quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Novo líder do governo, Bezerra é acusado de receber propina em obras contra seca


O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), em comissão de Senado Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/19-02-2019
Bezerra, do MDB, é acusado, mas não corre risco de condenação
Aguirre Talento
O Globo

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), escolhido como novo líder do governo Bolsonaro, já foi delatado na Lava-Jato pelas empreiteiras Odebrecht e Galvão Engenharia sob acusação de receber propina de obras contra a seca, referente ao período em que foi ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff. Por causa desses fatos, o senador é investigado em um inquérito iniciado no Supremo Tribunal Federal (STF) e remetido à primeira instância.
Em sua delação premiada, João Pacífico, ex-executivo da Odebrecht, afirmou que se reuniu pessoalmente com Bezerra no Ministério da Integração em 2013 para saber se havia disponibilidade orçamentária do governo federal para concluir as obras do Canal do Sertão em Alagoas, tocadas pela Odebrecht. Na conversa, ele teria lhe pedido doações para a campanha.
DINHEIRO VIVO – Segundo Pacífico, a Odebrecht repassou, então, R$ 1 milhão em dinheiro vivo para um interlocutor de Fernando Bezerra em Pernambuco, por meio de três entregas feitas entre agosto de 2013 e setembro de 2014 a um aliado seu, Iran Padilha. “Os valores foram pagos na cidade de Recife/PE, utilizando-se de uma casa de câmbio denominada Monaco”, relatou Pacífico.
Em outra delação premiada, do ex-diretor da Galvão Engenharia Jorge Henrique Marques Valença, Bezerra também foi acusado de receber um percentual de propina referente a contratos do Departamento Nacional de Obras contra a Seca. Segundo Valença, Bezerra era beneficiário de um percentual de propina equivalente a 1,66% do valor da obra, e os recursos eram pagos em dinheiro vivo ao mesmo aliado, Iran Padilha. Neste caso, as entregas eram em Fortaleza.
“Iran Padilha a partir dali comparecia em pessoa, de forma mensal ou bimensal, em Fortaleza, encontrando o declarante no segundo andar do estabelecimento Empório do Pão, no shopping Pátio Dom Luís, onde o declarante lhe entregava o valor em espécie”, afirmou Valença em sua delação.
DOIS INQUÉRITOS – Bezerra é investigado em ao menos dois inquéritos — um sobre as obras da seca e outro um sobre irregularidades envolvendo a Arena Pernambuco. O STF arquivou um inquérito sobre repasses de caixa dois da Odebrecht em 2010 e rejeitou uma denúncia movida contra ele sob acusação de receber propina das obras da refinaria Abreu e Lima, movida com base na delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Procurada, a defesa de Bezerra, feita pelo advogado criminalista André Callegari, afirmou esperar que esses inquéritos também sejam arquivados. “A defesa acredita que essas investigações terão o mesmo deslinde da ação penal 4005-STF, ou seja, serão refutadas na integralidade tendo em vista que estão alicerçadas única e exclusivamente na palavra dos colaboradores, sem qualquer outro elemento de prova”, afirmou em nota.

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