O inhame e o cará são carboidratos de baixa absorção glicêmica e ricos em sais minerais
O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG Unaí Tupinambás esclarece que não há comprovação científica de que o inhame contribua de forma medicinal para o tratamento da dengue. Mas pode ajudar na alimentação de quem ficou desidratado por causa da doença.
“Uma bebida com cará ou inhame acaba fazendo um papel de hidratação e alimentação para a pessoa, pois junto com a água há também um pouco de carboidrato e sais minerais. Mas não há comprovação de uma ação direta com o vírus”, explica o médico.
A recomendação médica para quem tem os sintomas da dengue (como febre, vômito, manchas pelo corpo, dores na cabeça e no corpo) é procurar a unidade básica de saúde, onde haverá a recomendação por uma hidratação oral e uso de analgésicos. Se houver um fator de risco, o paciente ficará em observação.
A busca por atendimento médico é fundamental especialmente para os pacientes que possuem maior dificuldade para se hidratar, como as crianças e os idosos. Um médico da unidade de saúde poderá verificar se o paciente necessita de uma hidratação parenteral, ou seja, a infusão intravenosa de soro.
Em Minas Gerais, neste ano, foram registrados 140.754 casos prováveis de dengue, 14 mortes confirmadas pela doença, enquanto outros 57 óbitos estão sendo investigados por meio de exame laboratorial, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. Em Belo Horizonte, desde o início do ano, houve 18.894 notificações da doença, sendo que 5.195 foram confirmados.
Cuidados ao usar o inhame
O uso do inhame ou do cará em sua forma crua exige um cuidado. No dia 16 de abril, um homem de 56 anos de São José do Rio Preto, em São Paulo, morreu de intoxicação alimentar e suspeita-se que o motivo teria sido um suco feito com inhame, já que ele passou mal logo após a ingestão do suco.
A coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Kennedy, Natalia de Carvalho Teixeira, explica que, caso a hipótese de relação com o suco se confirme, diferentes fatores podem ter provocado a intoxicação sofrida pelo homem: a idade associada a uma reação alérgica ao ácido oxálico presente no inhame ou o contato com bactérias que poderiam estar no alimento cru.
“O ácido oxálico pode causar reações em algumas pessoas, mas para a maioria das pessoas não é um problema. Não é aconselhado para pessoas com problemas renais, crianças, idosos e grávidas”, explica a nutricionista.
Segundo Natalia, os tubérculos são alimentos que na forma crua oferecem um risco maior de contaminação por bactérias patogênicas por serem cultivados debaixo da terra. “Quando cozinhamos o alimento, temos uma maior segurança no consumo, pois o calor é capaz de matar as bactérias”.
Mas isso não quer dizer que o inhame não possa ser usado sem cozimento em um suco. Para isso, vale a recomendação dada para a manipulação de qualquer verdura ou legume cru: deixar de molho por 15 minutos em uma solução com água sanitária. A medida é uma colher de sopa para um litro de água.
Além do suco, Natalia recomenda que o paciente considere a ingestão de sopas e caldos feitas com os tubérculos. Afinal, uma refeição morna e leve pode ser mais confortável para um corpo debilitado pelas dores e pela desidratação.
A nutricionista reforça ainda que o ideal é inserir o inhame ou o cará na alimentação do cotidiano, por serem ricas fontes de carboidratos. “Não existe um benefício extra no uso do inhame em um momento específico. Ele deve fazer parte de uma alimentação saudável do dia a dia, como a ingestão maior de frutas, verduras e legumes em vez de alimentos industrializados”, recomenda.
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