No enterro do irmão Vavá, só o presidiário Lula foi lembrado por oradores e corneteiros, escreve Augusto Nunes:
É tão avassaladora a paixão de Lula por Lula, é tão gigantesco o seu
ego, que não sobra espaço para outros afetos reais. Lula só ama Lula. E
faz apenas o que acha que o deixa melhor no retrato.
O presidiário mais conhecido do Brasil não estava interessado em
despedir-se do irmão Vavá, nem em rever parentes que nunca visitou
quando estava em liberdade. O que o explorador de cadáveres queria era
fazer outro comício à beira do caixão. Como faltou palanque, preferiu
faltar ao encontro com a família em São Bernardo.
No cemitério, falaram por ele Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad.
Ambos atacaram o ministro Sergio Moro e a crueldade dos juízes que, na
versão da dupla, perseguem o chefe. Nenhum deles mencionou uma única vez
o nome de Vavá. No lugar do toque de silêncio, dois corneteiros
sopraram a musiquinha “Lula, lá”.
Pela primeira vez, o morto fez o papel de figurante no próprio velório.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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