A extrema imprensa está muito preocupada com a tal de ideologia, fala
nos "males" do núcleo ideológico do governo Bolsonaro, afirma que as
posições ditas ideológicas devem ceder lugar ao tema das reformas etc.
Durante o nefasto reinado do lulopetismo, jamais mencionou a questão
ideológica, que ao longo de 13 anos encostaria o país no bolivarianismo.
Subserviente, letárgica, a imprensa não estava preocupada com nada
disso. Para refrescar a memória dessa gente, aqui vai um post de 2007, escrito dentro de um dos campi avançados da ideologia:
O Brasil virou mesmo um país de mentes pasteurizadas pela ideologia.
Cinco anos de governo lulo-petista bastaram para que tudo fosse virado
pelo avesso. Se você defende as liberdades e a democracia, é tachado de
"direitista" ou "conservador" (quando as defendia durante a ditadura,
era considerado de "esquerda"). Se você defende a ciência, é logo
carimbado de "positivista", membro dessa tribo antiquada que acredita na
existência de fatos objetivos e, ainda mais absurdo, que tais fatos
sejam acessíveis e explicáveis por teorias independentes dos
observadores. E se leva a lógica a sério, então, você é um "reacionário"
consumado, vítima do raciocínio "burguês".
Isto não acontece no bar da esquina, claro, mas dentro das
universidades, particularmente nas ciências humanas/sociais. Seus alunos
já vêm ideologicamente embalados do segundo grau, mas ao invés de
desenvolverem um pensamento crítico e racionalista, recebem nos campi
nova tintura ideológica. Ali, professor "legal" é aquele que reforça as
convicções do alunado, não aquele que o incomoda com reflexão. E há
muitos mestres, nesse teatrinho, que jamais contrariam aquilo que a
platéia espera.
Onde impera o relativismo, tanto no campo cognitivo quanto na esfera
dos valores, o mundo passa a ser aquilo que a hermenêutica pós-moderna
diz que é. A grama das praças, por exemplo, pode ser vermelha,
dependendo apenas do ponto de vista do sujeito. As palavras já não se
referem à realidade, mas são a própria realidade - e nada existe fora da
linguagem!
Se há dissenso em relação à racionalidade e às ciências, há consenso
em torno de algumas pautas, a começar pelo ecologismo, que é quase uma
nova religião. Não ouse duvidar que o maldito "ser humano" seja o único
responsável pelo "Aquecimento Global", esta entidade com que os novos
apocalípticos ameaçam o planeta. Não ouse contestar que a "globalização"
seja uma invenção do imperialismo para dominar a "periferia". E nem
ouse negar que "outro mundo é possível", bem além da "lógica
capitalista" e das "leis do mercado". Sobretudo, veja no Estado
dirigente e regulador o justiceiro das classes populares, o remédio
eficaz para todos os males do "neoliberalismo". Defenda sempre mais
Estado, nunca menos.
Por fim, considere calunioso aquilo que o escritor Mário Vargas
Llosa, obviamente um liberal, definiu como "idiotice latino-americana".
Essa idiotice "postiça, deliberada e de livre-escolha", diz ele, "é
adotada conscientemente por preguiça intelectual, apatia ética e
oportunismo civil. É ideológica e política, mas acima de tudo frívola,
pois revela uma abdicação da faculdade de pensar por conta própria, de
cotejar as palavras com os fatos que pretendem descrever, de questionar a
retórica que faz as vezes de pensamento. Ela é a beatice da moda
reinante, o deixar-se levar sempre pela corrente, a religião do
estereótipo e do lugar-comum."
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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