação entre os poderes. Ele relatou que a conversa foi genérica e manifestou incômodo de Bolsonaro ter carregado ministros para a reunião.
Maia então almoçou com líderes do centrão e em nenhum momento relatou a eles a necessidade de discutir o “pacto” anunciado com pompa pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O presidente da Câmara disse que a conversa foi protocolar e que Bolsonaro limitou-se a fazer pedido de apoio a “pautas de interesse do país”, sem dar detalhes específicos de que tipo de apoio almeja.
DESCONFIANÇA – Após as manifestações de domingo, Maia reconheceu a aliados que a narrativa martelada pelo governo e por pessoas que foram às ruas de que “o centrão quer cargos” foi bem explorada. Os acontecimentos só reforçaram a visão do presidente da Câmara, assim como de outros parlamentares, de que não é possível confiar no governo.
A negociação para a criação de dois ministérios na tramitação da Medida Provisória 870, que tinha o aval de Jair Bolsonaro, é um exemplo do receio. O indicado para a pasta de Cidades seria o secretário de Transportes de São Paulo, Alexandre Baldy, próximo a Maia. Mesmo depois de ter conversado e apoiado a recriação da pasta, Bolsonaro recuou, sem interceder diante das acusações de que a Câmara estaria em busca do “toma lá dá cá”.

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