Eduardo Salles
Coluna: Agronomia
Eduardo Salles é engenheiro agrônomo e
mestre em engenharia agrícola pela Universidade Federal de Viçosa,
ex-secretário de agricultura da Bahia e ex-presidente do Conselho
Nacional de Secretários de Agricultura (Conseagri). Foi presidente da
Associação de Produtores de Café da Bahia e também da Câmara de Comércio
Brasil/Portugal e é, há 14 anos, diretor da Associação Comercial da
Bahia. Ele escreve neste Política Livre quinzenalmente, às
quartas-feiras.
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A proposta da equipe econômica do governo federal de fundir o BNB (Banco do Nordeste do Brasil) ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é estapafúrdia porque as duas instituições têm funções diferentes e a junção vai, sem dúvida nenhuma, asfixiar a economia do Nordeste. Os números frios dos burocratas de Brasília muitas vezes colocam em risco empregos e vidas de milhões de brasileiros.
E não faltam motivos para defendermos o BNB, que é o operador do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) e tem como missão contribuir com a redução da desigualdade do Nordeste às outras regiões brasileiras. A instituição participa ativamente do fomento à agropecuária, agricultura, microcrédito aos micro e pequenos empresários e investimento estratégico na infraestrutura.
Já o BNDES não trabalha especificamente com o Nordeste e atua por setor de atividades: petróleo, gás e rodovias.
Aos 66 anos de vida, o BNB nunca apresentou sequer um resultado negativo, mesmo com sua função social. É o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina, opera o maior programa de microcrédito produtivo orientado da América do Sul, administrou em 2018 orçamento de R$ 32 bilhões e é responsável pela produção de pesquisas e estudos econômicos voltados à dinamização da economia regional.
A importância do BNB assusta porque a instituição é responsável por gerar e/ou manter 1,4 milhão de empregos e incremento de R$ 6 bilhões na arrecadação tributária.
Some a estes números o maior patrimônio do BNB: seus funcionários. São 7.000 profissionais que atendem quatro milhões de clientes ativos em 1990 municípios, 1.262 na região semiárida, atendendo 26 milhões de habitantes, e conhecem como poucos a realidade nordestina. Apenas no ano passado foram quase cinco milhões de operações, movimentando R$ 43,5 bilhões na região.
Na Bahia, apenas em 2018, o BNB injetou R$ 8,1 bilhões, o que equivale a 20% de todo o orçamento anual do Estado. Não podemos abrir mão de um banco vital à economia nordestina. Pelo contrário, ele precisa ser fortalecido e ajudar cada vez mais a região.
Como, brasileiro, nordestino, baiano e represente do povo, estou junto na luta para que não se cometa este equívoco. Participei em Fortaleza, representando o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Nelson Leal, da implantação da Frente Parlamentar em Defesa do BNB.
Realizamos sessão especial dia 29 de abril na Assembleia Legislativa e propusemos a produção da Carta da Bahia em Defesa da Bahia, que será encaminhada ao Congresso Nacional e ao governo federal, e a criação da Frente Parlamentar em Defesa das Instituições do Nordeste, como SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) e BNB, fundamentais ao desenvolvimento regional.
Tenho certeza que a união multipartidária de governadores, deputados federais e estaduais, senadores, setor produtivo, trabalhadores e entidades será o grande trunfo que teremos para evitar que nossa região perca o BNB, patrimônio do Nordeste.
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